Aos poucos, o Switch vem se transformando no melhor console para matar saudades de jogos clássicos. Não que esta (e outras) coletâneas sejam exclusivas do console, mas a portabilidade e as opções extras fazem diferença. Adorei voltar ao passado com SNK 40th Anniversary Collection e SEGA Genesis Classics, mas ainda desejo botar as mãos em mais coletâneas como estas.
Previamente lançado em volumes, Atari Flashback Classics chegou ao Switch com a coleção completa de 150 títulos. São jogos de Arcade e das versões 2600 e 5200 do Atari, o console que popularizou de vez os videogames no mundo. Eu nasci durante a explosão do Atari no Brasil, enquanto que lá nos Estados Unidos o Nintendinho (NES) já estava por vir. Ter um Atari 2600 da Polyvox foi a minha iniciação nesta paixão, que inclusive resultou neste site.
Biblioteca grande, mas sem alguns clássicos
Se você viveu na época do Atari e alguém te pergunta quais os jogos mais famosos, é impossível não citar logo de cara Pac-Man, Pitfall, River Raid e Space Invaders. Estes e muitos outros títulos estão fora da coletânea por questões autorais, uma vez que estes quatro jogos foram produzidos pela Namco, Activision e Taito, respectivamente. Aqui você encontra apenas jogos da Atari e de mais ninguém, e isso influencia um bocado na decisão de compra.
A lista com 150 jogos pode parecer expressiva, porém há vários jogos pouco populares entre os brasileiros, mesmo levando em consideração a acessibilidade com a pirataria de outrora. Eu nunca havia jogado Fatal Run, um clone mais bonito de Enduro, ou Save Mary, em que você posiciona plataformas pra salvar uma mulher de uma enchente. Dois games interessantes entre outros inéditos para mim, como Circus Atari, Holey Moley e MotoRodeo.
Ainda que os jogos para Atari 2600 sejam maioria, alguns títulos de peso para Atari 5200 compõem a lista, como Asteroids, Centipede, Missile Command e Super Breakout – todos adaptados da versão original de Arcade. E por falar em fliperamas, há 32 jogos para jogar em toda a sua glória, inclusive com opção para virar a tela do Switch na vertical (como em Super Bug). Nestes jogos de Arcade, um layout temático preenche o espaço vazio ao redor da tela. Pena que o mesmo não acontece com os títulos de Atari 2600 e 5200, rodando os games em meio ao limbo do fundo preto. Um layout padrão da Atari para todos os jogos já ficaria visualmente melhor.
No geral a emulação da Code Mystics funciona perfeitamente bem no Switch. A navegação através da biblioteca é prática, os jogos carregam rápido e as opções de cada game são apresentadas à parte para facilitar a configuração, principalmente nos jogos multiplayer. Dá inclusive para navegar e jogar com a tela touch, só não espere por um gameplay preciso. Como extra, os jogos de console possuem manuais para acessar, mas alguns deles apresentam baixa qualidade de escaneamento.
Nos jogos de Arcade, que dariam extras bem legais como fotos do gabinete, simplesmente não há conteúdo adicional. Apenas um placar mundial que, para consultar e participar, exige assinatura do Nintendo Switch Online. Para quem curte conquistas, a coletânea oferece 66 desafios com dificuldade variada.
Um detalhe que pode deixar muitos jogadores furiosos é a ausência de opção para ajustar a sensibilidade do analógico. Tanto os bastões de Arcade como os controles do Atari 2600 e 5200 possuem um tamanho que influencia na jogabilidade. Como o analógico do joy-con é pequeno demais, esta sensibilidade aumenta tanto que certos jogos são praticamente impossíveis de jogar, como Pong e Breakout. O jeito é usar os botões direcionais do joy-con esquerdo; multiplayer com os dois joy-cons, só com analógico mesmo.
Atari Flashback Classics vale o investimento? Se você for um jogador mais velho e estiver com saudades dos primeiros jogos da história, com certeza vale. Mas caso você tenha chegado ao mundo já na sétima geração de consoles (PS3, Xbox 360 e Wii), que a verdade seja dita, dificilmente irá se interessar por esta coletânea. Aos curiosos e fãs de retro gaming, certamente é uma compra a ser considerara.