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A chuva cai enquanto assistimos o que um dia fora nosso pai ser lentamente enterrado. A cada pá de terra que cai sob o caixão, cada vez mais Chris se lembra dos raros momentos que teve junto dele. Voltando para casa com o diário de seu pai, Chris irá descobrir segredos bizarros dentro destas paginas, enquanto fica preso no tempo. Uma fenda temporal nos espera em Chasing Static.

Produzido pela Headware Games, Chasing Static foi uma experiência divisora de águas por assim dizer. Atendeu vários aspectos que eu esperava, mas também se mostrou preso a clichês convenientes. Mesmo com o seu visual low poli e sua estética “lo-fi” acredito que certos termos foram lançados mais a fim de atrair certos grupos mais superficiais que se identificam com estes rótulos.

Um ponto em outro espaço e tempo

Chasing Static nos traz a história de Chris Selwood, um homem que cruza o pais de Gales para o enterro de seu pai. Após a cerimonia, o protagonista recebe o diário de seu falecido pai. Na volta para casa, Chris resolve parar em um café a beira da estrada. Após checar o conteúdo do diário e conversar com a jovem garçonete, resolve ir ao banheiro antes de seguir viagem.

Imagem do review de Chasing Static
Perdido entre tempo, espaço e ondas

No entanto, ele logo se descobre em uma realidade semelhante, mas ao mesmo tempo alienígena da sua própria. Este é um mundo em preto e branco, onde o ruído branco de um TV se expande infinitamente. Atordoado pelas informações visuais e sonoras, a única outra coisa que Chris consegue ver antes de desmaiar é a jovem garçonete Aneira se contorcendo contra o teto da lanchonete.

Quando acorda, no entanto, Chris nota o lugar totalmente destruído e, ao tentar deixar o local com seu carro, acaba se acidentando e saindo da estrada. Chasing Static nos introduz a uma região abandonada pelo espaço comum, um lugar congelado no tempo através de ondas de rádio. Preso sem ter como sair, Chris terá de buscar ajuda nas páginas do diário de seu pai e na misteriosa Dra. Helen, uma sobrevivente de uma estranha equipe de estudos do local.

Com grande inspiração em games low poly, como os games de horror da Chilla’s Art e Puppet Combo, Chasing Static se volta mais para o horror analógico. Esse é um subgênero de horror conhecido por sua utilização de sistemas antigos de comunicação em grande escala. Isso inclui sistemas de anuncio de televisão, fitas VHS e sistemas de rádios, sempre anunciando acontecimento sobrenaturais, interdimensionais ou extraterresetres. Podemos citar nessa vertente obras intrigantes como Minerva Alliance, Local 58 e Gemini Home Entertainment.

Imagem do review de Chasing Static
Quem será o dono(a) por trás desta mensagem?

Sintonizando de volta à realidade

Após o acidente, Chris se depara com um Bunker aparentemente abandonado. Ali, após fazer contato com Dra. Minerva, ela o instrui como operar três “estabilizadores”. Caso Chris consiga deixar os três aparelhos operacionais, terá acesso à instalação de pesquisa e poderá normalizar a região uma vez mais. Ou estará ele afundando ainda mais o local?

Chasing Static traz uma atmosfera interessante, mas não explora tanto o seu terror quanto eu esperava. O game possui suas criaturas e aparições, além de pequenos segmentos onde Chris consegue enxergar eventos passados. Desta forma, ele descobre mais sobre aqueles que vieram estudar o local e aqui pereceram nas mãos das forças que rondam estas montanhas e matas.

Enquanto exploramos as áreas afetadas, vamos coletando itens que nos ajudarão, além de fitas que devem ser colocadas nos três aparelhos de som. Essas fitas emitem uma frequência que estabiliza os locais. Também há uma espécie de rifle sonoro que serve para revelar algumas criaturas que se escondem dentro da interferência presente no ar. Porém, mesmo que sejamos “pegos” por elas, nada nos ocorre.

Imagem do review de Chasing Static
Um fim brutal…

Porém, o aparelho mais importante de Chasing Static é o “Dispositivo de Monitoramento de Deslocamento de Frequência”. Esse é um aparelho que irá nos guiar a estes bolsões temporais onde podemos ver os cientistas agindo enquanto ainda vivos. Isso nos permite encontrar itens e pistas sobre onde ir ou o que fazer em seguida. Há também um sistema de fast travel via linhas telefônicas através de um espaço negro.

Fim de programação

Chasing Static traz uma melancolia impar, um sentimento excelente para aqueles que desejam se perder mais uma vez em uma cidade pequena e silenciosa. Aqui o som da chuva e do vento nos acompanha o tempo todo, imitando o som de uma interferência de sinal de rádio. Mesmo sendo curto, com apenas duas horas, o jogo é uma experiência interessante entre realidades e dimensões.

Ainda que não seja um excelente jogo de horror, Chasing Static é uma experiência interessante e de entrada no gênero de horror analógico. No entanto, tenho de discordar do jogo se rotular como algo “lo-fi”. Hoje muito se vê Lo-Fi como um gênero de slow beats e Chillhop nas inúmeras playlists do YouTube, algo que não se encontra aqui. Além disso, o Lo-Fi (de Low Fidelity) também não se encontra muito no som, há uma interferência, mas não algo que eu necessariamente associaria ao gênero.

Imagem do review de Chasing Static
Taansmissão das ondas de desespero.FM

Admito que minhas expectativas para Chasing Static eram bem maiores do que experimentei com o game. A pequena aventura contida neste universo é interessante e original, porém, poderia ter se aprofundado mais dentro da origem do gênero que pertence, explorando ainda mais os meios relacionados às experiências, inúmeros bunkers e mistérios dentro dos universos de horror analógico.

Por isso, cuidado ao sintonizar seu rádio está noite, fique atento ao assistir sua programação local. Talvez haja mensagens e segredos viajando entre as ondas eletromagnéticas, prontas para transportar você de volta a uma época onde fitas VHS ainda eram vistas como artigos comuns do dia a dia.

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