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Não é segredo que o futuro é uma das maiores obsessões do homem. As previsões referentes à sociedade, tanto esteticamente quanto em comportamento, geralmente se mostram muito absurdas quando levamos em conta as representações antigas. Quem não se lembra do filme De Volta para o Futuro 2, onde o protagonista Marty McFly consegue um skate voador em 2015? Ou no filme Blade Runner, onde Rick Deckard trava uma luta contra seres humanos criados da bioengenharia em 2019? Esse último filme foi um marco na cultura pop pois, graças a ele, o gênero cyberpunk foi consolidado, se tornando um dos favoritos entre os gamers. Seguindo essa temática, Black Future ’88 busca fazer jus ao sucesso do estilo.

Desenvolvido pela SUPERSCARYSNAKES, Black Future ’88 explora a temática cyberpunk utilizando elementos de rogue-lite e ação para compor o seu gameplay. O plano de fundo para os acontecimentos descritos no game é um cenário macabro, onde a chuva é eterna e o sol não brilha devido a uma grande guerra nuclear. No ano de 1988, uma grande explosão ocorre e as pessoas desistiram de contar os anos. Nessa realidade, estamos na pele de um dos sobreviventes que tem a missão de subir a torre da “Skymelt” (pegou a referência à Exterminador do Futuro?), a grande responsável pelo apocalipse visível no jogo, a fim de derrotar o seu líder.

O tempo é o seu maior inimigo

Após um breve tutorial explicando as mecânicas básicas, somos introduzidos ao universo de Black Future ’88. A primeira informação relevante na tela é um relógio no canto superior esquerdo, que indica uma contagem regressiva de 18 minutos. Esse é o período de tempo que lhe é oferecido para matar o vilão. Embora o tempo pareça curto demais para uma jogatina, vale lembrar que não há save e se você morrer ou o tempo esgotar, o jogo recomeça do zero.

Embora a dificuldade seja bem alta, há algumas melhorias para liberar gastando o dinheiro coletado através dos inimigos exterminados. Tem uma loja para as armas e outra para os “stims”, uma espécie de injeção que oferece vantagens ao jogador, como recuperar a vida e obter escudo. Porém, os recursos que envolvem stims causam penalidades ao jogador, se tornando uma espécie de faca de dois gumes.

Imagem do jogo Black Future '88
Mesclar o tempo disponível com os inimigos é uma tarefa árdua!

Utilizando o aumento no tempo de vida como exemplo, caso o jogador tenha dinheiro e queira prolongar a run, ele terá que injetar um stim. O preço a ser pago por essa vantagem será uma infecção no sangue. Uma vez com essa maldição, o jogador receberá uma quantidade maior de dano quando for acertado por inimigos, porém perderá essa penalidade caso tome uma quantidade elevada de hits (simulando a cura pelo sangramento, onde o sangue infectado é eliminado do corpo).

Além de tomar cuidado com o tempo limite, o jogador deverá ser rápido para coletar os itens dropados pelos inimigos (munição, vida e dinheiro). Apenas as armas são mantidas nos cenários, ficando marcadas no mini mapa. Em Black Future ’88, a torre da Skymelt possui uma barra de experiência, cujo progresso depende da quantidade de coletáveis abandonados pelo personagem. O jogo ficará mais difícil quando a barra chegar ao seu nível máximo, pois seus inimigos ganharão bônus que incluem: o aumento da quantidade de adversários em um cenário, uma quantidade maior de dano recebido, a Skymelt absorvendo itens dropados mais rapidamente, etc.

Escolhas difíceis são necessárias

Como dito anteriormente, o jogo constantemente oferece decisões aos jogadores, mas elas não se resumem apenas aos stims. Você quer uma habilidade muito legal que te permite soltar espinhos toda vez que receber dano? Então tome o dobro de dano dos seus inimigos! Gostaria de causar mais dano quando a sua barra de vida estiver alta? Então receba o dobro de inimigos em todos os cenários!

Imagem do jogo Black Future '88
O quanto você está disposto a ceder por um bônus?

Esses benefícios são disponibilizados quando o personagem encontra terminais em alguns cenários ou quando um chefe de estágio é derrotado. São oferecidas três vantagens para escolher, sendo que os de cor roxa possuem consequências atreladas, enquanto os que estão em azul não. E tem as vermelhas também, ainda mais poderosas e sem desvantagens. Ao acessar o terminal roxo, ele te obriga a escolher uma habilidade amaldiçoada. E com frequência as três opções mais te penalizam do que ajudam. Ponderando o custo/benefício, muitas vezes compensa ignorar o terminal e seguir o jogo.

Enquanto alguns bônus parecem bem balanceados, outros são muito apelões na maioria dos cenários, mesmo que eles tragam algumas inconveniências ao jogador. Durante o meu gameplay, consegui derrotar três chefes apenas utilizando a habilidade que permite soltar espinhos a cada dano recebido.

Os inimigos são um show à parte

Já que contei a minha marotagem estratégia contra um grupo de chefões, nada mais justo que falar um pouco mais deles. Na interface, um símbolo de caveira indica a direção para o chefão. Ao matar um determinado número de inimigos, uma porta vermelha é liberada para o chefão. As pombas voam e chegou a hora de pagar por seus pecados. Ao vencer, sua vitória concede a escolha de uma nova habilidade (entre três opções) e a porta para o próximo estágio se abre.

Imagem do jogo Black Future '88
Nada mais clássico do que um inimigo robô em um jogo cyberpunk.

Uma vez atravessando a porta vermelha, os grandes vilões do jogo dão o ar da graça. Cada um deles contém um estilo diferente, tanto visualmente quanto mecanicamente. Posso destacar o robô conhecido como Prophet-S (que mais parece ter saído de um jogo do Sonic). Para derrotá-lo, o jogador deverá usar sua esquiva (um dash tipo teleporte) e coletar as armas mais poderosas disponíveis, pois não será uma tarefa muito fácil caso seu equipamento não seja o adequado.

Além dos chefões, temos também os caçadores, que são tipos especiais de inimigos focados em te eliminar a qualquer custo. Eles aparecem durante os cenários normais, se misturando com os inimigos comuns toda vez que são chamados pela Skymelt. Como não são considerados chefes de estágios, lidar com eles é uma tarefa que requer atenção, mas nada muito difícil.

Imagem do jogo Black Future '88
Tem momentos que uma explosão como essa pode acabar com você na hora.

Por se tratar de um jogo com cenários gerados proceduralmente, somos incentivados a explorar cada parte do mapa para recolher recursos, assim tornando o gameplay mais fácil. Não é necessário visitar cada centímetro desse universo, pois o jogador poderá pegar o caminho mais curto até o chefão, caso ache que está forte o suficiente.

Em suma, Black Future ’88 é uma excelente sugestão para quem gosta de um bom rogue-lite. Apesar das suas limitações técnicas, é um game bastante criativo na maneira em que lida com seus problemas. O gameplay frenético e sua atmosfera cyberpunk prendem o jogador, onde os inimigos possuem comportamentos distintos. A dificuldade aumenta a cada deslize cometido, porém somos recompensados a cada game over devido a uma mecânica de experiência, que nos permite liberar vantagens e novas armas. Vale destacar também a música original, com um synthwave que agrega e muito para a ambientação geral.

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