Tem jogo que merece um tempo extra para se fazer um review justo, e Battlefield 6 é um bom exemplo. O jogo saiu em outubro com vários problemas nos modos multiplayer, como coisas clipando, veículos sendo catapultados no ar, jogador caindo no limbo (abaixo do mapa), e por aí vai. A imprensa especializada e os jogadores, com toda a razão do mundo, caíram matando. Mas que a verdade seja dita: só dava pra ver o real potencial do game com o tempo, principalmente depois do lançamento do REDSEC, o battle royale inédito na franquia. Felizmente, eu tive paciência para aguardar.
Battlefield 6 está perfeito agora? Não, longe disso, mas já melhorou um bocado. Neste review vou esmiuçar tudo que gostei e não gostei após dezenas de horas de jogatina, especialmente no REDSEC – onde passei a maior parte do tempo e, graças à Deus, não tem nada a ver com Call of Duty Warzone.

Retorno à boa fórmula, mas com muitos poréns
Vale dizer que a franquia voltou pra fórmula que mais deu certo, mesclando o melhor de Battlefield 4 com Bad Company 2. Tem mapas gigantes, tem vários veículos e, principalmente, destruição em larga escala. E agora de um jeito bastante especial, sendo possível colocar prédios inteiros abaixo. O jogo saiu com uma quantidade um tanto modesta de armas, mas ainda assim maior que no lançamento desastroso de Battlefield 2042. Neste momento Battlefield 6 conta com 52 armas e, no último update, renomearam algumas com nomes fictícios (MPX virou GPX, por exemplo).
Independentemente do modo multiplayer que for jogar, Battlefield 6 apresenta um sistema de progressão e recompensa extremamente lento. Mesmo que você suba muitos níveis, as recompensas são pífias. Em outras palavras, leva um século para você desbloquear os acessórios das suas armas favoritas, conseguir novas texturas ou qualquer outra coisa que te deixe realmente empolgado. Pra piorar, os desafios são absurdamente difíceis de completar, devido aos números surreais que algum funcionário amargurado da Battlefield Studios definiu em um dia de chuva forte. Quer um exemplo? Conseguir 150 kills por headshot com rifles de precisão a mais de 200 metros de distância. Detalhe: a maioria dos mapas não permitem que você fique nesta distância!

Se você não se importa com progressão e quer apenas entrar nas partidas online e se divertir, então realmente terá uma ótima experiência. Battlefield 6 é belíssimo, com detalhes a perder de vista, e facilmente promove momentos épicos. O jogo o incentiva a alternar entre as 4 classes (Assalto, Engenharia, Suporte e Reconhecimento) para testar estratégias diferentes, bem como se divertir com as habilidades de cada classe. Um jogador pode fazer muitos pontos na partida só salvando geral, com a classe Suporte. Neste exemplo, se você usar o desfibrilador em seu aliado ele volta com 50% de saúde. Mas se carregar a carga no máximo, ele volta à ação com 100%. E se atingir um inimigo com a mesma carga, você o mata na hora.
As possibilidades são infinitas, promovendo cenas incríveis (e muitas vezes hilárias) que vão parar no YouTube e redes sociais. A comunidade de Battlefield segue forte, inclusive no retorno do Portal com criações malucas como escalada e corrida de jato, perfeito para você treinar a pilotagem. É só uma pena ver mapas sendo criados para o grinding desenfreado, sem qualquer moderação, pra jogar contra bots e ganhar EXP muito mais rápido que os demais jogadores nos modos oficiais do multiplayer.

REDSEC, um battle royale diferenciado
Desde que o REDSEC foi lançado, no finalzinho de outubro, o ânimo dos jogadores deu uma boa guinada. É fato que a base de jogadores online caiu bastante desde o lançamento, de 750 mil para 260 mil jogadores online diariamente, segundo o SteamDB. E só não caiu mais porque REDSEC é muito bom. A começar pelo imenso mapa, com áreas distintas e muitas possibilidades. Você pode jogar sozinho, em dupla ou em quarteto, vencendo o último pelotão de pé no mapa antes que um anel de fogo consuma tudo.
Para não cair na mesmice de sempre, da corrida atrás de loot, o jogo faz uso das classes para criar vantagens estratégicas, além de introduzir missões que (ao serem completadas) dão recompensas valiosas para ter mais chance contra outros pelotões fortemente armados. Outra coisa legal é a segunda chance, podendo voltar pro jogo mais uma vez – caso o time todo não tenha morrido. Isso até ser desativado pelo avanço da partida e precisar acessar uma torre de reposicionamento para trazer os amigos caídos de volta à partida. É sempre uma tarefa difícil, já que um alarme é disparado avisando seus adversários. Solicitar entrega de caixa de munição ou pegar um tanque também chamam a atenção, deixando tudo ainda mais tenso.

