Dungeon crawlers são coisinhas maravilhosas que gastam nosso tempo e nos deixam viciados tal qual aquela deliciosa pedrinha esbranquiçada enrolada em papel alumínio que encontramos em um canto escuro e perdido de um bairro não tão privilegiado da sua cidade.
É seguindo os passos de seus antecessores, tanto os dois jogos prévios da série quanto os pais fundadores do gênero – como Diablo e Baldur’s Gate – que Torchlight III está disponível em early access. Echtra Games toma as rédeas que antes pertenciam à Runic Games e busca fazer jus ao legado que foi construído anteriormente.
Montado nos ombros de gigantes
Tendo jogado incontáveis horas das duas instâncias prévias da série, posso dizer tranquilamente que sou um grande fã de Torchlight e dos avanços que trouxeram ao gênero. Dito isso, os sapatos que Torchlight III precisa calçar são ridiculamente grandes e pesados. Pense em você precisar andar tranquilamente com os calçados de Patati & Patatá.
Os diferenciais da série não estão somente no característico visual cartunesco que trazem uma sensação completamente diferente ao que habitualmente era um sem-fim de escuridão, trevas, satanismo e metal-espadinha. Torchlight III segue esta escola artística mantendo a vibração leve e amigável, como se fosse uma aventura divertida que fazemos com os amigos. Por mais que o objetivo dessa aventura seja salvar o mundo de um espírito maligno que está destruído o mundo de dentro para fora.
Também é ponto frequente na série novos momentos de ousadia em mecânicas e aprimoramentos para facilitar a vida dos jogadores. Agilizando movimentações de inventário, compras e vendas, quests e portais. Em resumo, fazer com que as suas 328 horas de diversão com dungeon crawlers sejam mais focadas em jogar e menos em olhar para telas de loading e andando de volta do ponto B para o ponto A.
Vale ressaltar que Torchlight III não era para ser o terceiro jogo da série principal, e sim, um spin-off chamado Torchlight Frontiers, portanto é de se esperar que algumas coisas – a mais – estejam fora do padrão definido pelos itens anteriores. Talvez até alguns dos pontos citados aqui neste texto não sejam mais levados em consideração. Dito isso, por estar ainda em early access, Torchlight III não está completo e muitos dos seus componentes ainda precisam ser polidos, quando não desenvolvidos completamente. Há de se considerar isso quando vamos observar o produto atual, ainda mais sendo um fã da série.
As bases mecânicas de um dungeon crawler ainda estão presentes e são bem representadas nos pilares fundamentais de Torchlight III. O que ainda não consegui entender muito bem é a sensação estranha que ficou durante meu tempo jogando. Uma sensação de que algo não está exatamente onde deveria. Minhas fichas estão na alteração de desenvolvimento. Algo sobre o direcionamento entre Frontiers e III fez com que o contexto geral soasse estranho.
Não me levem a mal, estamos tratando de um produto em desenvolvimento que ainda pode receber grandes e profundas mudanças. Torchlight III não é exatamente o que eu esperava e talvez isso possa ser bom, visto que o jogo atual não é ruim de forma alguma. Por enquanto, ainda não me sinto seguro em dizer que confio no caminho a ser seguido pela Echtra Games pois, como disse, os históricos dos jogos anteriores da série são extremamente pesados para qualquer um que siga estes passos.