O sucesso de Demon Slayer (ou Kimetsu no Yaiba) é inegável, afinal estamos falando de um excelente mangá que ganhou versão em anime com uma qualidade muito acima do padrão. Esse sucesso fez com que a obra escrita e desenhada por Koyoharu Gotoge retornasse aos consoles, mas no formato de jogo de tabuleiro e numa proposta muito irreverente.
Demon Slayer -Kimetsu no Yaiba- Sweep the Board!, desenvolvido pela CyberConnect2 em parceria com a Aniplex e publicado pela SEGA, o jogo chega para os demais consoles e PC, após o lançamento inicial exclusivo para Nintendo Switch, entregando uma experiência divertida, caótica e que poderia ser mais ousada.
Torne-se a lâmina mais sortuda de todas
Seguindo a proposta do Switch para proporcionar jogos casuais ou festivos, a versão de Demon Slayer adaptada para uma espécie de Mario Party entrega exatamente o que esses públicos, fãs do gênero ou do anime, buscam num jogo desse tipo: fan service e diversão.
Com um gameplay simples, que estende-se também para a proposta dos tabuleiros e minigames, Demon Slayer -Kimetsu no Yaiba- Sweep the Board! apresenta um recorte da obra original através de cinco tabuleiros diferentes e 12 personagens jogáveis em partidas locais e online. Locais como Asakusa, Mugen Train, o Distrito de Yoshiwara e a Vila dos Ferreiros, as partidas colocarão o trio principal, com Tanjiro, Zenitsu e Inosuke, além dos nove Hashira, para competirem entre si além de enfrentarem os vilões de cada arco da história, conforme o tabuleiro escolhido.
Apresentando sempre um layout diferente para cada um dos tabuleiros, que adaptam muito bem o visual e a localidade do que vemos no mangá e anime, diversas mecânicas utilizam elementos da história original para serem justificadas como, por exemplo, a opção de viagem rápida, seja por barco na região de Asakusa, o próprio Mugen Train, e o próprio turismo no Distrito do Entretenimento. O mesmo serve para personagens que surgem como apoio ou ameaça para os jogadores, seguindo também essa ideia de ter elementos criados por Koyoharu Gotoge ao auxiliar ou atrapalhar a jornada pelos mapas.
Ao ultrapassarmos essa camada de fan service, muito bem envelopada em todos os elementos do jogo, fica visível que Demon Slayer -Kimetsu no Yaiba- Sweep the Board! não consegue manter a mesma qualidade de sua fonte original, perdendo o equilíbrio e criatividade dos joguinhos e atividades que temos em Mario Party. Ele também não consegue ser original ao criar seus próprios minigames sem depender totalmente da obra original, entregando uma experiência simples e sem ousadia, mesmo que ainda seja divertida por algumas horas.
Boas ideias que se perdem no rolar dos dados
Jogar por dez turnos em qualquer um dos tabuleiros acaba sendo uma tarefa que começa interessante, mas que perde um pouco da graça pela falta de inovação nos espaços visitados. Com paradas que fazem você ganhar moeda, item ou auxílio, tendo as versões negativas para que os vilões ataquem e roubem suas conquistas, o fluir da partida é moroso e repetitivo, sem ter aquela sensação de urgência para que os minijogos comecem.
Sempre com um ponto de chegada indicado pelo Matsuemon, o corvo de Tanjiro, você precisa caminhar com seu personagem através das casas pelo tabuleiro conforme o valor tirado nos dados. Quem chegar ao ponto de chegada ganha Rank Points, o mesmo das estrelas em Mario Party, e que acaba sendo sua principal missão para ganhar as partidas. Ao alcançarmos o corvo, o tempo passará e a noite chegará para que os demônios apareçam pelo tabuleiro e o próximo ponto de chegada seja uma boss battle cooperativa.
Se entre os turnos temos as Skill Trainings, que são os minigames competitivos individuais ou em duplas com gameplay diferenciado para cada temática, as batalhas cooperativas contra os principais vilões de Demon Slayer seguem um mesmo padrão baseado nos sensores de movimento dos Joy-Cons. Você encontrará algumas das Luas Inferiores (Demônio das Mãos, Susamaro e Yahaba, Kyogai e Enmu), além das Luas Superiores, com a presença de Hantengu, Gyokko, Daki e Gyuutarou e Akaza.
Independente da diferença de hierarquia e poder dos vilões, a mecânica será sempre a mesma: baseado no tempo correto, quando o marcador indicado para cada jogador chegar ao alvo, você precisará apertar o botão A ou mover rapidamente o Joy-Con na direção revelada. Se estiver jogando com Pro Controller ou no modo portátil, basta usar a alavanca esquerda para realizar essa função. Sem grandes dificuldades ou desafios, dificilmente você perderá uma batalha ou não estará em primeiro lugar.
Já os minigames possuem ideias conhecidas pelo público, como a de contornar um desenho, partida com peões para eliminar os competidores, encontrar a Nezuko escondida, pular cordas ou descer um desfiladeiro num carrinho e em dupla. Outras propostas conseguem carregar muito bem a identidade de Demo Slayer, com Ohajiki (uma espécie de Curling em tabuleiro), combate com espadas de madeira, afiar sua katana sem ser percebido, pescaria no lago, os fogos de artifício de Tengen, alimentar a Kanroji e atormentar o descanso de Tanjiro.
Ao todo são 24 joguinhos e mais de dez vilões para serem enfrentados, tudo para você conquistar Kimetsu Tablets, uma espécie de moeda fora das partidas para você sortear stamps, utilizados como figurinhas para se comunicar durante as partidas, novos visuais para os personagens jogáveis, além de avatar, wallpaper, títulos e frames para customizar o seu cartão de jogador. Uma maneira divertida de colecionismo que a CyberConnect2 encontrou para aumentar o fator replay.
Com uma proposta mais contida, perdendo potencial de explorar a criatividade proporcionada pela incrível obra original, Demon Slayer -Kimetsu no Yaiba- Sweep the Board! consegue entregar um jogo divertido, muito bonito e que é competente em adaptar esse universo para um título que não seja de luta. O visual acompanha a direção de arte do anime, inclusive com diversas cenas muito bem animadas, mas a trilha sonora não possui muita expressividade como podemos ver no anime.
No fim acaba sendo mais um bom party game para o Nintendo Switch, com foco em jogadores casuais e de todas as idades, que chega em julho para os demais consoles, agradando um público variado e embarcando na onda de sucesso que Demon Slayer vem causando ao redor do mundo.
Prós:
🔺 Uma boa adaptação para um jogo que não seja de luta
🔺 Divertido como party game para todas as idades
🔺 Visual acompanha a direção de arte do anime
🔺 Alto fator replay com partidas locais ou online
Contras:
🔻 Tabuleiros monótonos e sem vida
🔻 Partidas acabam sendo repetitivas por falta de conteúdo
🔻 Minigames são divertidos, mas peca em criatividade
🔻 Poucas opções de tabuleiro e minigames
Ficha Técnica:
Lançamento: 16/07/24
Desenvolvedora: CyberConnect2, Aniplex
Distribuidora: SEGA
Plataformas: PC, PS5, PS4, Xbox Series, Switch
Testado no: Switch