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O jogo Disgaea 7: Vows of the Virtueless carrega consigo uma grande responsabilidade, que é de tirar o gosto amargo que ficou em seu antecessor. Como falamos aqui, o formato tridimensional não tinha se encaixado muito e nem mesmo tinha todos os recursos que vimos em D5 e nos anteriores. Porém, estes dias ficaram para trás e a Nippon Ichi Software fez a sua lição de casa e trouxe uma experiência mais consistente.

Sendo muito honesto com vocês, jogar este novo título me trouxe de volta os bons tempos da franquia – repleta de recursos, com muita diversão e humor, além de um gameplay que não fica nada para baixo disso. Confesso que tive receio de que eles tivessem perdido a mão, mas esse não foi o caso e pode mergulhar de cabeça no Netherworld para iniciar a sua jornada ao lado de Fuji e Pirilika.

Essa dupla é ótima dentro das cenas

Charme e humor em Disgaea 7

Devo começar falando para vocês que um dos elementos que mais me cativou em Disgaea 7, de tudo o que vi, foi a sua diversão. Sim, caros leitores, eu sei que a NIS traz uma estratégia extremamente complexa e cheia de nuances no RPG, assim como também tenho conhecimento que seus novos recursos adicionam uma camada extra de tempero para os combates de forma que ninguém conseguirá jogar os próximos sem se questionar como eles devem melhorar ainda mais o gênero. Porém, não teve jeito – mesmo com tudo isso em jogo – e o seu charme que realmente salta aos olhos.

O jeito malandro de Fuji, as histórias sem o menor cabimento de Pirilika e todos os demais personagens que se unem ou vão contra o seu bando carregam uma boa dose de humor que torna tudo ainda mais gostoso de se explorar. Não tenho definição para as risadas que dei com as tentativas de Pirilika de criar um background triste para os vilões, só para citar algumas situações em que ao menos um sorriso escapará.

Fuji pode ser malandro, mas ele faz o seu serviço

Já que falei do roteiro, ele é tão previsível que dói. Porém, o charme destes personagens é o que realmente dá uma boa mudança do que foi visto anteriormente e você passa a acompanhar a jornada não mais pelo fio narrativo, mas para ver como eles agirão conforme avançam. Se vão conseguir as sete armas da origem ou se vão restaurar o Bushido, quem liga? O importante é como eles crescerão juntos até lá.

Não vou falar que os demais elementos de Disgaea 7 não chamam a atenção por conta própria, mas tínhamos de destacar isso – já que é um dos pontos mais difíceis de se acertar quando se trabalha com tantos clichês e personagens que você terá certeza de que saiu de algum anime, mas não lembra qual. Enquanto os outros eu até pulava algumas cenas, por sentir que algumas coisas eram bem “forçadas”, esse me fez decidir acompanhar e ver os diálogos para dar uma risada ou ler algum absurdo divertido.

Isso, combinado com o character design e até mesmo as vozes, forma um pacote completo para até quem desgosta de ver cada capítulo esquecer de pular as cenas. Considerando que não foi incluso algo do gênero nos últimos e nem personagens tão carismáticos assim, achei que quisessem saber que o rumo está mudando e trouxeram a experiência de forma completa dessa vez. O que é ótimo, diga-se de passagem.

Completando o serviço, ele conseguirá a quantia que almeja

Explorando o Netherworld

Se isso não te motivar a dar ao menos uma olhada em Disgaea 7, vamos falar um pouco de como ele é um dos RPGs táticos mais completos dessa geração. Você pode basicamente tudo com os personagens, tanto os pré-definidos pelo enredo ou pelos contratados para seguir com a sua equipe. Mudar e adicionar habilidades, armas e até mesmo a experiência e mana obtidas, nada disso é um entrave, deixando o jogador livre para manter tudo da forma como preferir para encarar os próximos desafios.

Além das fases voltarem a ter bastante criatividade, acabei reparando que os inimigos carregam uma dificuldade um pouco maior do que a vista nos títulos anteriores. Em alguns dos confrontos, ainda no início, percebi que estava apanhando demais para coisas que só esperava que apertasse mais adiante – o que me obrigou a mudar a minha estratégia algumas vezes para manter as vitórias em alta. Isso é bom, já que te tira bastante da zona de conforto e te força a tentar usar outros membros na sua equipe.

Elevaram a dificuldade no início, te obrigando a testar outras fórmulas

Não temos muitas novidades em questão dos itens, mas há novas classes para os jogadores brincarem de formas diferentes dentro do jogo. Ao lado dos clássicos guerreiros, arqueiros, monges, magos e todos os monstros, estão as adições de Maiko, Bandit, Big Eye e Zombie Maiden – cada um com habilidades únicas que vão apimentar ainda mais os confrontos dentro da trama ou do famoso grinding para subir de níveis.

No entanto, o que realmente me saltou aos olhos em Disgaea 7: Vows of the Virtueless foi o Jumbification. Para aqueles não habituados ao termo, ele literalmente faz o seu personagem virar um colosso que fica para fora do espaço da arena e pode mudar em definitivo a maré dos combates. Para a entrada dele, entrou uma nova barra chamada de “Rage” – que enche para cada porrada que leva ou na morte de aliados. No entanto, tome cuidado, já que os seus inimigos também podem utilizá-la.

