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É fácil eu chegar aqui e dizer para vocês que Disgaea 6: Defiance of Destiny é mais do mesmo quando isso é o que mais existe no mundo dos games. FIFA, Call of Duty, Assassin’s Creed e até mesmo uma das minhas paixões deste universo, Pokémon, causam repetições exaustivas no mercado e se utilizam das mesmas fórmulas a cada novo lançamento. Voltando ao SRPG, isso ocorre neste novo título também.

Surgindo no Nintendo Switch como um eco do quinto game da franquia, ele traz algumas adições interessantes e inclusive um novo visual para aquecer o público para os próximos passos. Porém, repetindo a mesma tonalidade que os fãs antigos já estão cansados de conhecer, ele soa como se houvessem apenas dois principais objetivos com a sua chegada: atingir novos fãs e agir como um “teste” para o que poderá ser feito nas futuras sequências.

Uma aventura para novatos

Quando revelaram Disgaea 6: Defiance of Destiny, confesso que fiquei muito empolgado. Tinha jogado o quinto jogo exaustivamente, completando quase 100h de diversão. Porém, ao pegar o lançamento, a maior sensação que fica é a de “já vi isso antes”, que te atinge em cheio e quebra completamente o clima para as pessoas que acompanham a série há muitos anos.

Imagem do review de Disgaea 6
Como não se empolgar sabendo que iria confrontar isso?

Apesar deste fator anti-hype que vai pegar você, fã antigo, o jogo continua mantendo tudo que fez da franquia um sucesso e acoplando novos elementos para conquistar o público. O gameplay é excelente, os recursos que ele tem a oferecer são de colocar qualquer título de RPG estratégico, incluindo Fire Emblem, no chinelo e se consolida cada vez mais como uma das alternativas nipônicas com uma base sólida para os jogadores.

Então qual é o grande problema? Para os novatos, nenhum. A história é simples e divertida como sempre, mesmo podendo pular tudo e partir para a batalha o tutorial é excelente e consegue mover bem até os mais leigos e, por fim, há uma certa ordem em todo o caos de Disgaea 6 que não te deixará se perder em momento algum em meio de tanta coisa.

O que vai chatear mesmo o público que está vindo dos anteriores são a falta de outras coisas que os mais novos nem sentirão. Existem várias classes que foram cortadas do sexto título, assim como técnicas e ataques especiais. Compreendo as limitações do console, mas não inserir tudo que trouxe a fama em um game que prometeu ser um abalo sísmico na comunidade parece uma bola fora da Nippon Ichi Software. Quase igual a Game Freak que impediu a Pokédex completa em Pokémon Sword e Shield.

Imagem do review de Disgaea 6
Tem opções demais, mas a falta de algumas será sentida.

A partir disso, vamos ser mais conclusivos. Disgaea 6: Defiance of Destiny é um jogo ruim? Não, muito pelo contrário. Eles mantiveram a excelência em cada aspecto e ainda é impressionante como você pode ter o controle total de vários atributos de seus personagens. A facilidade de se obter recrutas, trocar de armas, desenvolver mais habilidades ou evoluir as que já possui, formação de grupos e afins elevam a experiência a um nível absurdo.

Mesmo que o foco da campanha de marketing da NIS seja na Super Reencarnação, o que muda as estruturas para aqueles que buscam melhorias na jogabilidade é o Auto-Battle. Sim, caros leitores, agora vocês podem deixar seus heróis se matando de bater e apanhar dentro do cenário enquanto janta, toma banho, escova os dentes ou qualquer outra atividade que dê para completar em 15-20 minutos.

Imagem do review de Disgaea 6
A Auto-Battle vai, basicamente, jogar o game por você.

Veja bem, não sou muito fã deste tipo de recurso. Tanto em Disgaea 6 quanto no quinto, assim como em outros jogos, sempre preferi sujar minhas mãos no sangue da batalha ao invés de deixar a máquina assumir o total controle de tudo. Porém, serei bem sincero, a inteligência artificial deu um baile na minha expectativa e recorri a isso para subir de nível mais veloz.

Juntando este recurso com o Auto-Repeat, você tem uma verdadeira arma de grinding em massa que um título já viu na história dos games. O que isso significa? Se você deixar, seus personagens vão repetir a mesma fase automaticamente, lutarem sozinhos e faturar itens, experiência e dinheiro no processo. Super roubadíssimo, concordo plenamente. Porém, palmas para a NIS que deixa a galera mais atarefada com opções pelo menos.

Imagem do review de Disgaea 6
Dá para ligar o recurso junto ao Auto-Repeat e deixar rolar.

As derrapadas de Disgaea 6

Dito tudo isso, a história de Disgaea 6: Defiance of Destiny é o que você menos se apegará durante a jornada. O protagonista é o zumbi Zed, que deseja matar o deus da destruição. Nem preciso dizer que isso não será uma tarefa nada fácil e aparecerão uma tonelada de personagens completamente insanos e sem o menor pudor para se unirem à sua causa e provocarem confusões em todo Netherworld.

Os diálogos continuam cheios de humor e, assim como os anteriores, a presença dos Prinnies é extremamente sarcástica. Outro ponto interessante são as referências, que estão espalhadas ao redor de todo o game. Sim, Nippon Ichi Software, eu entendi a sacada de dizer que um golpe tinha sido super-efetivo em meu personagem e causado 999.999.999 de dano. Só faltou informar que ele tinha sido capturado.

Imagem do review de Disgaea 6
É um exagero, mas é justamente o que dá a graça da coisa toda.

Ainda que o roteiro seja completamente esquecível e você ter a opção de pular tudo sem pudores, Disgaea 6 carrega consigo algumas falhas que devem ser citadas para você tirar as suas próprias conclusões em relação à sua compra no futuro ou não. Uma delas, qual eu não poderia deixar de citar, é o visual tridimensional. Por mais que a ideia tenha sido muito boa, não alterou substancialmente nada do que conhecíamos.

O maior problema surge quando você insere seu Nintendo Switch na dock e vê o quanto a tela parece estendida, como se alguém pegasse e puxasse pelos lados até dizer chega. Não chega a ser feio, disso eu não posso chamar, mas a diferença com o que vi no modo portátil é gritante e me faz questionar se quatro anos de vida do console não fez ninguém se mexer para contornar essa situação.

Imagem do review de Disgaea 6
Dá para ver os serrilhados de esticado daí?

Minha tristeza em relação a Disgaea 6: Defiance of Destiny é que ele parece ser um grande teste na equipe para formar ideias para as próximas sequências no console. Você sente que ele foi criado na intenção de checar o potencial de várias das ideias apresentadas. Não que elas sejam ruins, mas soam incompletas, sabe? Isso não é necessariamente péssimo, volto a citar Pokémon como exemplo, mas deixa a sensação de que de todos os episódios da franquia esse estará nos pontos mais baixos dela.

De qualquer modo, se você nunca tiver jogado nenhum deles e quer saber por onde começar, esta é uma ótima oportunidade de ver onde a NIS conseguirá te puxar para dentro do universo maluco que foi inventado por eles. A experiência não será amarga e pode apostar que aquilo que terá em frente será tão divertido quanto jogar qualquer SRPG atual. Infelizmente, só não será tanto quanto jogar outros Disgaea.

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