A primeira impressão que Anodyne 2: Return to Dust me passa é estranhamento. Não é algo que à primeira vista estou acostumado a jogar. Parece, de início, um jogo de plataforma típico da geração do Playstation 1, uma impressão que logo se esvai para dar lugar a um labirinto em 16 bits com quebra-cabeças e chefes como os de qualquer Zelda. Mas creio que o melhor é tentar começar bem do início da coisa toda.
Anodyne 2 começa com Nova, a protagonista, dentro de um ovo. Mas é claro que não é um ovo comum, e sim cheio de criaturas com as quais você deve interagir. A coisa toda começa até simples, com gráficos típicos da geração PS1 / N64. Nova pode andar pelo mundo 3D nonsense do mesmo modo que Link em Ocarina of Time, ou quase isso, e as criaturas dentro do dito ovo te dão instruções de como navegar por este mundo estranho.
O ovo é tudo
É dentro do ovo que você toma contato com as primeiras mecânicas do jogo. Chega até ser bem simples. Nova pode caminhar pelo cenário 3D e interagir com os habitantes do lugar. Mas é aí que as coisas se complicam um pouco. Cada habitante tem um objeto necessário ao nascimento de Nova, que deve ser pego de dentro deles e então Nova entra nessas criaturas. Isto é uma coisa recorrente do jogo.
Seu interior é muito semelhante a boa parte dos jogos de aventura que vimos na época do Super Nintendo, especialmente Zelda: A Link to the Past. Contudo, ao contrário de uma espada, temos um aspirador de pó para capturar pedras e jogá-las nos inimigos, e também dá para capturar os inimigos e jogá-los em outros, mas isso nem sempre funciona.
Quebra-cabeças simples de tutorial lhe mostram como interagir com aquela dungeon. Coisas do tipo: pegue duas chaves para abrir a porta ou não matar um inimigo em especial para que outra não feche. Tudo isso em conjunto com o fato de que você não tem uma forma de combate direto, apenas o aspirador de pó.
Devo dizer que esse modelo de exploração me animou. As dungeons não são tão loucas visualmente como o mundo exterior, e isso traz uma sensação de familiaridade. É como todos aqueles jogos antigos que você jogou quando era criança, o que acaba criando uma experiência muito boa no fim das contas.
No final dos níveis, sempre havia um chefe que você precisava destruir para obter o item necessário para prosseguir na história. Então, depois de passar por umas poucas criaturas, você estava finalmente livre do ovo e pronto para ver o mundo com seus próprios olhos. E que mundo é esse!
Depois do nascimento
Ao final do tutorial do ovo, você é apresentado ao mundo completo de Anodyne 2: Return to Dust. Nova é uma espécie de gari glorificada, que deve limpar a sujeira que está ameaçando a todos. Sério, as pessoas ficam doentes quando infectadas pela sujeira. E é isso. Infelizmente não há mais nenhum grande desenvolvimento da história. Talvez tenha ficado decepcionado pelo jogo não ter cinco reviravoltas por minuto como a maioria dos jogos do gênero tem, mas isso sou eu… A maioria das pessoas não deve se importar muito.
Outro ponto negativo é a seção 3D em que você se locomove e fala com os outros personagens. Não consigo ver uma necessidade absoluta nisso que não seja somente trazer estranheza para o jogador. Os cenários são o supra-sumo do bizarro, assim como seus habitantes. Talvez as coisas teriam ficado melhores se os desenvolvedores tivessem se limitado aos gráficos 2D e 16 bits das dungeons.
Porém esses defeitos logo são sempre suplantados pela dungeons cheias de quebra-cabeças. São muito bem feitas e com uma dose de desafio certa. Não são muito fáceis, nem infernais como era A Link to the Past por exemplo. Gosto de pensar que é um bom meio termo a que os jogos deviam se guiar.
Finalizando, Anodyne 2: Return to Dust é um jogo para aqueles que gostam de um bom adventure como os do passado. Não se deixe enganar pelas bizarrices, pois o jogo é muito bom no que se propõe e entrega o que promete. Com dungeons bem desenhadas e um mundo intrigante, é uma ótima pedida para aqueles em seu radar.
Ou seja, para as pessoas que não se incomodam com golfinhos com pernas e pinguins com trombones enfiados na boca.