A chegada de Darksiders II Deathinitive Edition à nova geração vai muito além de apenas umas remasterização, pois esta é a oportunidade dos novos jogadores reviverem uma das franquias mais aclamadas e empolgantes das gerações anteriores. Desenvolvido numa época em que o hack and slash era o gênero que ocupava o topo do interesse das desenvolvedores, assim como atualmente temos com soulslike, a jornada de Morte envelheceu muito bem e ganha um novo fôlego com melhorias gráficas e de jogabilidade ao aproveitar o hardware de última geração.
Para quem está chegando agora e está meio perdido com um remaster do segundo jogo dessa franquia da THQ Nordic, de maneira rápida e resumida, a história do jogo se passa paralelamente aos eventos do primeiro Darksiders, em que seu irmão Guerra é acusado injustamente de iniciar o Apocalipse e, consequentemente, aniquilar a humanidade. Morte, movido pelo desejo para redimir o nome de seu irmão, parte em uma jornada para restaurar o equilíbrio cósmico e provar a inocência dele. Para saber mais sobre a história e o papel do segundo jogo na franquia, recomendo ler esse review da edição lançada em 2019.
A Morte lhe cai bem
Engraçado perceber como um jogo lançado originalmente em 2010 ainda consegue ser divertido e interessante, principalmente por sua proposta narrativa, mesmo depois de 14 anos. Por mais que ainda tenha aquele jeitão de jogo antigo, muito influenciado por God of War para o seu combate, Prince of Persia para sua exploração e puzzles, além de Uncharted para a construção da narrativa e na tentativa de criar momentos cinematográficos, Darksiders II Deathinitive Edition coloca tudo isso para rodar com melhorias gráficas por todos os lados, incluindo a iluminação.
Tudo parece mais bonito, mesmo que poligonal demais para quem acabou de jogar qualquer um dos principais lançamentos de outubro e muito distante do cuidado com o visual que vimos no remake de Silent Hill 2. Acredito que a melhoria mais importante seja no tempo da renderização, fazendo com que o loading para as áreas (e que são muitos ao longo do jogo) aconteçam em segundos, sem diminuir o engajamento e atenção do jogador para continuar sempre em frente.
No entanto, mesmo com a entrega de um upgrade visual e uso de todo o potencial do PS5, Darksiders II ainda não é uma Deathinitive Edition se analisarmos a performance, talvez exigindo alguns patchs de melhoria. Infelizmente a parceria entre Vigil Games e a Gunfire Games precisará se empenhar para corrigir os bugs no jogo, que por mais de uma vez fizeram com que eu reiniciasse o jogo para ele rodar sem engasgar ou em câmera lenta após fazer uma viagem rápida para algum local no mapa. Diversas vezes o Guerra ficou preso no ar ao tentar subir ou escalar por alguma superfície, além de usar a esquiva (com R1) e sofrer dano mesmo estando longe do inimigo.
É inegável de que seja uma versão com gráficos surpreendentes, fazendo com que a ação frenética do jogo esteja em alta definição, com luzes e sombras aproveitando a tecnologia do ray tracing. O que não faz muito sentido é ver alguns erros da geração PS3 ainda existirem mesmo sendo a segunda Deathinitive Edition lançada pela THQ Nordic, enquanto conseguem adaptar muito bem o uso do DualSense para permitir que o jogador sinta as interações com o mundo ou os golpes durante o combate.
Uma Morte para chamar de sua
Além de contar com todo conteúdo já lançado anteriormente, totalizando mais de 30 horas de jogo, os desenvolvedores também mantiveram a possibilidade para customizar sua própria versão de Morte, com opções para equipar diversos conjuntos de armaduras, armas e desbloquear suas árvores de habilidades. Com loot aleatório, que contribui para o fator replay, seus equipamentos e acessórios poderão ser obtidos ao derrotar as criaturas e chefes ao longo do jogo. Todos eles, de alguma forma, vão contribuir para aumentar sua força, defesa, vitalidade e outros status do protagonista.
Com controles fáceis e uma jogabilidade muito responsiva aos comandos de Morte, o mundo aberto de Darksiders II Deathinitive Edition acaba sendo interessante o suficiente para manter o jogador engajado nas dezenas de horas para visitar e concluir todas as missões e história principal. O combate frenético é divertido e desafiador, exigindo sempre a busca por melhorias contínuas, além das dungeons exigirem atenção para serem exploradas, pois ainda possuem aquele sistema mais antiquado de puzzle que obrigam a ordem correta de ativações pelos cenários, muitas vezes sem dicas visuais ou indicações.
A arte de Joe Madureira surge como mais um dos motivos para você encarar a jornada de Morte por esse mundo fantástico. Famoso por seu trabalho com X-Men e Battle Chasers, os personagens e inimigos ficaram ainda mais bonitos, sem contar que a trilha sonora cresce e torna tudo ainda mais épico, desde a trilha do menu principal no PS5 até as principais lutas contra os chefões. Dublado em inglês e totalmente localizado para o português brasileiro, infelizmente alguns errinhos de PT-BR ainda persistem e algumas vezes a música fez com que o diálogo ficasse com o som baixo demais para ser ouvido desde o começo.
Depois disso tudo e ainda com alguns pequenos problemas que, mesmo sem atrapalhar a experiência ou diversão, será que este lançamento merece sua atenção? A resposta pode ser simples, pois se você jogou a versão original ou a remasterização para PS4, o upgrade para PS5 pode ser irrelevante pela proximidade e sem perspectivas de Darksiders IV chegar em breve. Importante ressaltar que se você já possui o jogo no PS4 e Xbox One, uma atualização gratuita está disponível para as versões da geração atual.
No entanto, esta é a chance para novos jogadores conhecerem o universo da franquia e aproveitar uma versão “definitiva” com visuais de última geração e uma experiência mais imersiva graças ao hardware da geração atual. Darksiders II Deathinitive Edition também é uma excelente escolha para os fãs mais nostálgicos da série, sinalizando que a THQ Nordic continua comprometida em manter a franquia viva, mesmo com um novo jogo anunciado, mas sem indícios de continuidade na história principal.
Prós:
🔺 A história continua sendo um dos pontos fortes
🔺 Combate e exploração ainda são divertidíssimos
🔺 Mais do mesmo, mas em 4K e mais rápido no loading
🔺 Todo conteúdo lançado anteriormente para ser jogado
Contras:
🔻 Problemas de performance ao realizar viagem rápida
🔻 Bugs de câmera durante o combate
🔻 Erros de hit box contra chefões
Ficha Técnica:
Lançamento: 14/10/24
Desenvolvedora: Virgil Games, Gunfire Games
Distribuidora: THQ Nordic
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series
Testado no: PS5