Muitos ligam a consiência, ou a experiência do “ser” a alma humana, pode-se ver isto em filmes, livros e até mesmo jogos, onde em certos momentos, experiências espirituais levam a identidade do protagonista ao mundo extracorpóreo. Porém o que é uma pessoa com amnêsia definiitiva? Alguém desprovido de sua alma, ou até mesmo um recipiente vazio que pode se tornar veículo de forças além de sua compreensão? Pneumata busca explorar isto.
Em uma misteriosa e esquecida ilha, o jogador se encontrará na cidade de Clover Hill, um lugar onde os gritos de desespero enchem a noite e corpos desmembrados podem ser encontrados por esquinas e vielas. Tudo enquanto busca recuperar fragmentos perdidos de sua memória, descobrir quem é, qual sua ligação com a ilha e a cidade de Clover Hill e quem matou Jaime, mas quem é Jaime?
O choro das colinas
Pneumata ainda é um jogo em Early Access produzido pela Deadbot Interactive e distruibido pela Perp Games. Como dito acima, no jogo somos colocados na pele de alguém sem suas memórias sobre o local onde se encontra e por que está em Clover Hill, uma cidade repleta de criaturas e morte e o jogador é um dos alvos das criaturas que prenchem as ruas e construções do local.
Começando em uma estranha instalação que parece uma espécie de asilo psiquiátrico, somos colocados direto na ação do jogo, usando um taco de baseball para abrir passagem por algumas tábuas logo estamos de frente ao primeiro inimigo do jogo. Um lunático com o corpo repleto de feridas e pústulas abertas, com uma cabeça de porco no lugar de um rosto humano, armado com um picador de gelo, pronto para nos apunhalar.
Inicialmente devemos correr, mas logo é possível encontrar um cano de metal e se livrar dele e de outros inimigos da área, mesmo que o cano também quebre logo mais. Resolvendo os quebra-cabeças da área logo vamos avançando mais afundo no local e descobrindo mais sobre a instalação e suas experiências através de arquivos de textos nos computadores espalhados pelo local.
O que está acontecendo em Clover Hill é real ou apenas um fragmento da memória do personagem que controlamos? Quem é Jaime, qual sua importância na história e por que e quem foi morto? São várias das questões a serem desvendadas nas ruas e corredores ensanguentados de Clover Hill.
Antigos rostos encontrados na memória
Quando iniciei a minha experiência em Pneumata, claro que pude notar que o jogo traz uma estrutura que parece se ambientar e equilibrar em três pilares, sendo eles os novos Resident Evil em primeira pessoa, Silent Hill e o clássico Cry of Fear. Influências excelentes que o jogo utiliza para criar uma história e ambientação próprios de maneira muito bem feita.
O jogo se passa em ambientes grandes, o que permite vasta exploração, mas também pode guardar tanto surpresas boas como armas brancas, munição e curativos, ou surpresas ruins, como jumpscares ou armadilhas de pústulas nas paredes. Estas armadilhas em especial são bem crueis, já que explodem em conjunto ao sentirem o jogador próximo delas e causam um dano altíssimo e dependendo da situação podem te matar.
Os inimigos são bem simples, espécies de zumbis cheios de feridas, esguios e desnutridos muitas das vezes. A grande parte no entanto, se não todos no começo possuem grandes bolsas que se não forem destruídas antes da morte deles, estouram causando dano ao jogador e liberam estranhas aranhas que irão te perseguir até o fim da terra se puderem, mas nada que uma pisoteada com a barra de espaço não resolva.
Durante o jogo é necessário resolver alguns puzzles, mas são todos até que bem simples e o sistema de armas precisa de um pequeno refinamento ainda na mira, mas é satisfatório na grande parte do tempo. Os visuais são muito bons para um jogo em early acess ainda, e conseguem ser bem satisfatórios e imersivos, como um bom survival horror deve ser, certos momentos como o da imagem acima, nem mesmo a luz da lanterna será capaz de ajudar, pois sua bateria pode acabar!
Falta o som da alma de Pneumata
Mesmo sendo um jogo bem divertido de se jogar no seu estado atual, Pneumata ainda possui certos ajustes finos que precisam ser feito caso queiram realmente marcar como um dos grandes títulos do seu gênero. Primeiramente é uma remodelagem do seu sistema de áudio, vários momentos o jogo parece estar se passando dentro de um rádio mal sintonizado, deixando tudo muito difícil de se ouvir, desde monstros até o rádio e vozes dos personagens.
O combate e “i.a” dos inimigos também precisa ser revisada, uma vez que a inteligência artificial está mais para artificial do que inteligência em si. Um exemplo é quando o jogador se esconde debaixo de certos objetos e os monstros simplesmente recuam, até mesmo os que se arrastam! Além disso, a movimentação dos inimigos é estranha e “flutuante” dando mais a ideia de um balão tentando se comportar como um corpo, do que um cadáver ambulante mesmo.
A maneira como as criaturas em Pneumata tira um pouco da imersão, pois acaba sendo um tanto quanto cômica e como dito acima, a falta de uma sonoplastia bem instalada deixa tudo menos assustador no geral. Pneumata é um excelente projeto e pode se tornar um grande hit quando sair, caso trabalhem melhor esses pontos apresentados e introduzam algumas legendas, para tornar ainda mais macabra a nossa estadia em Clover Hill.