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Se você trabalha há um tempo considerável, muito provavelmente já passou pela situação de estar preso em um emprego onde claramente não existe nenhuma perspectiva de crescimento profissional, mas você é muito bom no que faz e acaba se submetendo por muito tempo (se você nunca passou por isso, sorte a sua). Essa é a definição de dead-end job, um termo em inglês que caracteriza esse famigerado paradoxo do mercado de trabalho e que também dá nome ao jogo da vez.

Em um ano que tivemos Luigi’s Mansion 3 e até um remaster de uma das melhores adaptações para os games do clássico Ghostbusters, não dá para simplesmente ignorar a ousadia desse pequeno estúdio em lançar mais um jogo de caçar fantasmas em pleno 2019. A ideia é basicamente a mesma: fazer a limpa em locais mal-assombrados e sugar qualquer ser sobrenatural para dentro do seu aspirador de pó. Esse é o seu trabalho e você não pode esperar nada além disso.

Não é Ghostbusters, mas tá valendo

Logo de cara já somos agraciados por uma abertura estilo desenho animado dos anos 1990, com musiquinha e tudo. O visual do jogo é 100% cartunizado e responsável por boa parte do seu charme, e devo admitir que a música tema é um tanto grudenta. Tudo é desenhado a mão e as animações são muito bem feitas, todas com uma fluidez impressionante, com traços e cores que lembram muito Invasor Zim. Assumo que eu assistiria um desenho animado deste jogo.

A história é muito rasa e está lá só para servir como motivação para o protagonista, um “dedetizador” que dedetiza fantasmas para os seus clientes. Basicamente, seu principal objetivo é juntar dinheiro o suficiente para recuperar a alma de sua velha mentora (que é uma fantasma) e trazê-la de volta à vida. Os personagens não possuem profundidade alguma e todos os diálogos são apenas uma tentativa desesperada de te fazer rir. Não é ruim, mas também não é grande coisa.

Atira primeiro, pergunta depois.

O jogo é um twin-stick shooter com elementos de roguelite. Tudo é muito simples e você nem vai usar todos os botões do seu joystick, já que basicamente você só anda, atira e suga com seu aspirador. Vez ou outra usa algum item que encontrou, mas no geral, não existe nenhuma complexidade nesse estilo de jogo.

Os trabalhos são gerados aleatoriamente e conforme você os completa, vai liberando novos locais para dedetizar como restaurantes, escritórios e coisas do tipo. Para ser sincero, não muda muita coisa, pois o level design é bem repetitivo e a distribuição das salas também são muito parecidas. Se a fórmula do roguelite já é enjoativa por natureza, esses fatores com certeza vão contribuir muito para este jogo se tornar muito cansativo em poucas horas de jogatina.

Em busca de uma promoção

Seu objetivo primordial é juntar muito dinheiro e isso não será nenhum problema. Você ganha dinheiro completando ou fracassando em um trabalho, além de achar muito escondido pelas fases. A diferença é que, seguindo a lógica do roguelite, quando você morre, seu personagem perde todas as melhorias, além de perder aquele trabalho e ter que jogar outro completamente diferente (ao menos, era pra ser).

Conforme captura fantasmas, você vai sendo promovido e cada cargo te presenteia com um perk a sua escolha. Isso ajuda um bocado em sua jogatina, mas se morrer, perde tudo e começa do primeiro rank novamente. Além disso, você encontra vários tipos de itens que podem te auxiliar na caçada, todos gerados aleatoriamente. A variedade é realmente boa e seus efeitos muito variados, então nada se compara à sensação de encontrar uma coisa nova e já correr para descobrir o que ela faz.

A variedade de fantasmas também é boa e você vai se deparar com os mais diversos tipos de criaturas, cada uma com uma habilidade diferente. No geral, o nível de desafio que cada inimigo oferece é muito baixo e qualquer jogador com reflexos afiados conseguem tirar Dead End Job de letra. A maior dificuldade aqui é que os cenários são meio apertados e geralmente sempre estão cheios de fantasmas, então você acaba levando dano sem nem perceber e quando vê, já está morto.

Só mais um dia de trabalho.

Um detalhe que contribui muito com essa confusão visual são as cores do jogo, que por um lado deixam o título bem bonito e por outro mais caótico. Tudo é meio monocromático, então ou tem muito rosa, ou muito verde, ou muito roxo e isso vai embaralhar sua visão de uma maneira que você nem consegue distinguir o que está acontecendo.

Felizmente, ele está rodando liso (ao menos no Nintendo Switch, onde o jogo foi analisado) e não traz bugs bizarros. O único problema de performance que experienciei foram umas travadas inexplicáveis que acontecem o tempo todo na tela de loading, geralmente durando entre 10 e 15 segundos. Como é durante o carregamento, então não é um problema.

Para quem se amarra em um roguelite e adora Ghostbusters ou Luigi’s Mansion, Dead End Job é um título bem interessante – ainda mais para aqueles que curtem o bom e velho co-op de sofá, pois aqui dá para levar alguém para caçar com você. É um jogo muito repetitivo que se torna enjoativo rapidamente, mas ainda assim é um indie charmoso e divertido que consegue entreter por algumas horas.

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