Skip to main content

Vamos falar sério aqui: alguém sente falta do Bubsy? Alguém nutre algum sentimento de nostalgia pelos jogos deste lince, que teve três jogos ruins e um horroroso em meados dos anos 90? Apesar de ter sido capa da revista Ação Games da segunda metade de maio de 1993 (sim, a publicação era quinzenal naquela época), o primeiro Bubsy, e nem nenhum dos seus sucessores, merecia essa bola toda.

Quem é Bubsy?

Não cheguei a jogar os Bubsy originais na época, mas fiz isso especialmente para ter um embasamento melhor para esta análise: por menos de R$5, adquiri no Steam a coletânea com os dois primeiros games (Bubsy in Claws Encounters of the Furred Kind e Bubsy 2, que saíram para Super Nintendo e Mega Drive), além de ter encarado a versão de Jaguar (Bubsy in: Fractured Furry Tales), por meios pouco convencionais, mas que me permitiram ter uma noção de como eram esses games do felino esquecido pelo tempo e por títulos melhores de plataforma.

Imagem do jogo Bubsy: The Woolies Strike Back
O jogo inteiro é todo assim.

Resumindo, a primeira versão de 16 bits e a de Jaguar são bem parecidas, com velocidade e inércia bizarros, um sistema de morte instantânea quando Bubsy encosta em qualquer coisa que não seja chão ou bolotas de lã, e uma insistência em sempre mostrar para o jogador que o personagem não gosta de água. Bubsy 2 é mais pés no chão, com uma pegada mais lenta e um sistema de energia em vez de apenas uma vida. Lembrando que eu me recusei a jogar Bubsy 3D, considerado por muitas autoridades no assunto como uma das maiores aberrações da história do videogame moderno (da era pós-gráficos poligonais).

Os jogos eram ruins sim, e antes que alguém venha me dizer que na época era tudo assim, eu digo que Ristar, qualquer Sonic, qualquer Mario, qualquer Vectorman, qualquer Donkey Kong Country, qualquer plataforma baseada em franquia Disney e basicamente a maioria dos jogos de mascotes genéricos da época, como Aero the Acro-Bat ou Cool Spot, eram melhores que os Bubsy. Bubsy era ruim. Ninguém precisa de mais Bubsy.

Imagem do jogo Bubsy: The Woolies Strike Back
A habilidade de ataque aéreo continua existindo, mas é subutilizada pelos inimigos serem fáceis demais.

Bubsy: The Woolies Strike Back (avaliado aqui na versão de PC, mas ele também saiu para PS4), desenvolvido pelo estúdio alemão Black Forest Games – aquele da competente série de plataforma 2D Giana Sisters – pode ser considerado o melhor jogo da franquia Bubsy até hoje, por mais que isso seja a mesma coisa que dizer que câncer de pele é o melhor tipo de câncer.

Mais genérico que Bubsy

A apresentação, logo de cara, não impressiona em nada. O jogo é todo em rolagem lateral, como nos antigos Bubsy, mas com a câmera mais afastada, permitindo que pelo menos se veja melhor os obstáculos no caminho. Mas os gráficos, cenários e os três tipos de inimigos são os mais genéricos possíveis, todos muito repetitivos. Eu realmente já tive a sensação de estar jogando a mesma fase pela segunda vez, para depois descobrir que sim, eu estava na próxima fase mesmo.

O esquema continua o mesmo de sempre: o objetivo é chegar no fim da fase, e só. Existem colecionáveis que são as bolas de lã que já existiam nos jogos antigos, e são centenas e centenas delas em cada (tipo, umas 900). Como elas estão por toda parte, e pegar todas não garante nada de especial, eu simplesmente me privei disso a partir da segunda fase. Não faz sentido nenhum colecionar itens que estão em absolutamente toda parte do cenário, como se os desenvolvedores estivessem querendo dizer que a graça é só sair por aí “varrendo” essas bolas de lã. Elas nem ficam em lugares muito escondidos, com exceção de algumas que ficam em uma parte fechada e que exigem uma chave (que também não fica escondia) para ser aberta. A exploração é zero, porque não há nada para ser explorado.

Imagem do jogo Bubsy: The Woolies Strike Back
Você curte bolotas de lã? Então o novo Bubsy… Pera!

São 14 fases (isso inclui os chefes e o tutorial inicial) que podem ser completadas em menos de duas horas, caso o jogador não morra muito nos chefes e não perca tanto tempo com as tais bolas de lã. Realmente, o tempo que eu passei com esse jogo não foi dos piores, porque as mecânicas são melhores que dos Bubsy antigos. Ele ainda pula e plana, mas agora ganhou um ataque básico frontal, e o botão de planar também dá um impulso no ar para o Bubsy. A jogabilidade, realmente, é muito, mas muito melhor que nos antigos Bubsy, apesar de uma certa imprecisão em alguns momentos com o lance de planar e, óbvio, a falta de desafios que justifiquem esse movimento e o de impulso no ar.

A música, essa sim, é um ponto positivo. Apesar das pouquíssimas músicas serem baseadas em um único tema principal, a música é legal sim, e eu não fiquei cansado de ouvir. Muito pelo contrário: até deixei a música principal favoritada no YouTube (nesta versão extendida de 30 minutos), e eu recomendo que todo mundo ouça. A trilha toda fica bem repetitiva, mas a Nintendo fez isso com Super Mario 3D World e ninguém reclamou, então não vamos ser injustos com Bubsy, não é mesmo?

Imagem do jogo Bubsy: The Woolies Strike Back
Este é um dos chefes do game.

Atirem um pau no gato e acabem com ele

No geral, Bubsy: The Woolies Strike Back é um jogo desnecessário. E ele é ruim. Dei nota 4, que não parece ser uma nota assim tão baixa, mas é basicamente porque o game funciona: poucos bugs, a detecção de colisão está lá, enfim, o que temos aqui é o que podemos definir com o jogo. Se alguém tiver a curiosidade, não haverá tanta frustração (tecnicamente) durante a jogatina até o fim.

Mas ninguém quer saber do Bubsy (e nem do Gex, caso alguém queira trazer de volta essa lagartixa maldita), e se os jogos antigos já eram ruins, e esse novo, apesar de não ser totalmente péssimo, é quase um passeio de tão fácil, sem nenhum momento marcante, sem inimigos que te atacam (uma ou outra abelha te ataca) nem nada de legal para se fazer além de andar para o lado direito da fase até chegar ao fim. É tipo tomar um suco de laranja, só que com corante caramelo IV em vez de açúcar. Você não vai passar mal nem nada, mas talvez sua vida seja melhor sem isso.