A franquia Rock of Ages parte de uma premissa bastante básica: você controla um pedregulho gigante, daqueles que rolam ribanceira abaixo e causam estrago nas estradas. Com esse pedregulho, você causa mesmo um estrago, mas é nas forças inimigas, construções e armadilhas, ao longo de uma visão surreal da História da humanidade. Não é para entender, é para quebrar tudo.
Com esse ponto de partida absurdo, como se manter inovador sem acrescentar elementos desnecessários a sua essência? Repetir a fórmula que deu certo anteriormente, sem evoluir? Rock of Ages 3: Make & Break aposta no caminho inverso. Apesar de trazer poucas novidades, o que traz é capaz de revolucionar a franquia e mantê-la relevante por anos.
O jogo deve chegar ao mercado somente em junho, mas a desenvolvedora ACE Team, responsável pela série, não teve medo de mostrar o que já está pronto para a imprensa. Embora o jogo esteja cru em sua campanha nesse momento, suas mecânicas estão muito bem definidas e o motor está livre de bugs ou falhas. Por um lado, foi uma experiência bastante satisfatória retornar a desafios conhecidos. Por outro lado, as novidades também foram muito bem implementadas e tem potencial.
De imediato, a principal diferença aqui é que Rock of Ages 3: Make & Break vem com um editor de níveis relativamente bem intuitivo. Algumas opções de customização são limitadas ou confusas e imagino que eles devem melhorar essa parte até o lançamento. Ainda assim, essa simples adição ao jogo abre as portas para o talento da comunidade de jogadores e já existem diversos mapas disponíveis na internet.
Essa decisão estratégica de oferecer suporte à criatividade já favoreceu praticamente todos os títulos em que isso aconteceu, do independente Battleblock Theater ao milionário Super Mario Maker, passando por toda a franquia The Elder Scrolls e praticamente todo FPS lançado nesse planeta. Impérios foram construídos a partir de modificações de jogos. Pergunte a Gabe Newell.
A ACE Team dá destaque para esse diferencial, mas a desenvolvedora não se esqueceu daquilo que fez Rock of Ages chegar até seu terceiro título: o bom humor e suas mecânicas sólidas, com o perdão do trocadilho. Nessa prévia, somos apresentados a um pedaço da campanha, que segue tão inusitada quanto antes e calcada na mitologia grega. Entretanto, desta vez, o novo jogo se liberta das limitações geográficas e do pequeno recorte temporal do jogo anterior, abraçando ainda mais culturas globais e épocas diferentes. Aparentemente é linear, ao contrário dos múliplos caminhos que havia antes. Não há muitas cutscenes nesse ponto, mas aquelas que já foram produzidas seguem hilárias.
O cenário asteca é um colírio para os olhos, com suas cores vibrantes e prova que os desenvolvedores chilenos continuam afiados em suas artes visuais. Em contrapartida, achei algumas faixas da trilha sonora mais irritantes do que imersivas, particularmente a versão aceleradíssima de um famoso tema de Natal que toca em um mapa da neve. É teste clínico chegar ao final da corrida sem sofrer uma taquicardia.
Tentei jogar essa prévia com meu filho, meu parceiro em Rock of Ages 2, mas o suporte cooperativo não está corretamente implementado ainda. Ao plugar o controle, o controle passava a comandar o jogo e ele não entrava como segundo jogador. Uma pena. Entretanto, a ACE Team promete não apenas modo cooperativo, como também multiplayer online para até 4 jogadores e competitivo local. Com possibilidade de se criar seus próprios mapas, o céu será o limite para quem deseja dividir a experiência com alguém.
Desta vez, a desenvolvedora adiciona à campanha modos de jogo que antes eram opcionais, além de trazer algumas novas formas de desafio. O mais divertido é a avalanche, que coloca o jogador não no controle da bola, mas somente no controle das defesas, para tentar impedir que uma grande quantidade de pedras inimigas, de variados tamanhos, atinja seu objetivo, transformando o título em um inesperado Tower Defense.
Para o campo de batalha, há construções novas, mas não vi nada que impacte muito a jogabilidade ou me faça mudar minhas estratégias. A “roda de espancamento” defende uma grande área mas é muito frágil, enquanto o “sapo inchado” (não anotei os nomes verdadeiros) é uma boa variação do alçapão com mola, mas significativamente mais caro. Entre as novas bolas, nenhuma se destaca, exceto, é claro pelo bom humor de conduzir um queijo ou o inusitado Humpty Dumpty.
Percebi que a Inteligência Artificial dos meus oponentes está muito mais suave, beirando o nulo em alguns desafios. A IA se mostrou incapaz de competir em corridas, por exemplo. No modo, digamos, “tradicional” do jogo, ela posiciona seus obstáculos de uma forma quase gentil e foi humilhada pelo meu raciocínio militar. Novamente, é uma parte do jogo que deve ser ajustada até junho.
Rock of Ages 3: Make & Break é um título promissor, com grandes chances de explodir de popularidade, não exatamente pela campanha, mas certamente por deixar uma ferramenta poderosa de criação à disposição de seus jogadores. Se eles construírem, eu estarei pronto para quebrar.