Sendo o título de estreia da Footprints Games, Detective Gallo é um adventure point ‘n click com elementos noir, onde um galo (como o nome já diz) é o protagonista e tem de investigar um caso pra lá de estranho, que vai colocá-lo em altas confusões com uma turminha do barulho – e podem acreditar, a trama consegue ser ainda mais inusitada. Seguindo a onda de clássicos da LucasArts como Grim Fandango e Full Throttle, Detective Gallo é um point ‘n click que honra a era dourada desse gênero.
Elementar, meu caro cactos
O fato do protagonista ser um galo detetive é a particularidade mais comum desta aventura, afinal, seu primeiro caso é um crime bárbaro: um assassinato, dramático e assustador de… plantas! Sim, isso mesmo, plantas foram “assassinadas” e seu multimilionário criador quer justiça pelas suas hortaliças, e é claro, quem topou investigar o crime foi nosso peculiar detetive galináceo. Ao longo desta trama vamos conhecer diversos personagens bem caricatos, que irão nos ajudar ou atrapalhar em nosso caminho rumo ao desfecho deste mistério.
E se todo Sherlock tem seu Watson, isso não poderia ser diferente com Gallo, que tem como parceiro(a) Thorn, um(a) mini cactos que está sempre em seu bolso, com o qual volta e meia o detetive conversa e expõe seus pensamentos mais profundos.
A arte do jogo é um dos pontos que mais chama a atenção, trazendo um estilo semelhante a quadrinhos, bem acabado, com bom nível de detalhes e cores chamativas, lembrando as clássicas tiras do Garfield e quadrinhos da Disney, especialmente as aventuras de Pato Donald e cia. Apesar dos pontos fortes com a arte, isso não se reflete com as animações, que muitas vezes tem movimentações estranhas e truncadas para os personagens. As cutscenes (com exceção da inicial) também não são tão caprichadas, se resumindo a basicamente tirar o controle do jogador e apresentar uma conversa entre os personagens em sua maioria.
O jogo ainda conta com um tipo de “modo detetive” a la jogos do Batman, chamado de “Instinto Gallo” (tradução livre), no qual o personagem parece se concentrar para “enxergar além”, assim revelando todos os itens interativos na tela. Isso é algo para facilitar a vida daqueles mais apressados que não querem ficar deduzindo o que pode ser manipulado nos cenários.
Ar noir
Detective Gallo, tal e qual todo bom enredo com uma trama de investigação, tem início com uma bela apresentação bem estilo filme noir, e este estilo se mantém no decorrer do jogo de maneira suave com sua trilha sonora recheada com toques de jazz. Apesar de apresentar bons momentos, algumas das músicas destoam um pouco do tom elaborado na composição do jogo, fugindo um pouco da temática, o que quebra a imersão de certas cenas.
Outro ponto que tem a ver com a sonorização do jogo e que consegue ser irritante em dados momentos é a dublagem. No geral ela é mediana, mas em alguns momentos ela deixa muito a desejar, com personagens proferindo frases incompreensíveis, seja por uma pronúncia abafada ou por algum maneirismo estranho de dicção – ou ainda pela amplificação do áudio não estar bem equalizada, o que é um problema sério se tratando de um jogo no qual uma de suas principais ações é conversar com personagens para extrair informações para o caso. Minha recomendação é ligar as legendas, isso vai facilitar bastante a sua experiência, mas apenas se você for um bom entendedor de inglês, pois infelizmente o game não se encontra localizado em português.
Os diálogos tem seus (poucos) bons momentos, mas em sua maioria não tem graça, os personagens são pouco carismáticos, sem profundidade, o que não vai te atrair a querer saber mais sobre suas vidas durantes os diálogos opcionais. Os menus do jogo são outro fator frustrante, especialmente o de pausa, pois são confusos, apresentando apenas ícones sem qualquer texto indicativo do que eles representam – e pior, eles são pouco intuitivos, sendo imagens que não são facilmente identificáveis.
Detective Gallo é relativamente curto, o que não chega a ser um problema, afinal a trama também não é interessante a ponto de demandar mais conteúdo. Isso também não contribui com o fator replay, a menos que você esteja atrás das conquistas.
Apesar de ter como destaque sua arte bem trabalhada, trilha sonora com toques noir e gameplay e mecânicas simples de point ‘n click, Detective Gallo tem uma trama pouco atrativa e cheia de clichês, apelando para um humor tosco e sem graça, além da dublagem que deixa a desejar. Se você gosta de jogos do gênero, já jogou todos os clássicos e quer algo novo, talvez este seja um título que te entretenha um pouco, mas não vá esperando muita coisa.