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Nota: Este texto refere-se a um conteúdo digital de Dragon Age Origins. Para experiênciá-lo é necessário possuir o jogo principal

De acordo com a descrição feita pela BioWare, Witch Hunt, último DLC de Dragon Age Origins, seria aquele que responderia todas as questões em torno da enigmática Morrigan, amarrando e fechando os acontecimentos do jogo principal. Infelizmente, promessas nem sempre são cumpridas.

Perto do fim de DAO, certas decisões que envolvem Morrigan têm de ser tomadas e, dependendo de sua escolha, consequências diferentes surgem. A premissa de Witch Hunt se dá em cima desse arco da história, tendo início com o seu Grey Warden procurando pela feiticeira e descobrindo que ela foi recentemente vista por um clã de elfos. Nessa busca, seu personagem, com exceção de seu cachorro, não é acompanhado por nenhum dos companheiros da aventura original, independente do fato de que é possível que alguns deles estivessem envolvidos amorosamente com o Warden ou que apenas tivessem resolvido que iriam acompanhá-lo em suas viagens. Ao invés disso, você acaba conhecendo a elfa Ariane e o mago Finn, mas é difícil que você consiga lembrar do nome deles ao fim do DLC. Não apenas pelo fato do conteúdo durar cerca de uma hora e meia, mas também por se tratarem de personagens que servem mais como remendo, apenas para que você tenha uma equipe ao seu lado. Nenhum comenta ou o reconhece como o salvador de Ferelden, ambos não apresentam árvores de diálogos e, tirando definir Finn como “irritante”, eles são desprovidos de personalidade.

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Porém, se algo positivo pode ser dito sobre isso, é que essa característica de “remendo” apresenta consistência com Witch Hunt, no sentido de que noventa por cento do conteúdo parece servir apenas como tapa-buraco. Você irá visitar quatro locais que foram reutilizados de Origins, que não oferecem nada de interessante para ser visto. Até mesmo as batalhas, antes desafiadoras e táticas, foram estranhamente facilitadas. Os inimigos estão todos fracos, não oferecendo nenhuma resistência, podendo ser derrotados sem sequer ser necessário usar habilidades. Agora, se por alguma razão você se encontrar em um aperto, existe uma quantidade tão abundante de poções de excelente qualidade espalhadas por todos os lugares que será impossível que você corra algum perigo. Por causa disso, tudo que você fará será ir até esses locais e clicar naquilo que é necessário, sem dar muita atenção ao que está fazendo.

É só depois disso, e de lutar contra um chefe igualmente fácil e sem graça, que você poderá confrontar Morrigan. Aqueles que jogaram Origins devem concordar que ela era uma personagem incrível. Sua personalidade era bem desenvolvida e profunda, e suas falas eram originais e bem escritas. É por isso que é tão mais decepcionante que esse encontro esteja sendo chamado pela Bioware como o fechamento de tudo. Na pior das hipóteses, dependendo de como era seu relacionamento com a feiticeira no jogo principal, sua conversa com ela deverá durar cerca de um minuto. Mas, mesmo que esse não seja o caso, o diálogo é insípido e desprovido de impacto – mesmo que, diferente de como se deu anteriormente, agora seja possível alcançar algo que poderia ser chamado de um final feliz ao lado de Morrigan. Independente daquilo que você escolher, nenhum tipo de esclarecimento é oferecido no encontro; tudo que há são referências bastante brandas sobre o que há por vir em Dragon Age 2, com leves menções sobre o papel que Flemeth desempenhará na continuação. Isso dá ao DLC um caráter de ser só um teaser disfarçado de jogo – e pior, um teaser pago. Uma vez que a conversa chega ao fim, os créditos começam a rolar abruptamente, sem que nada mais seja dito sobre seu Warden ou aqueles que o acompanhavam.

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A sensação que tive ao terminar Witch Hunt foi a de ter jogado algo incompleto e desnecessário. O epílogo obtido na aventura principal não pedia por esse suposto fechamento oferecido pelo DLC, que de quebra diminui um pouco o impacto dos eventos vivenciados no jogo original. Quanto ao sentimento de incompletude, existem razões para crer que parte do conteúdo planejado foi cortado; além do final inexistente, logo no começo uma entidade menciona que ela jamais verá Finn novamente, o que parece deixar implícito que a morte do mago seria breve e inevitável. Tal fato, no entanto, jamais é citado novamente. Como se isso tudo não fosse o bastante, existe no momento um bug que está afetando parte dos jogadores, que faz com que Morrigan não reconheça certas escolhas tomadas em Origins.

Se o propósito de Witch Hunt era fechar Dragon Age Origins, teria sido melhor deixar tudo escancarado. O conteúdo não oferece fatos inovadores e interessantes sobre Morrigan, e seus momentos de jogabilidade servem meramente como tapa-buracos, sem mostrar nada daquilo que faz o jogo original ser desafiador, instigante e viciante.