Quando Dead Cells chegou ao mercado, o gênero dos títulos metroidvania e roguelite mostrou grande potencial para evoluir, principalmente no cenário indie, com estúdios que conseguiam realmente se diferenciar do padrão. Seis anos depois, a Motion Twin retorna com o lançamento em early access de Windblown e demonstra um potencial que desconhecíamos, com uma nova proposta de jogo que vai muito além do seu título anterior.
Mesmo que ainda em seu porto seguro, desenvolvendo jogos roguelite com um “quê” de metroidvania, a Motion Twin repete sua estratégia com Dead Cells com acesso antecipado por um ano para melhorar o que parece já estar bom e muito promissor. Com cinco biomas diferentes e 12 armas para você explorar, Windblown deixa de lado o visual pixel art para ganhar uma direção de arte 3D e muito colorida. A jogatina singleplayer de antes deu lugar ao suporte para até três jogadores, com uma opção multiplayer online bastante interessante.
E acredito que esse seja o principal atrativo para este novo jogo, que até então eu não tinha experimentado anteriormente: o quão divertido um roguelite multiplayer pode ser? Muito divertido! A resposta não poderia ser outra, pois Windblown amplia a fórmula da sobrevivência com hack and slash e adiciona pitadas de estratégia, para você experimentar todas as mecânicas de gameplay enquanto divide o desafio com outros jogadores. Durante as partidas singleplayer, você precisa ser cauteloso e contar com a sorte para o loot de armas, habilidades e melhorias, mas no multiplayer os três jogadores se complementam e podem se ajudar para que qualquer combinação seja viável para sua build.
O melhor disso tudo é que a proposta combina perfeitamente com a história do jogo, pois ao longo das runs nos juntamos aos outros guerreiros, conhecidos como Leapers, e encontramos memórias daqueles que pereceram nos campos de batalha espalhados pelo Vortex, que ameaça a paz da vila flutuante The Ark, nossa ilha natal, com apoio dos malignos emissários. Explorar, morrer, voltar, aprender, evoluir e continuar são etapas fundamentais e que também constróem a narrativa de Windblown, aliando-se ao gênero e explorando a jogatina com até três jogadores, como viajantes através do Vortex em busca de erradicar os vilões.
As Dádivas são outra mecânica interessante e que está conectada ao encontro de heróis caídos no campo de batalha ao absorvermos suas memórias, adquirindo novas habilidades e aumentando a variedade de efeitos ativos ou passivos para o seu personagem. Além das duas armas, acessórios e dois poderes, você ganha efeitos especiais aleatórios ao encontrar o espectro de um outro Leaper. Com o multiplayer online, a combinação de builds transforma os combates em algo divertido e interessante, abrindo espaço para uma competição saudável de quem consegue se sair melhor durante a fase.
Apostando numa jogabilidade mais veloz e frenética, a Motion Twin simplifica o level design, deixando os cenários interessantes e com caminhos ou esconderijos bem construídos de Dead Cells, para apostar em porções de ilhas menores e que favorecem a movimentação rápida dos personagens. Sem inovar muito na maneira como você joga, Windblown se diferencia pelo combate dinâmico e combinação dos elementos de cada build. Uma combinação de golpes existe durante o combo, para integrar o uso das duas armas, além de você conseguir criar uma batalha mais estratégica ao se comunicar com os parceiros de time no multiplayer online.
Com a possibilidade de atacar, se esquivar e defender, os inimigos comuns não oferecem muito desafio, deixando esta etapa para os chefões, no entanto você tem os inimigos de elite pelo meio do caminho para atrapalhar toda sua estratégia. A morte em Windblown é punitiva, sim, como em todo roguelite, porém você consegue carregar armas desbloqueadas e os elementos necessários para fazer upgrade no seu personagem. Você precisará de paciência, mas com certeza conseguirá progredir aos poucos e se ficar muito difícil, o companheirismo de outros jogadores pode suprir essa necessidade, inclusive pela opção de reviver os heróis abatidos em combate.
Mesmo com a história ainda em desenvolvimento e com muito conteúdo para ser trabalhado, inclusive com participação da comunidade via Discord, num nível que eu não vi anteriormente como, por exemplo, a discussão sobre o impacto da morte dos companheiros no multiplayer, Windblown conseguiu chamar muito mais atenção do que os últimos jogos do gênero com que tive contato.
A Motion Twin conseguiu trabalhar muito bem a proposta de história, gameplay e visual, numa grata evolução do seu trabalho anterior, com um mundo rico em detalhes e muito bonito. Mesmo com a trilha sonora sendo um pouco genérica, a fluidez no combate e a diversidade de armas compensam qualquer coisa, principalmente por termos a combinação desse estilo de jogo em partidas cooperativas e tudo muito bem localizado para o português brasileiro.
Pelo valor do jogo nesse período de lançamento do acesso antecipado, com certeza é uma das melhores aquisições que você pode fazer em 2024.
