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O trabalho da Archangel Studios, realizado por apenas três profissionais, conseguiu entregar um soulslike muito interessante com Bleak Faith: Forsaken. Mesmo com uma carinha de ser um clone de Dark Souls, inclusive sendo acusados de usarem assets de Elden Ring, este jogo indie possui uma excelente construção de mundo e com características únicas.

Como se o universo de Nier tivesse um filhote com Dark Souls, entregando uma curiosa mistura de características que parece ter saído de histórias medievais, cyberpunks e steampunks, prepare-se para explorar muitas áreas com diversas paisagens diferentes e que conseguem misturam esses estilos visuais numa imensidão de gramados, prédios, ruínas, cabos, engrenagens, estruturas metálicas e templos.

Bleak Faith: Forsaken

Monstros gigantescos, ao melhor estilo Shadow of the Colossus, surgem como um dos principais pontos positivos do jogo para você descobrir e enfrentar, transbordando criatividade e estilo próprio. Tirando os inimigos comuns, que normalmente estão espalhados gratuitamente em cada ruela ou beco apenas para você enfrentar algo na vastidão dos amplos cenários, os chefões são os verdadeiros atrativos, mas que acabam sofrendo pelas limitações do jogo, entre elas a falta de balanceamento, hitbox confusa e problemas no level design.

Soulslike indie e experimental

Preciso começar deixando claro que para encarar Bleak Faith: Forsaken você precisa diminuir todas suas expectativas. Deixe de lado qualquer comparação com outros jogos, principalmente os famosos trabalhos da Fromsoftware, pois estamos tratando de um jogo feito por um estúdio composto por três pessoas e que consegue apresentar muitas boas ideias enquanto sofre demais com suas próprias limitações. Esqueceu de Elden Ring, Dark Souls, Lords of the Fallen, The Surge, Lies of P e outros excelentes soulslike? Então podemos seguir!

Bleak Faith: Forsaken

Através de uma jornada que mistura dimensões e tempos diferentes, fazendo com que a exploração pelo Oministructure aconteça de maneira espacial e temporal, para que os jogadores entendam (ou ao menos tentarem) a lore do jogo. Pelo pouco que consegui entender, o protagonista que controlamos tem a missão de estabilizar uma anomalia que vem causando mutação nos Forsaken, os sobreviventes da colonização travada por God-Emperor. Para isso ele enfrentará os exércitos dos Serdars, de um general caído, os Dreadguards, da guarda real, e os Belisarius, da inquisção, além das criaturas que sofreram essa tal mutação.

Confesso que Bleak Faith: Forsaken impressiona na construção de mundo, mas falha em trabalhar sua lore. São poucos diálogos e NPCs que fornecessem informações relevantes, além de poucos itens que ajudam no entendimento desse mundo. Muitas coisas eu consegui compreender ao pesquisar sobre a Omnistructure, inclusive para entender essa mudança temporal e dimensional. No entanto, os desenvolvedores acertaram muito bem na maneira como traduziram visualmente esse amalgama de estilos e temáticas, num mundo imenso e interconectado, porém sem qualquer apoio de personagens guias ou mapa.

Bleak Faith: Forsaken

Deixado a história, o visual e o mundinho de lado, começamos a nos deparar com as limitações impostas por ser um jogo indie, com baixo orçamento e poucas pessoas no desenvolvimento. Importante ressaltar que o trabalho da Archangel Studios ainda consegue ser muito superior aos jogos AAA que tentam acompanhar a mania soulslike e por esse motivo é que você merece dar uma chance, mas mensure muito bem suas expectativas.

Um diamante que precisa de polimento

Mesmo com um mundo vasto, grandes cenários (imensos não seria exagero) e tudo muito gigantesco, o level design é muito confuso por tentar simular o feito de outros títulos que surgem como referência. Muitas bifurcações que deixam o jogador confuso, sem o apoio de qualquer mapa ou guia, fazem com que muitas vezes a exploração seja frustrante. Ainda que o apelo visual mantenha o interesse em descobrir mais sobre o Oministructure, diversas vezes eu não conseguia lembrar o caminho para retornar ou ao morrer eu não conseguia alcançar aquele ponto mais distante.

Bleak Faith: Forsaken

Some isso ao fato de que os inimigos simples não oferecem muita ameaça e que estão dispostos pelo mundo sem muito critério ou valorizando o level design. Além disso o balanceamento entre eles parece não existir, pois em uma ruazinha você enfrenta uma caveira que morre com um golpe, para virar a esquina e se deparar com uma espécie de samurai ciborgue com exoesqueleto que derrotará você em um golpe, mesmo ao usarmos escudo para nos defendermos.

A hitbox durante os combates também é bem confusa, deixando o combate com resoluções sem entendermos o que aconteceu. Diferente de Elden Ring, que mascara os momentos em que precisamos pular para desviar de um ataque, Bleak Faith: Forsaken deixa bem claro quando você precisa pular o pulo. No entanto, muitos golpes que parecem bater no inimigo não causam dano ou o próprio level design acaba fazendo com que você não consiga atacar, por exemplo, ao enfrentar um cavaleiro em plena escadaria. Por conta disso, o sistema de parry também fica complexo e pouco interessante.

Bleak Faith: Forsaken

Tudo nesse jogo possui muito potencial, porém parece faltar tempo de polimento e teste. A prova disso são lutas contra o Aberrant Knight, em que seu personagem escala por ele, o visual diferentão do metalizado Silicon Visage, e a imensidão do Wormlord são alguns exemplos. Acredito que essa seja a principal prova de que, por mais que tenhamos um jogo com suas limitações, Bleak Faith: Forsaken pode ser estressante e uma tarefa muito árdua para ser jogado, porém acaba nos prendendo por horas pela capacidade em trabalhar esse universo fantástico.

Nem sempre boas ideias consegue manter um trabalho vivo e Bleak Faith: Forsaken é a prova de que essa reunião de excelentes iniciativas merece atenção, mas talvez leve alguns meses para ficar mais acessível. A base de um bom soulsklike existe, assim como o show de criatividade já demonstra motivos para você investir seu tempo e dinheiro, com boas adições ao gameplay e customização do seu personagem, como os perks que adicionam uma camada extra de personalização ao seu estilo de jogo.

Bleak Faith: Forsaken

O visual engrandece a jornada e a excelente trilha sonora pontua muito bem a experiência imersiva, mas que logo quebra a magia por conta dos problemas de jogabilidade que as limitações do seu próprio escopo impuseram ao seu desenvolvimento. Esse review (e não apenas a nota) é a principal justificativa para você dar uma chance ao Bleak Faith: Forsaken, mas ciente de que você precisa se aventurar pelo Oministructure por conta e risco.

68 %


Prós:

🔺 Construção de mundo muito interessante
🔺 Cenários com visuais impressionantes
🔺 Inimigos gigantescos e diferentes
🔺 Proposta muito criativa para esse soulslike

Contras:

🔻 Level design muito confuso
🔻 Problemas de movimentação e falta de peso no personagem
🔻 Hitbox com sérios erros ao identificar os golpes
🔻 Falta de balanceamento entre os inimigos
🔻 Falta de informação ou guias

Ficha Técnica:

Lançamento: 05/07/24
Desenvolvedora: Archangel Studios
Distribuidora: Archangel Studios
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series
Testado no: PS5

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