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Muitas vezes a essência mais pura da diversão pode ser encontrada na simplicidade. Atualmente ficamos cada vez mais e mais ansiosos pelos títulos com explosões, imagens foto-realísticas e aventuras e mecânicas cada vez mais complexas. Por isso Ape Out consegue ser tão viciante e encantador em sua premissa básica. E mesmo que o trailer não deixe muita gente empolgada, o gameplay certamente mudará a opinião.

Buscando inspiração na escola artística visual e musical da década de 60, Ape Out é uma verdadeira loucura. Você entra na pele de um gorila em busca de liberdade, lindando com caçadores na base da violência e muito Jazz.

Macacos me mordam

Em Ape Out controlamos um gorila que, após se ver encarcerado por tempo demais, resolve “soltar a macaca” em cima de seus captores. Quebrando sua prisão e assassinando um dos guardas no processo, nosso amigo primata precisa abrir caminho até a saída, seja de maneira sorrateira ou destruindo tudo e todos em seu caminho.

Um jogo à moda anos 60. Jazz, Art-Deco, cores fortes e um tom de desgaste urbano.

Contando com um estilo visual simples e totalmente artístico, o jogo se torna mais uma experiência do que apenas mais um título. Ao usar mapas gerados proceduralmente, nenhum mapa será igual ao anterior, mantendo o jogo em constante mutação. A trilha sonora é executada de maneira estratégica e entra na brincadeira ao ser totalmente dinâmica, permitindo que os pratos da bateria e contratempos fiquem por conta das ações do jogador ao destruir obstáculos e inimigos.

Em Ape Out não há comandos complicados, habilidades desbloqueáveis ou coisas do gênero. Aqui se utiliza apenas a boa e velha força bruta. Nosso amigo primata pode empurrar os guardas contra as paredes, pintando o cenário de vermelho carmesim, como também pode agarrá-los para usar de escudo humano ou jogá-los contra outros inimigos. O sistema de comandos remete muito à Hotline Miami.

São quatro mundos cada um com lado A e B, sendo umas 4 a 5 fases pra cada. Os cenários variam entre laboratório, prédio comercial, floresta e um navio. Os caçadores surgem em tipos diferentes, carregando rifles, explosivos, metralhadores, revólveres, lança-chamas e até bazucas. Para derrotá-los o jogador pode usar as técnicas descritas no parágrafo anterior, porém alguns níveis permitem que o jogador interaja com o cenário arrancando uma porta de aço que pode servir de escudo e arma, um motor que pode virar uma bomba, ou colocar a arma de um caçador apontando para os outros quando feitos de escudo.

Cada mundo é como a capa de um disco, com lado A e B. As fases são as faixas do disco.

Como você já deve ter percebido, Ape Out é uma verdadeira metamorfose ambulante. Algo diferente do padrão atual de games, mesmo os indies, e isso é facilmente notado na sua parte visual. Utilizando gráficos abruptos, que nos remete à cores e estilos do meio do século, tudo parece estar sendo pintado na hora, como esboços sendo desenhados e re-desenhados constantemente por artistas como Bendik Kaltenborn.

Na batida do Jazz

A trilha sonora é fortemente influenciada pelo estilo Big Band do Jazz: nada de vocal, apenas a trilha instrumental continua. Contando com o som do contrabaixo, saxofone, pianos e trompetes, a bateria fica por conta do jogador e sua brutalidade. O prato explode cada vez que pegamos um dos guardas, a tensão aumenta com o contratempo e a música por si só se torna um personagem crucial nessa cacofonia sangrenta.

Acostume-se com a tela de morte. E nem adianta tentar decorar o mapa.

O objetivo de Ape Out é simples ao extremo: fugir do local. Cada nível gera um mapa totalmente novo, cada disco possui oito fases e cada uma delas tenta adicionar um elemento novo, seja portas que podem ser arrancadas, uma fase toda escura ou uma fase onde temos de percorrer labirintos de vidro que podem ser destruídos. Uma vez que tenha alcançado o final do nível, o gorila irá se recuperar dos ferimentos e passar por um período de calmaria antes de recomeçar a fuga.

O jogador pode sofrer até três danos, sendo que na terceira a morte é certa. Cada vez que se toma dano, nosso herói vai deixar um rastro de sangue que pode ser rastreado pelos inimigos. O que não é a situação ideal, já que os inimigos possuem uma mira quase perfeita. Não há itens para se curar durante a fase, o que deixa o jogo ainda mais agitado e animado, junto à trilha sonora mais tensa e rápida.

Rapá, pensa em uma sala que vai ficar só o pó.

Ape Out é uma experiência incrível concebida pela mente insana de Gabe Cuzzillo, carimbado pelo selo de qualidade da nossa querida Devolver Digital. Sendo mais do que apenas um jogo, é um exemplo de arte e criatividade pura. Trazendo uma premissa inicialmente simples, acompanhada de uma trilha sonora febril e veloz, o jogo acaba marcando e se mantem sempre pronto para desafiar as habilidades do jogador de fugir de seus infinitos labirintos. E após terminar, você ainda pode curtir o modo Hard (com mais inimigos) e o modo Arcade, em busca da melhor pontuação com apenas uma chance de escapar. E aí, vai encarar?