Review – Eden Genesis

Eu preciso começar essa análise dizendo que me considero um cara com a mente equilibrada, difícil algo me tirar do sério, mas como eu passei raiva em Eden Genesis, minha nossa! Mais sobre isso abaixo. O novo título do Aeternum Game Studios é bem diferente de Aeterna Noctis e Summum Aeterna, dois jogos que analisei aqui pro Gamerview e gostei. Os meus olhos estão voltados para Aeterna Lucis, o próximo jogo do estúdio, que ainda não tem data de lançamento.

Dito isso, eu entrei em Eden Genesis sem saber o que esperar, eu não tinha visto nada sobre o jogo, mas por saber quem eram os desenvolvedores, fiquei na expectativa de algo parecido, e como me enganei. Diferente do gênero metroidvania e roguelite dos outros dois jogos, o novo game tem foco em fases de plataforma com muita velocidade e precisão, e alto nível de dificuldade.

História intrigante e com bom desenvolvimento

O jogo se passa em um futuro cyberpunk (que não é minha ambientação favorita), contando a história de Leah, uma ciborgue, que está se candidatando para um experimento tecnológico na tentativa de conseguir uma cura para sua doença. Isso envolve uma viagem no profundo de sua mente, precisando destruir nódulos e avançar em seu tratamento.

A narrativa é contada através de algumas poucas cutscenes com imagens paradas e vozes, além de momentos conversando com NPCs no estilo RPG. A interpretação de Leah é boa, a atriz fez um bom trabalho, mas só ela se destaca, com os outros personagens do jogo ficando com vozes superficiais e sem vida, às vezes bem canastrona (não sei se foi a intenção dos desenvolvedores). Aos jogadores brasileiros que não dominam o inglês, não existe legenda PT-BR.

O foco de Eden Genesis são as fases, mas a história vai avançando conforme você avança e supera os desafios. Esse elemento se desenrola sem qualquer complexidade, tudo é muito simples, mas devo dizer que o jogo tem uma história boa, com momentos de reflexão, críticas sociais, e por ser um game relativamente curto, a história não se arrasta.

Eden Genesis o desafiará até seus limites

O gameplay é o foco do novo jogo do Aeternum Game Studios. O game é um side-scroller 2D clássico, com grande ênfase em plataforma e poucos momentos de combate. Leah corre, executa múltiplos pulos no ar (já que o foco é plataforma), dash no chão e aéreo, ataca, corre nas paredes e tetos, uma verdadeira ninja, sem ser uma ninja.

O gameplay exige reflexos rápidos, principalmente da segunda metade até o final, com fases incrivelmente difíceis, com momentos em que você precisa saltar entre plataformas, tendo em mente quantos saltos no ar gastou, emendando em um ataque contra um inimigo para recuperar um salto, correr pelo teto para cair a salvo na plataforma, isso se você não esbarrar na armadilha a frente.

É mais difícil do que eu tentei fazer parecer com os caracteres digitados aqui. De início, o gameplay já apresenta um nível relativamente alto de dificuldade. Provavelmente você se frustrará com sua possível incapacidade de avançar em fases iniciais. Porém logo pega o jeito, pega o gosto e entende a proposta do jogo, então começa a ficar prazeroso vencer os desafios.

Até que o jogo vem com um grande balde de água fria no final, com fases incrivelmente difíceis, onde cada milímetro conta, e preciso comentar sobre isso. Esse tipo de jogo precisa ter uma resposta de comandos e hitboxes muito bem definidos. Eu senti que, dependendo do nível da ação acontecendo, alguns comandos não respondem na hora, o timing é difícil e isso lhe custará uma tentativa.

Além disso, em fases com armadilhas (que são várias), existem pontos de toque onde, aparentemente, é possível ir, mas você será punido pela armadilha, embora ela não chegue até aquele ponto exato em que você tentou alcançar. Já não basta o algo nível de dificuldade e ainda tem esse fator que vai atrapalhar os jogadores em momentos muito específicos.

O mundo cyberpunk virtual

O mundo de Eden Genesis é simples. São sete áreas, algumas com mais fases que outras, que são destravadas ao conseguir atingir notas S (sim, bem alta) para que você consiga avançar. Cada nova região exige uma quantidade de notas S e, no começo, você é obrigado a conseguir esse resultado em todas as fases. Mais para o final, existe uma certa folga, mas ainda é pouca.

Ou seja, é bem desafiador avançar no jogo. Você pode andar pelo mapa, onde encontrará NPCs para interagir, alguns locais com interações extras, e as portas com as fases. Ao entrar em uma delas, você pode sair e conseguirá acessá-las pelo menu, eliminando a necessidade de ficar andando pelo mapa atrás de cada uma das fases.

Nas primeiras regiões, tudo é ok, algumas fases são mais escondidas, vão exigir alguns “wall running” e pulos precisos, mas dá para conseguir. Já as duas últimas regiões oferecem bastante dificuldade só para encontrar as fases em si, imagina as próprias fases! Existem algumas missões extras que destravam caso você consiga determinado número de S+, algo muito difícil.

Há ainda colecionáveis, como disquetes e cartuchos de SNES espalhados pelo mapa, que vão oferecer mais sobre a lore do jogo. Eden Genesis é recheado de easter eggs envolvendo outros jogos, eu acho que consegui perceber todos. Boa sacada dos desenvolvedores. Leah tem umas interações legais com alguns desses aspectos, ponto positivo também.

Veredito

O jogo tem seus pontos positivos, é uma proposta interessante, até bem feita, mas precisa de ajustes finos e pensar na acessibilidade também. Na página do jogo no Steam, os desenvolvedores falam que “qualquer jogador conseguirá chegar no fim do jogo e completar a história principal e inúmeras fases secundárias”, mas não tem como concordar com isso.

Veja, eu sou gamer já de algumas décadas, sou fissurado por soulslike e metroidvania, jogos bastante desafiadores, tenho muitíssimas horas de jogos nesses estilos, mas Eden Genesis, ao meu ver, oferece uma progressão de dificuldade injusta. O final do jogo beira o impossível. Das últimas fases que não direi quantas são, só consegui o S em uma delas, e em outra nem entendi como prossegue. Para mim é uma falha de design, porque mesmo difícil, eu estava avançando. Ou seja, não terminei o jogo.

Eden Genesis é curto, mesmo com todas as dificuldades enfrentadas, cheguei bem no finalzinho com 8 horas de jogo. Se você for extremamente habilidoso, terminará ainda antes. A minha frustração, é que eu estava achando interessante, eu realmente queria ver o desfecho da história, já que aparece um dilema interessante no final, mas não tive paciência para o nível de dificuldade apresentada no final. Essa é a primeira vez que falo algo do tipo em uma análise.

Eu vou continuar tentando, talvez aconteça atualizações amenizando a dificuldade, ou ajustando alguns comandos e hitboxes, não sei, mas em algum momento terminarei esse jogo, só não agora para essa review, o que é frustrante de certa forma.