Vamos combinar que completar 25 anos não é para qualquer franquia, ainda mais mantendo um alto nível em toda a série Atelier, sem contar o tempo em que ficou exclusiva ao mercado japonês. Para comemorar este marco, a Guts e Koei Tecmo decidiram retornar às origens com o lançamento global de Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg.
Com o sucesso da série e após mais de 20 jogos finalmente podemos conhecer e jogar como tudo começou, com uma mistura de saudosismo e aquele quentinho dos cozy games, repleto de aventuras fofinhas e um bom balanceamento de dificuldade na proposta de mecânicas.
Aventuras, alquimia e caldeirão
No papel da protagonista Marlone, mais conhecida como Marie, uma jovem aprendiz de alquimista que está em busca de sua certificação na Royal Academy of Magic. Ao receber uma última chance da Professora Ingrid, precisaremos administrar um ateliê com a missão de criarmos itens capazes de impressionar os avaliadores da academia surpresos com o nosso progresso.
A partir deste plot principal temos as duas mecânicas mais importantes do jogo: gestão de tempo e recursos. Para Marlone cumprir este desafio nós teremos apenas 5 anos, que pode parecer muito, mas ao longo do jogo você perceberá que não é. Além disso teremos diversas jornadas pelo mundinho de Salburg para explorar e coletar os mais variados tipos de itens, elementos e materiais, tudo com foco na etapa de crafting que o Atelier Marie possui.
Para este remake temos a opção de escolher o “Unlimited Mode”, em que o jogo poderá ser finalizado com qualquer tempo depois do prazo para graduação. Caso queira ter a experiência do original lançado em 1997 para Playstation, então basta seguir no “Normal Mode” com o prazo limite de cinco anos e encerrando o jogo ao final desse período de estudo da Marie.
Diferente dos jogos mais recentes da série Atelier, com Sophie e Ryza, para as gerações mais novas, porém vindo de Elie, Lilie, Judie, Viorate e Iris, nos consoles anteriores, em The Alchemist of Salburg temos um fator de simulação menor e um foco maior no loot e crafting. No entanto fiquei desapontado em como criar os itens em seu caldeirão, ao retornar para o ateliê, tem um desafio baixo (com poucas falhas) e não obriga coletarmos todas as ferramentas necessárias, apenas os materiais.
Com uma história fragmentada em acontecimentos para cada personagem com quem Marlone se envolve no desenrolar do jogo, pouco a pouco vamos descobrindo mais sobre Salburg, a Academia e seus amigos, ao cumprirmos missões e tarefas que estão relacionadas ao seu círculo de convivência.
No fim do jogo, pode até parecer que todas as narrativas sejam bobinhas, mas ela acompanha o estilo simples e fofinho do jogo, proporcionando boas doses de entretenimento e aumentando muito o fator replay. Afinal é impossível realizar tudo o que o jogo propõe, principalmente os acontecimentos atrelados às datas no calendário anual, fazendo com que você continue jogando.
Coletar e sintetizar
Com Marlone você poderá seguir em companhia de Schea, sua melhor amiga, contratando outros personagens para integrar o trio de aventureiros em busca de materiais, para cumprir as diversas missões do jogo. Cada um com o estilo de habilidades e ataques, de cavaleiros à magos, bem aos moldes de RPG tradicionais e com combate em turno, você também terá neste remake a opção de acionar o “Auto” para as lutas, facilitando e agilizando o ganho de experiência e coleta de recursos que não estão pelo mapa.
Além da exploração e coleta de recursos, que pode ser ainda mais fácil ao selecionar a opção “Simple Gathering” para automatizar a busca por materiais sem explorar, temos alguns joguinhos que surgem ao longo do mapa ou em determinadas situações. Colocando Marlone em 2D lateral para pular por cima de slimes, bater em monstrinhos que caem do céu ou coletar itens, Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg oferece alguns minigames para quebrar a monotonia que o looping pode acabar criando ao longo das 12 horas de jornada.
Outro ponto que surge com sua missão principal, para se formar como alquimista, é o ganho de conhecimento (knowledge), que está atrelado diretamente à interação com os personagens do jogo e o desenrolar das histórias em torno do enredo principal. Legal perceber neste ponto a evolução da protagonista, pois além da experiência em combate, você precisará ir até a academia para aprender novas receitas para sintetizar cada vez mais itens que farão você progredir em sua missão.
O cumprimento das missões, disponíveis na taverna da cidade, também proporcionam conhecimento, além de dinheiro e reputação; porém sua “popularidade” pode ser prejudicada ao não cumprir o prazo determinado para a entrega dos itens solicitados. No entanto não vi efeitos negativos no progresso do jogo por ele ser pouco punitivo em todas as suas propostas, principalmente ao falhar excessivamente na conclusão das side quests.
Fofura ao extremo
O visual de Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg esbanja carisma, unindo o estilo chibi com muitas cores e cuidado ao retratar esse mundinho, com muita expressividade, quase como se realmente estivessem vivos dentro da tela. A trilha sonora também impressiona pelo trabalho orquestrado, capaz de seguir a proposta dos acontecimentos e resgatar a era em que os jogos eram lembrados por suas músicas, não apenas pelo tema principal.
A Gust fez um trabalho completo com o remake, adicionando diversas melhorias com foco na qualidade de vida. Além das opções para automatizar o combate e exploração, o jogo oferece muitos tutoriais, indicações em tela sobre o que você precisa fazer, mapas para todas as regiões e menus bem práticos para você entender os acontecimentos anuais, missões e itens, além do sistema de viagem rápida para otimizar ainda mais o tempo em jogo.
Este é o jogo perfeito para você sentar, relaxar e curtir muitas horas de jogatina despretenciosas. Minha dica para os iniciantes: siga com o modo ilimitado para o tempo e aproveite para tentar realizar tudo que o jogo possui, sem se preocupar com o calendário.
Trazendo um pouco de toda a essência da franquia, com um gameplay mais simples, mais recompensador e num curto prazo para a conclusão, Atelier Marie Remake: The Alchemist of Salburg oferece um excelente remake, com muitas melhorias para justificar seu lançamento, sendo uma boa opção para os curiosos ou para quem está cansado de jogos muito intessos e só busca por momentos agradáveis e fofinhos.