Num mundo em que “What if…” está cada vez mais em alta, o que aconteceria se Warcraft e League of Legends fossem reunidos em um único jogo? Essa pergunta nunca foi tão fácil de ser respondida. Simples! Ele existe e se chama Dungeons 3, desenvolvido pela Realmforge Studios, que chega aos consoles quase cinco anos após o lançamento da sua versão para PC.
Infelizmente não tive a oportunidade de jogar os outros dois anteriores, mas percebi duas coisas importantes: este não é um título para qualquer tipo de gamer e, o mais crítico, talvez jogos desse tipo não funcionem muito bem em consoles.
Continue a cavar até enjoar!
Prepare-se para assumir o controle num jogo de gerenciamento de masmorra, quase um simulador em que você será o Dungeon Master, ou o famoso “Mestre” nos RPG de mesa. Controlando sua sombra através dos temíveis mares, o grande Dungeon Lord possui uma nova missão para quebrar a monotonia em sua vida: buscar um poderoso guerreiro para seduzir e apoderar-se, em busca da conquista de novas terras.
Thalya, a Elfa Negra e Sacerdotisa, filha do grande paladino de Twistram, acaba sendo seduzida e será controlada por nós no papel do Dungeon Lord. Após uma sequência inicial, com diversas piadas forçadíssimas, temos a missão de avassalar a terra superior, habitada por humanos, enquanto construímos nossa masmorra no nível inferior.
Com um começo bem lento, piadas bobas e sem graças, sem tutoriais ou apoio, você acompanha uma sequência de imagens que remontam o background do Dungeon Lord e de Thalya, até controlar sua sombra em busca da elfa.
Quando começamos a jogar de fato, diversos comandos aparecem listados na HUD, mas ainda não estão disponíveis para nós. Assim como muitos itens no menu ficam aparentes e não ativos, deixando aquela sensação de que não sabemos para onde ir a não ser clicar (usando o controle e botões ou tela de toque do Switch) para fazer o personagem se deslocar.
Apoiando-se apenas na narração em off para comentar a direção em que devemos seguir ou o que temos que fazer, tudo em inglês (sem legendas em PT-BR), temos um início árduo e complexo demais. Para a minha surpresa, as primeiras cinco missões seguem este padrão: piadinhas, narração em off, algumas ordens em meio à narrativa, pouquíssimo apoio para desenrolar sua ação.
A princípio eu achava estar enganado, muito de Dungeons 3 baseia-se em cavar, abrir espaços para criar salas e desenvolver seu exército. Para a minha surpresa, a base do jogo possui este looping de início ao fim, porém o problema é controlar tudo com o analógico esquerdo, transformado hora em um indicador (setinha) outra como a mão do Dungeon Lord. Nas primeiras missões, depois de mais de uma hora cavando foi que percebi que poderia explorar outras áreas na superfície em busca de alguns objetivos, mas ainda sem exército.
League of “morra e tente outra vez”
Se a referência à Warcraft fica pela narrativa, estética e como controlamos nossos personagens pelo mundinho de Twistram, acredito que ter as mecânicas de League of Legend não foi uma das melhores escolhas. Diferente de LoL, em que você possui uma outra pegada de gameplay, Dungeons 3 aposta na ideia de defender o nexus, aqui chamada de Coração da Masmorra, enquanto cria sua masmorra e exército.
O problema é que esta mecânica de LoL dentro de Dungeons 3 acaba sendo repetitiva quando você possui um mapa muito maior, não estruturado para que esse looping aconteça e, principalmente, aposte apenas no seu principal personagem para começar essa jornada, já que de início você possui apenas alguns minions com foco em construção.
Diferente do conteúdo extra que vem nesta versão de Switch, “Once Upon a Time”, “Evil of the Caribbean”, “Lord of the Kings”, em que são paródias de franquias conhecidas e que você já começa com muito conteúdo à mão para agilizar o começo e partir para a parte mais legal criada pela Realmforge Studios, que é massacrar o inimigo das formas mais criativas, o erro em Dungeons 3 é trazer um “Modo Campanha” estampado no topo do menu para primeira escolha.
Fuja das vinte missões que a narrativa ao redor da jornada de Thalya reserva para você e vá para o modo multiplayer ou Skirmish, além dos conteúdos extras, para pular toda lentidão enfadonha para partir diretamente para a porradaria desenfreada. A pior escolha dos desenvolvedores é criar um sistema para você desenvolver sua própria dungeon, mas com todas as amarras possíveis que deixarão você irritado a cada etapa.
Errou feio, errou rude!
Não me apego ao detalhe de ser um jogo levemente datado, seja pelas escolhas do modo história, missões repetitivas, pelos péssimos controles ou até mesmo pelos gráficos, que por mais simples que sejam não rodam bem no Switch. No entanto, a combinação de atalhos, combinando diversos botões, o uso da seta (como se fosse um mouse) acompanhado da mão do Dungeon Lord, e diversos menus mostram que, mesmo com a tela de toque do Switch o port é deficitário.
Tudo dificulta demais a jogabilidade, seja para selecionar o personagem desejado, executar uma ação, navegar rapidamente pelo mapa (que existe apenas em sua versão mini, na ponta esquerda inferior) ou até mesmo resolver certos combates que surgem ao longo da dungeon. A única coisa fácil neste jogo é a construção da masmorra, mas mesmo assim ainda sofre bastante freezings e queda de taxa de frame quando executada com muitas ações ao mesmo tempo.
Mesmo quando os desenvolvedores acertam no look and feel dos cenários e masmorras, assim como a quantidade de exércitos seguidores do Dungeon Lord, que vão desde orcs à vampiros, além da imensa quantidade de ataques, armas, salas e armadilhas, tudo você precisará descobrir na tentativa e erro. Nada será apresentado ou indicado para você, exigindo muita dedicação e esforço do jogador.
Divertido de jogar, quando você investe diversas horas para entender e explorar tudo o que pode fazer, saindo do looping de derrota que existe nas primeiras várias etapas do jogo, Dungeons 3 falha ao construir histórias galhofas e não tão engraçada como os desenvolvedores imaginavam, mesmo tendo um excelente narrador, e peca em sua versão para Switch.
Talvez no PC e apostando apenas no conteúdo que não insiste em construir uma jornada fraca e lenta, oferecendo todo o potencial logo de cara, esse possa ser um jogo viável.