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Candleman é um título que foi aclamado pelo seu conceito e concepção, utilizando mecanicas que envolvem luz, sombras e uma vela que possui apenas 10 segundos de luz. Concebido durante a Ludum Dare de 2013, uma competição na qual os criadores têm 48h para criar um jogo do zero utilizando um tema específico, que no caso era “10 segundos”. Gao Ming criou um protótipo com a idéia de “10 segundos de luz”.

Dessa forma nascia o título que mais tarde seria reconhecido pelo ID@Xbox – e receberia a oportunidade de ser publicado no Xbox One. Tal programa permite a desenvolvedores independentes selecionados publicarem seus jogos nas plataformas Microsoft, além de disponibilizarem ferramentas e suporte para que possam concluir seus projetos. Assim, em 1 de fevereiro de 2017 chegava a Xbox Live, Candleman, publicado pelo estudo fundado por Ming, Spotlightor Interactive – e mais tarde para outras plataformas.

Os dilemas de uma vela

Aqui nós somos espectadores acompanhando a jornada de uma vela em busca de respostas para seus dilemas existenciais, “por que ela há de queimar?”, “porque ela é diferente das outras velas?”, “qual o motivo de sua existência?”, “qual seu objetivo neste mundo?” – é uma vela cheia de dúvidas. Correndo entre a escuridão para encontrar as respostas para seus dilemas, com apenas 10 segundos de luz.

Imagem do jogo Candleman.
Uma vela de coragem.

Em Candleman encarnamos uma vela que possui vida – e perninhas – e teremos de conduzi-la pelos mais diversos cenários em meio ao breu, sendo muitas vezes ela mesma sua única fonte de luz. Este é um jogo de plataforma 3D com elementos de puzzle, que conta com comandos bastante simples, se resumindo a andar, pular e acender. Porém, a simplicidade dos comandos se converte em um gameplay bastante rico e diversificado, com elementos novos sendo apresentados até o final da aventura.

As fases de modo geral são bastante escuras, ao ponto que só visualizamos uma tela preta a nossa frente. A principal habilidade da vela – e com certeza a mais útil – é de se acender, com isso podemos enxergar o caminho se seus obstáculos. A questão é, a vela só possui 10 segundos de luz, já que cada vez que se acende ela diminui de tamanho, pois sua cera se derrete, assim como uma vela real. Ou seja, nada de sair por aí correndo gastando toda sua cera.

Desta forma é criada uma mecânica interessante na qual é necessário gerenciar a forma como utilizamos essa luz. Somente quando necessário e decorando aquilo que foi visualizado. No decorrer das fases iremos nos deparar com outras velas em meio a escuridão, ao acendê-las elas servirão como checkpoint, assim caso morra – ou acabe com sua cera – será reiniciado nesta posição. Será possível encontrar outro tipo de vela também, que neste caso contarão como colecionáveis – além de permanecerem iluminando parte do caminho -, cada nível conta com um número específico delas para serem acesas.

Imagem do jogo Candleman.
Queimando perigosamente.

E falando em morrer, a vela possui um total de 10 vidas por fase, caso morra todas elas, terá de reiniciar a fase desde o início novamente. Um fator que talvez possa contribuir para isso é um velho problema que há em diversos jogos que envolvem o gênero plataforma em um ambiente 3D: a perspectiva. E neste caso a coisa em alguns momentos é pior, pois aqui não há o controle da câmera, sendo uma câmera dinâmica, ou seja, ela se movimenta automaticamente conforme o deslocamento do personagem.

Nesse ponto, algumas vezes o ângulo que ela se posiciona, principalmente em certos trechos de plataforma não contribuem com a perspectiva, assim um salto que parece baixo na verdade é mais alto, ou uma plataforma que parece estar no mesmo nível da outra na realidade está em outro plano do cenário e assim por diante. Sem falar das vezes onde algum elemento do cenário fica na frente da câmera. Isso realmente atrapalha bastante, mas felizmente ocorre em poucas ocasiões durante o gameplay.

Imagem do jogo Candleman.
Nada impedirá essa vela.

Como citado, o título usa de mecânicas de luz e sombra para criar diversas situações e puzzles durante as fases. Tais quebra cabeças envolvem o uso da chama para acionar mecanismos ou utilizar elementos do cenário para liberar o caminho bloqueado ou de difícil acesso. Basicamente a vela não enfrenta nenhum inimigo, apesar de existirem alguns pelo caminho, muitas vezes os utilizamos a nosso favor para desvendar um meio de avançar por algum obstáculo. No decorrer do jogo, sempre serão apresentadas novas mecânicas, obstáculos, fases temáticas, agregando muito ao gameplay, não o tornando monótono ou repetitivo em momento algum.

O drama da chama

Um elemento que precisa ser destacado é o foco de Candleman na sua narrativa. Basicamente todo o gameplay gira em torno de sua trama, desde as fases divididas por capítulos, até o nome das fases que parecem versos de um conto. Ao acender todas as velas (colecionáveis) de uma fase, somos contemplados com um verso complementar ao nome da fase, assim oferecendo mais detalhes da história.

Imagem do jogo Candleman.
A jornada de uma vela.

Para contribuir com este fator, o título conta com tradução em português, porém ela apresenta certos problemas de concordância e gramática pontuais, como se fosse uma tradução feita por alguma ferramenta online. O que torna, principalmente, os nomes de algumas fases desconexas.

Apesar de contar com certo grau de desafio – principalmente nos capítulos finais -, este não é um título que tem como objetivo “derrotar um grande mestre do mal” ou “salvar um reino”, mas sim mostrar a jornada de uma vela e suas descobertas. Contando inclusive com cutscenes no começo e final de todos os capítulos – algumas até no meio deles. E neste aspecto Candleman se sobressai, possuindo uma história bastante intrigante e que entretém do início ao fim.

Imagem do jogo Candleman.
Nem tudo são trevas.

Graficamente este título é muito atraente, com cenários caprichados, apesar de nem sempre ser evidente notar isso devido a escuridão das fases. Durante os níveis mais iluminados é possível notar a riqueza de cores e a bela construção delas. Na parte sonora há uma agradável composição que harmoniza bem com o gameplay, mesmo que sucinta em certos trechos do jogo.

Switch in the dark

Este port de Candleman para o Switch foi bem concebido e o jogo está bem otimizado para a plataforma. Todo o gameplay flui muito bem, sem travamentos ou quedas de framerate. Os loadings entre o menu e as fases – e vice versa – são bem curtos e rápidos. Além disso o uso do HD Rumble também foi minuciosamente adequado, assim contribuindo no feedback durante o gameplay. Não são todos os jogos que se preocupam em utilizar este recurso adequadamente – ainda mais falando de ports.

Esta versão, assim como a “Definitive Editon” (Xbox One) e a “The Complete Journey” (PS4, PC), conta com o DLC “Lost Light” (Luz Perdida) – o qual adicionava os três capítulos finais (na versão de Xbox One) – integrada ao modo história, desta forma totalizando 46 fases divididas em 12 capítulos. Porém, diferindo da versão de PS4 e PC, aqui não temos o modo de desafio de tempo – nem o suporte a resolução 4K.

Imagem do jogo Candleman.
O destino final. Será?

Candleman se destaca pela sua narrativa e mecânicas rebuscadas, além do gameplay diversificado. Esta título irá agradar aqueles que gostam de uma boa história e um jogo enxuto para aproveitar e relaxar. Além daqueles que curtem jogos de plataforma com puzzles. Há uma boa chance de encantar aqueles que o jogarem sem muita pretensão. Se aventure na escuridão e descubra a realidade de uma vela.

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