E lá vamos nós para mais um reboot da série Modern Warfare, desta vez do terceiro game e com uma distância de 12 anos desde o lançamento original. Um título que marcou uma era, com um vilão inescrupuloso que desencadeia situações extremas para dificultar a vida da Força-Tarefa 141. O novo game mantém Vladimir Makarov como antagonista, mas reimagina todos os eventos e enfia o Ghost, o Gaz, a Farah e outras personagens goela abaixo em uma trama desconexa.
A campanha original de Modern Warfare 3 era tão incrível, tão memorável, que fica difícil não comparar com esta nova. Ambas são curtas, durando cerca de 4 horas, mas havia todo um charme e clímax no jogo de 2011, algo que eu mal vi neste reboot. Primeiro por tratar boa parte das missões, 14 ao total, como um DMZ: complete objetivos e vá para o ponto de extração. E isso aconteceu porque, diferente dos jogos anteriores da franquia, que tiveram prazo médio de 3 anos para serem desenvolvidos, Modern Warfare 3 foi produzido na metade desse tempo. Os funcionários trabalharam à noite e nos finais de semana para terminar o jogo.
Manual de como estragar uma campanha
É triste ver toda essa simplificação de uma campanha que, originalmente, priorizava a história. Aqui temos capítulos alternando entre os operadores, mapas grandes, trocentas armas, itens de armamento, veículos à vontade e paraquedas infinito. Mesmo com bastante diálogo entre as personagens, você se sente jogando Warzone a maior parte do tempo. Coisas como placas de blindagem e o ascensor, obrigatório para subir e descer por cabos, nem deveriam existir na campanha. Mas não, bora enfiar tudo que dá, incluindo o Gulag e um monte de Juggernaut pra encher o saco.
Até quando há semelhança com o Modern Warfare 3 original, como uma missão que começa debaixo d’água, a Sledgehammer Games conseguiu deixar sem graça. Você aperta botão pra explodir uma C4 e derrubar um comboio no mar da Sibéria, pra depois apertar botão pra interagir com a porta de um carro submerso, e por fim enfrentar meio pingado de snipers na superfície e seguir até o ponto de extração. Tudo muito simples, sem impacto.
Enquanto que deixaram a missão “No Russian” de fora do reboot de Modern Warfare 2, nesta sequência resolveram fazer jus trocando o atentado no aeroporto por um estádio de futebol, lotado de civis em pânico. A melhor missão da campanha, diga-se de passagem. Por outro lado, o desespero em agradar os fãs fica evidente ao ver que não tiraram o sequestro do avião presente no Modern Warfare 3 original, mas tiveram a coragem de simplificá-la para uma interação controlada que dura menos de 5 minutos. Felizmente a campanha traz algumas boas ideias, apesar da execução breve, como seguir uma suspeita em Londres usando câmeras de segurança e a forma como você desarma uma bomba no final da campanha. Final este que não conclui nada, abrindo a possibilidade de um futuro DLC ou Modern Warfare 4, vai saber.
Guerra não tão moderna assim
Agora falando em gráficos, eu particularmente acho a Infinity Ward Engine uma porcaria. Nos consoles já não tá muito bonito, mas no PC, onde o game deveria brilhar, a engine apresenta muitos problemas de otimização. Tem de tudo, desde granulação de objetos (mesmo com o anti-aliasing ligado) a efeitos visuais bugando.
Rodando Modern Warfare 3 em um notebook Dell G15, equipado com uma GeForce RTX 3060 da NVIDIA, eu pude desfrutar do DLSS 3 pra ganhar FPS extra e do Reflex pra ter maior precisão na mira, aproveitando que tenho um monitor Dell com 165Hz. São dois recursos essenciais para quem não tem um PC high-end e prioriza o competitivo online. Mas quem disse que consegui manter a consistência dos frames? Em alguns raros momentos passava dos 90 FPS, mas nos conflitos com muita coisa acontecendo na tela caia frequentemente pra menos de 30. E olha que testei várias combinações de configuração, inclusive deixando a qualidade das sombras e das texturas no mínimo.
Se a campanha não vale muita coisa, como fica o multiplayer? Bem, o DMZ segue sendo um modo exclusivo de Modern Warfare 2, não sofrendo qualquer atualização com a chegada do terceiro game. O que muda é o visual dos 16 mapas já existentes, com renovações que acompanham a versão 9 da IW Engine. O Modo de Guerra, lançado originalmente com o excelente Call of Duty: WWII, faz seu retorno. E o modo Zumbis, inédito na série Modern Warfare, expande sua fórmula para um mapa de mundo aberto na cidade fictícia de Urzikstan.
Vamos de multiplayer então?
Se você curte o multiplayer tradicional, vai se sentir em casa. O Modo de Guerra, que coloca dois times para realizar objetivos lineares dominando ou defendendo pontos específicos do mapa, ficou bastante divertido e frenético. Já o modo Zumbis, produzido pela Treyarch Studios em colaboração com a Sledgehammer Games e High Moon Studios, traz tudo aquilo que já estamos carecas de ver no PvE, tendo como principais novidades o imenso mapa para explorar, NPCs humanos e a possibilidade de jogar sozinho. Não que seja lá super divertido, mas pelo menos agora é possível.
Em co-op, até 8 times de 3 jogadores cada, totalizando 24, dividem o mapa. O objetivo é sobreviver enquanto explora zonas com níveis de dificuldade diferentes. Você realiza as tarefas, encontra armas mais poderosas, toma as bebidas que concedem perks e assim vai equilibrando as coisas no combate contra zumbis cada vez mais fortes, até finalmente chegar ao ponto de extração. As novas criaturas são bem legais, como o Mutilador, que mais parece ter saído do universo de Quake.
É uma pena que Call of Duty: Modern Warfare 3 tenha sido lançado neste estado, com uma campanha enxuta e um tanto sem alma. A nova história tem sim suas qualidades, mas é inegavelmente apressada e deixa pontas soltas. Agora se você compra Call of Duty pensando só nas partidas online, não vejo porque ignorar este game. Só não caia nesse marketing que pinta o novo modo Zumbis como a oitava maravilha do mundo. Na prática, não chega aos pés das inovações vistas recentemente em Dead Island 2 e Dying Light 2 Stay Human.
Prós:
🔺 Melhorias no gameplay e mapas dos modos multiplayer
🔺 Modo Zumbis em mundo aberto
🔺 Retorno do Modo de Guerra
🔺 Dublagem no capricho
Contras:
🔻 Campanha curta, pouco criativa e quase nada empolgante
🔻 Mistureba de histórias e personagens
🔻 Problemas de performance na versão de PC
Ficha Técnica:
Lançamento: 10/11/23
Desenvolvedora: Sledgehammer Games
Distribuidora: Activision
Plataformas: PS4, PS5, PC, Xbox Series, Xbox One
Testado no: PC