O REDSEC de Battlefield 6 ainda conta com um sistema interessante de upgrade de armas: você encontra kits que pode usar nas armas relacionadas, aprimorando uma arma comum em pouco tempo, sendo um caminho mais fácil do que correr atrás de loot melhor nas caixas ou drop de inimigos. Outra coisa legal é a entrega de arma personalizada, que permite você pegar sua arma favorita dos modos tradicionais, com todos os acessórios e visual que definiu. Uma grande mão na roda, pra equilibrar o jogo. E a sacada do anel de fogo, empurrando os jogadores para áreas cada vez menores, tem um toque especial: o fogo mata na hora!
Manual de como irritar os fãs
Enquanto que Battlefield 6 acerta nos modos multiplayer, como Conquista e o inédito (e excelente) Ruptura, o jogo falha abismalmente na campanha. O modo história é curto e genérico pra caramba, mesmo que promova momentos épicos “scriptados”, surpreendendo somente pela destruição. Em função da Electronic Arts não querer mais incomodar países como Rússia e China, a história parte pra ficção narrando o conflito entre as facções NATO (lado do jogador, um soldado de elite) e Pax Armata, uma corporação militar particular que passou a tacar o terror nos Estados Unidos.

Mesmo com a trama manjada e personagens nada carismáticas, é possível se divertir com a campanha. Dura pouco, cerca de 4 horas, mas ao menos treina o jogador pro multiplayer com os bots. É um jeito de conhecer o arsenal, se acostumar com os veículos e testar táticas. Não é a mesma coisa que o modo de treinamento, mas serve como uma boa introdução.
Battlefield 6 segue rumo às melhorias e não duvido que daqui um tempo será um jogo melhor. No momento, indico apenas para quem sempre foi fã da franquia e para aqueles que querem ver qualé do REDSEC, que é um jogo à parte e gratuito. Um battle royale divertido e viciante. Só não dá pra ignorar os problemas do jogo base, que ainda são muitos. E seria perfeito se a Battlefield Studios largasse mão dessa interface de usuário “Netflixzada”, com menus blocados no mesmo estilo horroroso que Call of Duty estabeleceu. Tem fãs sugerindo interfaces bem melhores na internet.

Eu gostaria de saber como a Electronic Arts tem coragem de cobrar R$ 109 no Battlefield Pro Temporada 1? Além de oferecer cosméticos que não compensam o investimento e hospedagem dedicada de servidor para 100 pessoas no Portal (sendo que pouca gente tá jogando os mapas customizados), os 25 saltos de nível na Temporada 1 mal surtem efeito na progresão do jogador. E os R$ 130 na Melhoria Phantom? Mais cosméticos dispensáveis e um kit de reforço de EXP em troca de um valor exorbitante. Isso sem falar nas moedas de Battlefield, compradas para acelerar o desbloqueio das recompensas.
Como podem pensar no modelo GaaS (Game as a Service) para um jogo AAA caro como este? No REDSEC eu até entendo, por ser grátis, mas Battlefield 6 está atrelado ao mesmo progresso do jogador. É difícil de aceitar que a Electronic Arts tomou esse caminho. Mas enfim, só nos resta torcer para que o jogo fique melhor polido com o tempo e nos entregue novidades sem a obrigatoriedade de pagar por passes de temporada.
Prós:
🔺Multiplayer cheio de novidades
🔺Modos inéditos, como Ruptura e Ponto de Impacto
🔺REDSEC entrega uma experiência nova
🔺Trilha e efeitos sonoros primorosos
🔺Visual bonito e otimizado para performance
Contras:
🔻Campanha solo fraca, dispensável
🔻Péssima interface de usuário
🔻Conteúdo adicional caríssimo
🔻Bugs, muitos bugs
Ficha Técnica:
Lançamento: 10/10/2025
Desenvolvedora: Battlefield Studios
Distribuidora: Electronic Arts
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series
Testado no: PC


