Entrar no universo de Edens Zero é mergulhar em uma aventura espacial repleta de ação, emoção e nostalgia, características marcantes do trabalho de Hiro Mashima. O jogo, lançado pela Konami em julho de 2025, apresenta uma experiência que busca capturar toda a fantasia e intensidade do mangá e anime original, ao mesmo tempo em que expande esta jornada com conteúdos inéditos e mecânicas de RPG pensadas para fãs e novatos que decidiram embarcar nessa viagem pelo espaço ao lado de Shiki Granbell.
O trabalho com essa adaptação de Edens Zero conseguiu reviver o engajamento das comunidades que acompanham o trabalho de Hiro Mashima, com debates sobre suas possíveis conexões com outros universos, conhecido como Mashimaverso, fortalecendo o elo entre as franquias do autor e consolidando seu legado para o universo dos animês e mangás, agora expandido para os games também.

Com foco nos fãs, Edens Zero consegue respeitar a essência do mangá de Hiro Mashima, mas o maior destaque fica para a inclusão de missões, diálogos e uma história exclusiva desenvolvida especialmente para o jogo, com envolvimento direto do próprio mangaká. Novos inimigos, aliados e desdobramentos inéditos expandem o lore da franquia, criando mistério e estimulando a exploração dentro do vasto cosmos apresentado. O conteúdo especial, com o crossover inédito de Fairy Tail 100 Years Quest, outro sucesso criado por Mashima, entrega um imenso de fan service e estende ainda mais as possibilidades narrativas, aproximando os universos criados pelo autor de maneiras nunca vistas antes nos animes ou mangás.
Um jogo com coração e foco nos fãs
A narrativa do jogo acompanha fielmente a trajetória de Shiki, o garoto criado por máquinas no Planeta Granbell, e sua busca pela deusa Mãe, navegando por planetas, formando alianças e enfrentando adversários carismáticos. Essa fidelidade é visível ao recontar os arcos iniciais da obra, apresentando momentos emblemáticos e permitindo que o jogador vivencie os principais eventos do animê, ao lado de figuras já conhecidas como Rebecca, Happy, Weisz, Homura e diversos antagonistas. A construção narrativa, embora precise condensar determinadas passagens do original, encontra equilíbrio ao priorizar batalhas e encontros cruciais, sem afastar o público menos familiarizado com a franquia.

Em termos de direção de arte, Edens Zero mantém o padrão das adaptações de animê para os consoles e aposta num visual cel shading inspirado nos traços do mangá. No entanto, com todo poder de processamento do PS5, os modelos icônicos dos planetas, cenários e, principalmente, personagens acabam se apresentando com visual que lembram versões de jogos estilo gatcha, resultando em algo que parece ter sido simplificado e pouco detalhado. O mundo aberto de Blue Garden, por exemplo, surpreende pelo tamanho, mas sofre com a sensação de vazio e o uso excessivo de texturas repetitivas. Tudo parece igual e os objetos surgem subitamente, com efeito pop-in, com leves quedas de taxa de quadros, especialmente em áreas amplas, comprometendo ainda mais a experiência visual.
O elenco de personagens jogáveis é variado, cada um com habilidades únicas e uma árvore de desenvolvimento própria, o que incentiva experimentação e personalização. A fidelidade no design dos protagonistas é um dos principais atrativos, enquanto os vilões não possuem tanto destaque e os NPCs apresentam traços genéricos pouco trabalhados, colocados apenas para preencher. A customização da sua party é generosa, com mais de 700 itens que permitem ao jogador alterar aparência e status, além do recurso que separa skins com efeitos apenas visuais das alterações nos status, algo que valoriza o apelo estético da série original sem prejudicar a eficiência na campanha e história.

