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Já pensou se, em meio à febre sempre atual de apps, existisse um aplicativo de bombeiros por demanda? A desenvolvedora Muse Games com certeza pensou o mesmo, agora oferecendo Embr, um novo título que coloca o jogador no papel de um bombeiro salva vidas. Contratado através de um aplicativo, sua missão é responder às chamadas e salvar o máximo de clientes, além de encontrar outras maneiras de ganhar dinheiro e avaliações positivas. É um conceito extremamente divertido que exige uma execução que faça jus às suas ideias.

Um jogo como esse pede para ser experimentado com amigos, mesmo que ofereça a possibilidade de ser jogado sozinho. A graça está no caos das situações encontradas, exigindo muita coordenação e cooperação para se atingir os melhores resultados ao final do dia. Portanto, pode-se dizer que o grau de aproveitamento do jogo dependerá da disponibilidade de um grupo para jogá-lo, preferencialmente de amigos que já estejam à vontade para desfrutar de uma boa sessão de jogatina juntos.

Apagando o fogo

Embr segue uma estrutura bastante similar à de jogos como Overcooked, com uma variedade de missões distribuídas através de um mapa e bloqueadas atrás de um número de boas avaliações necessárias em situações anteriores. São três regiões: Bedbugstuy, Prospect Flats e Upper North Side. Cada uma delas contém tarefas com variados níveis de perigo e dificuldade, determinando diferentes objetivos a serem completados durante as fases e oferecendo outras maneiras de se conseguir dinheiro. As missões primárias são geralmente reformulações dos mesmos objetivos: salvar clientes e coletar a grana.

Embr
Apagando o fogo em grupo.

As missões intermediárias, desbloqueadas entre uma área e outra, são as melhores, geralmente envolvendo fugas frenéticas de locais consumidos pelas chamas. A primeira delas envolve uma escapada emocionante de um hotel prestes a ser totalmente incendiado, exigindo uma criativa solução dos obstáculos: um elevador está cercado por fogo e depende de energia elétrica para funcionar, sem um interruptor à vista. Outro nível nos coloca em uma fábrica onde a locomoção é dificultada por barris e outros objetos. Estas fases exigem bastante perspicácia para serem superadas.

Algo louvável em Embr é a flexibilidade com que se resolvem as fases, deixando claro que conseguir uma avaliação de cinco estrelas – ou foguinhos – nem sempre é o ponto. Há diferentes graus com que se completam os objetivos principais e existem variadas metas que podem ser escolhidas antes de iniciar cada fase, como Demolição (quebrar o máximo de propriedade possível) e o oposto, com Pouco Dano à Propriedade. Cada uma dessas metas concede ao jogador uma moeda especial, que pode ser usada junto com dinheiro para adquirir novos equipamentos e upgrades.

É uma pena, no entanto, que a execução técnica do jogo fique tão aquém de suas ideias. Construído na engine Unity, o título roda a apenas 30fps através da retrocompatibilidade, o que é surpreendente considerando que seus gráficos são extremamente simplórios, com geometrias muito básicas para seus ambientes e personagens. O que piora ainda mais o aproveitamento do jogo são seus controles imprecisos, que acabam ainda mais prejudicados pela taxa de quadros. A execução de simples tarefas, como subir uma escada ou carregar um item, torna-se mais complicada do que deveria, levantando a seguinte dúvida: será que é tudo parte do senso de humor caótico do jogo? Ainda assim, a jogatina é muito menos prazerosa.

Embr
O gancho pode ser desbloqueado na loja.

Fica claro que, apesar do desempenho técnico que torna o jogo impreciso – e que pode afetar seriamente a jogatina online de muitos -, a diversão de Embr deve ser apreciada entre amigos. Jogar sozinho tira toda a graça das missões, mesmo que seja possível superá-las. Seus problemas técnicos são significativos o bastante para incentivar a espera por futuras otimizações, principalmente por uma implementação dos novos consoles que permita o jogo atingir a taxa de 60 quadros por segundo. Em seu estado atual, o título é decepcionante em suas limitações.

Melhor com amigos

Por fim, outro aspecto que incomodou no jogo foi a dificuldade em achar partidas online em seu período de pré-lançamento – algo que pode melhorar com sua estreia. Criar salas com outros jogadores não é nada prático, e sabe-se lá se o título vai encontrar seu público cativo para manter a jogatina multiplayer viva. Talvez seja mais fácil organizar entre amigos, contanto que todos tenham acesso ao game. Isso tudo vai depender de seu alcance, e são variáveis que nem todos estão dispostos a encarar ao escolher um jogo. 

O que torna Embr tão frustrante é a disparidade entre a criatividade de seu conceito e a execução técnica das ideias. Entre os lançamentos recentes da distribuidora Curve Digital, Peaky Blinders: Mastermind foi uma grata surpresa capaz de conciliar sua ambição conceitual com uma execução competente, sendo um pequeno grande jogo. Contudo, este jogo da Muse Games acaba ficando mais na promessa, dependendo da disponibilidade do modo multiplayer para realmente atingir todo seu potencial de diversão, e mesmo assim decepciona tecnicamente, com limitações difíceis de ignorar.

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