Fighting Instinct Tournament, ou FIST, é o nome de um desconhecido evento de luta. Não menos interessante que o evento de The King of Fighters, Mortal Kombat e Street Fighter, os combates de Breakers Collection se tornaram emoldurados em uma espécie de cápsula do tempo e a QUByte Interactive resolveu quebrar o molde que o guardava.
Breakers e Breakers Revenge são produtos de seu tempo, jogos de luta exclusivos do sistema NEO GEO e desenvolvidos pela Visco Corporation. Em ambos os títulos temos lutadores de todo o mundo, disputando um torneio pela glória de ser chamado de “mais forte de todos”. Mas para isso terão que derrotar o vilão Bai-Hu, um mago ancestral.
Lutando pela glória absoluta
O únicio contato que tive com Breakers foi na infância, ao folhear uma revista obscura largada no quarto de um primo. As imagens e a curta descrição do jogo não me chamaram tanto a atenção, mas o nome rola tão bem para fora da boca que acabou ficando gravado em um pedaço da minha psique.
Breakers e Breakers Revenge são o mesmo jogo em seu cerne. A diferença é que Breakers Revenge traz um pequeno ajuste no equilíbrio dos personagens, um leve upgrade no visual, mudanças nas barras de vida, a introdução do ninja Saizo e a capacidade de usar o vilão Bai-Hu como um personagem jogável.
Na trama, Bai-Hu mata e possui o corpo de um poderoso e influente homem, pai do lutador Dao-Long. O torneio tem como intuito reunir poderosos guerreiros mundo a fora, cada um com suas habilidades e objetivos próprios, além de, serem potenciais vítimas para saciar a fome do espírito que reside no atual corpo do mago.
Com nove poderosos guerreiros lutando para terem a chance de enfrentá-lo ao final, Bai-Hu assiste do topo de sua torre as batalhas do FIST, apenas esperando seu sacrifício entrar de boa vontade em seus aposentos. Quaisquer que sejam os motivos, todos buscam algo no Fist: a glória contra um rival, um irmão desaparecido, fortunas e mais.
Duelo de titãs
Originalmente, Breakers se chamaria Crystal Legacy e teria os personagens usando cristais para poder acessar suas habilidades especiais. No entanto, a ideia foi descartada para virar um jogo de luta mais padrão. A decisão acabou por gerar outra ideia na mente dos desenvolvedores: aproveitar os personagens descartados, de outra maneira.
Breakers Collection tem ao total oito lutadores no jogo padrão, enquanto a expansão possuí um roster de nove personagens jogáveis no modo história e dez no multiplayer e treino – já que se pode usar Bai-Hu nestes modos. Nenhum design de Crystal Legacy foi jogado fora, mas sim os seus nomes do projeto inicial. Um exemplo é o Americano Condor Heads, que se chamava Red Gigars.
Para não abrir mão dos antigos nomes e colocar os dez oponentes no modo arcade, todos os personagens receberam um doppelganger próprio. A cópia luta igualmente ao personagem, mas possui uma história diferente e até mesmo diálogos únicos no pós luta.
Alguns dos clones possuem gemas, como Red Gigars com a gema da terra, Tai com a gema d’água e a lutadora brasileira Virgo Sandra, alter-ego da mulher fera Rita Estansia, com a gema verde. Mas há também os clones comuns, como o fã do faraó Alsion III, rivais de artes marciais de Sho, Dao-Long, do mosqueteiro italiano Pierre, do mago Sheik Maheri e um fanático por ninjas se passando por Saizo.
Entrando no campo de batalha
As batalhas de Breakers Collection sempre ocorrem nos cenários dos oponentes. Com dez lutas no modo arcade, é sempre possível ver todos eles e, como é de se esperar, os cenários são bem feitos e detalhados, com personagens ao fundo interagindo com a luta e golpes desferidos.
Semelhante à série The King of Fighters, Breakers apresenta apenas socos e chutes fraco e forte, retirando o golpe médio. O game enfatiza o balanceamento e movimentação, recompensando o jogador com mais barra de especial ao criar combos complexos, usar os dashs e backsteps e até mesmo usar o taunt (provocação).
Diferente dos “footsies” convencionais de jogos de luta, em Breakers muitas vezes os personagens podem rolar para frente ou para trás na situação de um dash ou backstep. Isso ajuda a dar um pouco mais de diversidade e complementa os estilos de luta. Diferente de outros jogos de luta, no caso de uma queda, o jogador pode usar o “wake-up” já se movendo para frente ou para trás.
Combando o oponente, o jogador gera barra de especial e aqui ela serve apenas para os supers, não tendo ataques ex ou carregados que gastem parte da barra. O sistema de cancel do jogo é bem orgânico e logo o jogador pega o jeito de cancelar um movimento simples em uma habilidade especial, ou um especial em uma super técnica.
Lutando pelo mundo a fora
A QUByte Interactive fez um excelente trabalho no port e trouxe um modo online para Breakers Collection. Infelizmente, a realidade é que há pouquíssimos jogadores. No período de testes para este review, não vi mais que 20 jogadores ativos nos servidores. Contando com rollback netcode, combinado à uma boa conexão para manter o ping estável, a diversão é garantida e já é mais do que JoJo’s Bizarre Adventure: All-Star Battle R fez no lançamento.
Breakers Collection também traz um interessante modo de galeria que traz fan art de jogadores brasileiros, artes oficiais, sound test e uma entrevista com os desenvolvedores da Visco Corporation. Mas para liberar todo o conteúdo extra é necessário que o jogador vença várias batalhas online.
Breakers Collection veio para ressuscitar uma franquia com grande potencial, mas que acabou ficando relegada às sombras de seus concorrentes mais atrativos e de maior renome. Quem sabe, no futuro, não teremos um revival da franquia. Algo no nível do The King of Fighter XV.