Como um dos poucos que gostou de Bayonetta, mas jogou apenas o primeiro jogo, volto para a franquia neste prequel da série principal. Desenvolvido pela PlatinumGames Inc., Bayonetta Origins: Cereza and the Lost Demon chega com uma proposta diferenciada e gameplay mais cadenciado.
Seja pela proposta visual ou até mesmo quebrando a ação desenfreada da trilogia já lançada, este jogo encanta pela proposta, quase como uma paródia de Alice no País das Maravilhas, com um visual fantástico e que promete desafios ao trocar habilidade na execução de combos pelo raciocínio lógico.
Era uma vez…
Com uma direção de arte única, que mescla ambientes 3D com o que parece ser uma mistura de 2D e cell shading, temos a impressão de trilhar um livro ilustrado. Repleto de cores, distribuídas pelos cenários quase como se fossem feitos com traços de giz de cera, o jogo faz questão de criar uma ambientação e imersão únicas, com sua evolução sendo feita com o virar de páginas enquanto pausa para explorar cada passagem dessa história.
O motivo dessa ambientação está diretamente ligada à proposta de história ao construir o passado de Cereza, muito antes dela se tornar a bruxa bad ass e voluptuosa, em busca da sua mãe aprisionada pelo crime de amar um Sábio de Lumen mesmo sendo uma Bruxa Umbra.
Entre uma aula de magia e outra, sob supervisão de sua mestre Morgana, ela divide seus pensamentos e sentimentos com Cheshire, um gato de pelúcia que está sempre em seus braços. Após um estranho sonho, com um misterioso menino e um lobo branco, ela parte em uma jornada pela Floresta de Avalon.
Até este momento somos levados a pensar que o “Lost Demon” talvez seja o menino ou o lobo, mas durante uma das primeiras batalhas temos uma grata surpresa que abre mais uma dúvida sobre o demônio referenciado no título.
Ao tentar invocar um demônio para se proteger do ataque das fadas, Cereza acidentalmente aprisiona o espírito infernal em seu bichinho de pelúcia, dando vida à Cheshire. A partir de então você não terá somente a companhia do seu fiel amigo, mas também um companheiro de aventura e combate!
Co-op entre Joy-Cons
Com Ceshire ao lado de Cereza, o jogo ganha uma proposta completamente nova em que você utilizará o Joy-Con da esquerda para controlar a jovem bruxinha enquanto o da direita servirá como controlador do demônio de pelúcia. Essa mecânica acontece em tempo real, tanto na exploração quanto no combate, exigindo habilidade para mover, atacar, utilizar habilidades e sobreviver de ambos ao mesmo tempo.
Para a exploração os desenvolvedores adicionaram o fator “distância” entre os dois personagens, fazendo com que você não consiga separá-los para realizar os quebra-cabeças ao longo dos cenários. Este ponto se torna ainda mais interessante por exigir um raciocínio além do básico, dificultando certas situações que podem parecer fáceis.
Além disso, por se tratar de uma floresta e inclusive justificando todo o trabalho de ambientação e os elementos coloridos, descobrimos que demônios não gostam do cheiro de alecrim (rosemary), fazendo com que Cheshire não consiga acessar áreas repletas de flores e com uma nuvem verde ao redor, dificultando as tarefas.
Ainda na exploração, Cheshire pode ser usado em sua forma demoníaca para atacar e abrir caminho, porém também pode ser carregado nos braços de Cereza, fazendo com que um chicote/tentáculo saia dele para interagir com o cenário, coletando, saltando e puxando.
Para o combate temos Cereza e sua magia para aprisionar os inimigos, enquanto Ceshire ataca e destrói seus inimigos com combos, criando uma dinâmica que pode parecer complexa, mas acaba sendo divertida de masterizar ao longo das dez horas de jogo.
O mais importante é a facilidade que temos em alternar entre essas versões do “demôniomon” a qualquer momento, apertando apenas um botão. Essa dinâmica de parceria e colaboração entre os dois personagens é um dos pontos centrais na evolução da história, muito bem construída pela jogabilidade e narrativa.
Mundo mágico e fantástico
O lado infantil de Cereza e sua jornada através da evolução na magia enquanto busca por sua mãe, tentando entender os mistérios desta floresta, são temas muito bem traduzidos pela proposta de cenários e estrutura que o jogo possui.
Ao longo de caminhos de Avalon encontramos algumas etapas de combate e pequenos puzzles, fazendo com que a narrativa se desenrole. Em paralelo temos a grata adição do Tir Na Nog, um mundo espelhado e que descobrimos ao esbarrar numa “parede” que divide os mundos.
Estas sessões dentro de Avalon funcionam como pequenas dungeons ou áreas com desafios pontuais para você resolver, sempre com sequências de puzzle e batalhas em ondas contra fadas ou mini-boss, recebendo recursos para upgrade da dupla ou recursos para criação de poções, que são usadas em batalha para causar alteração de status nos inimigos.
Como um livro infantil, em que você tem a jornada da nossa pequena heroína, esta história de descoberta e crescimento une perfeitamente os elementos, inclusive visuais e a trilha sonora, para criar uma experiência repleta de crescimento e descobertas. Além de ser uma quebra no estilo da franquia, com certeza será uma grata surpresa e excelente boa porta de entrada para a jornada de Bayonetta.