Outra mecânica que está fazendo a sua estreia é o Hell Mode, que permite acessar o poder principal das armas lendárias e desfere um movimento que causa dano massivo aos oponentes. Inicialmente apenas Fuji consegue utilizá-la, mas depois você encontrará outros personagens que também buscam apoio nesta técnica. Sendo bem honesto, eu achei que ambos seriam mais para “encher de recursos”, mas eles fazem bastante diferença dentro do gameplay e podem trazer a virada de mesa em certas situações.

A Jumbification gera risadas só por existir

Um RPG tático mais do que completo

Volto a afirmar que Disgaea 7, assim como os demais capítulos da franquia, trazem uma experiência tão completa como RPG tático que chega a assustar a quantidade de opções disponíveis. Ainda que você não explore tudo, o que seria um grande erro, elas vão te ajudar de algum modo e permitirão a sua expansão dentro do game. Dá para jogar sem explorar tudo isso, mas não recomendamos.

Na Dark Assembly, como os fãs já são habituados, você consegue debater diretamente contra um tribunal para ganhar mais recursos – seja itens novos na venda in-game ou até dobrar a quantidade de XP nos confrontos. Aqui, eles são revelados como uma batalha de sumô entre os Prinnies e aquele que vencer decidirá se o seu pedido será aceito pelo júri ou não. Óbvio que você poderá influenciar, mas ainda assim diverte.

Junte isso aos grupos que pode formar para as diversas funções possíveis, as Quests, o aumento de níveis dentro das lojas e até mesmo o Juice Bar – que acumula XP e Mana, permitindo que você suba de nível ou conquiste técnicas especiais com ainda mais facilidade – e terá um amplo arsenal de diferentes formatos, tanto de equipe quanto de armas utilizadas pelo seu time. Dá para ter dois personagens da mesma classe e de perfis completamente distintos, o que auxiliará bastante quem curte customizar tudo.

Meu Bandit será completamente diferente do seu conforme avança

Nada é perfeito

Ainda que a experiência de Disgaea 7: Vows of the Virtueless tenha sido agradável a quase tudo que se prestou, a NIS ainda errou feio a mão em alguns aspectos. Graficamente ele está mais belo, com o formato 3D se adaptando melhor para este novo capítulo do que vimos anteriormente. Ainda assim, sua performance é bem triste e acredito que uma atualização deva vir para corrigir diversas falhas nela.

Um dos exemplos que citarei aqui para vocês é os travamentos constantes, em coisas simples. Quando sai de cada fase, por exemplo, o auto-save basicamente congela a sua tela e mantém tudo paralisado até ser finalizado. Isso quando não trava ali e realmente te faz reiniciar o aplicativo para continuar a aventura. Achei incrível como a Nippon Ichi Software, um ano depois de seu lançamento no Japão, não acertou nisso ao trazer o game ao Ocidente. Faltou um pouco mais de empenho.

Também há a questão da demora, que vai incomodar mais os donos de PlayStation 5 do que os demais. No PS4 e Nintendo Switch o público já está acostumado com uma ou outra tela de loading mais longa, mas repetir isso na nova geração de consoles não tem desculpas técnicas. Eu não sei o que houve em seu desenvolvimento, mas ele foi lançado em 2022 no Japão e, se não consertaram isso até os dias atuais, a coisa pode ser mais complicada do que se imagina.

Com o Auto-Save, às vezes você trava antes de chegar aqui

A experiência definitiva

Por mais que eu tenha adorado Disgaea 5: Alliance of Vengeance e tenham tentado – sem muito sucesso – trazer inovações em Defiance of Destiny, acredito que a NIS conseguiu alcançar a experiência suprema da franquia em Disgaea 7: Vows of the Virtueless. Se busca entrar na saga só agora, recomendo que inicie a partir deste, seja por sua amplitude de opções ou pelo carisma apresentado.

Ainda que carregue falhas técnicas, eu acredito fielmente que elas ainda não conseguem ofuscar todos os acertos que enxerguei no novo game. São coisas que uma atualização deve resolver, principalmente porque ainda resta tempo até o seu lançamento no dia 3 de outubro de 2023. No entanto, fique alerta se isso incomoda você de algum modo.

Ao menos a Nippon Ichi Software encontrou o caminho certo de misturar um gameplay de qualidade com a infinidade de recursos e personagens que te motivarão a continuar seguindo a trama. Quantos jogos nós vimos atualmente que não conseguem ao menos atingir um destes elementos? Mesmo com defeitos, não é de se jogar fora e se você curte um RPG tático e o universo dos animes, chegou a hora de investir na experiência.

80 %


Prós:

🔺 Elenco extremamente divertido
🔺 Jumbification e Hell Mode somam bastante ao gameplay
🔺 Amplitude de recursos assusta, mas é muito boa
🔺 É a versão definitiva da franquia nessa geração

Contras:

🔻 Travamentos constantes
🔻 Loadins mais lentos do que o habitual
🔻 Dificuldade muito elevada logo de cara

Ficha Técnica:

Lançamento: 03/10/23
Desenvolvedora: Nippon Ichi Software
Distribuidora: NIS America
Plataformas: PS4, PS5, PC, Switch
Testado no: PS5