Para quem acompanhou a história original, revisitar arcos como Digitalis e Sun Jewel, enfrentar Drakken Joe, Kurenai e Ziggy, fazem de Edens Zero um espetáculo. Ainda mais quando temos um crossover com a chance de encontrar Natsu e Lucy, além de conhecer um vilão exclusivo por conta de uma missão sobre uma misteriosa organização, simplesmente após avançarmos na história principal e atingir o nível de aventureiro necessário. Também vamos conhecer Maruha, outra personagem exclusiva que faz parte da guilda Luz do Cometa, que requisita ajuda do grupo para investigar sobre um criminoso que não deveria existir, numa referência ao início clássico de Fairy Tail.
Ao completar essa missão, ainda mais customizáveis são desbloqueados, permitindo equipar Shiki com o traje do Natsu e Rebecca com a roupa clássica da Lucy. Essa e outras recompensas durante todo o jogo são generosas e valem o tempo investido na exploração, por mais que tenhamos muitos momentos de labirintos e corredores dentro de espaços mais abertos, numa pegada de jogo que parece ser para PS3, numa proposta de experiência que foca em direcionar o gameplay e pega mais na mão do jogador para conseguir contar todas essas histórias.

Para quem conhece Edens Zero, a trilha sonora ressalta o clima de aventura espacial e mantém o ritmo das batalhas. Embora não entregue clímax marcantes ou inovadores, assim como a animação consegue fazer e que aprendeu muito bem com Fairy Tail, mesmo com temas repetitivos, o jogo consegue cumprir bem o papel de envolver o jogador e destaca momentos de tensão, com destaque para o momento de descoberta de novos planetas ou ameaças principais.
Você é um humano e nós somos máquinas
Como RPG de ação, o jogo aposta em batalhas dinâmicas, alternando entre ataques leves, pesados, movimentos especiais e esquivas. Detalhe importante que, mesmo com tutorial bem feito, nem tudo fica claro sobre o que você pode fazer em combate. Cada membro do grupo pode ser selecionado em batalha, favorecendo estratégias e combos, além de um sistema de habilidades especiais e buffs, conhecido como Ether Gear, que adicionam componentes táticos interessantes, tornando possível executar ataques devastadores ao acumular energia.

No entanto, o combate acaba ficando fácil e repetitivo após as primeiras horas, tendo em mente que o jogo possui cerca de 20 horas, por conta da simplicidade dos controles e falta de estratégia. O trabalho em equipe, embora sugerido por conta dos demais personagens que vamos encontrado, acaba sendo limitado por conta da decisão dos desenvolvedores em colocar em combate somente um personagem para ser controlado, frustrando expectativas de ações simultâneas entre os membros do grupo e exigindo que você utilize os direcionais para alternar entre eles.
Talvez a simplicidade dos controles e limitação de um personagem por vez na arena de combate sejam estratégias para um público mais jovem. Outro ponto que corrobora essa conclusão são os controles acessíveis, com curva de aprendizado muito acelerada nos primeiros dez minutos de jogo, fazendo com que o jogador consiga domina todas as funções essenciais para o personagem em controle. Por ser um RPG de ação, com muitas opções de customização, essa decisão na dificuldade durante a história principal e a acessibilidade no gameplay acabam não combinando perfeitamente, podendo fazer com que ele seja simplista demais para veteranos do gênero.

Edens Zero consegue entregar uma aventura voltada para quem já aprecia a franquia, valorizando a nostalgia e o fan service. Ainda que tem aquele “quê” de jogo datado, mas mantém um estilo estabelecido e já conhecido no mercado de adaptações de animê, sem apostar em nenhuma fórmula revolucionária, o trabalho da Konami consegue apresentar uma adaptação competente, ampliar com material inédito e um universo expansivo que, apesar das limitações, diverte e mantém vivo o espírito épico da obra de Hiro Mashima.
Prós:
🔺Fidelidade à obra original
🔺Conteúdo inédito e o envolvimento de Hiro Mashima
🔺Muito conteúdo para customização
🔺Exploração aberta aprofunda o conteúdo original
🔺Divertido e simples de jogar
🔺Muito fan service
Contras:
🔻Mundo aberto limitado por corredores e paredes invisíveis
🔻Missões secundárias podem ser repetitivas
🔻Simplificação na história e gameplay
🔻Jogo curto pela quantidade de conteúdo para explorar
Ficha Técnica:
Lançamento: 15/07/25
Desenvolvedora: Konami
Distribuidora: Konami
Plataformas: PC, Xbox, PS5
Testado no: PS5


