Quando trucidar os inimigos vivos não é mais suficiente, é hora de atravessar o limite da vida para limpar o lado de lá. Pegue suas tábuas de ouija, suas mochilas de prótons, os medidores de ectoplasma e subam todos no Ecto-1.
Ou não, já que HellSign é uma versão menos glamourosa do estilo de vida colorido e, ligeiramente bizarro, da Nova York de 1984 dos Caça-Fantasmas. O mundo de HellSign é escuro, sujo e chove como em nenhuma outra cidade nesse mundinho do cão.
A Ballistic Interactive traz ao mundo essa vivência que busca ser um misto de RPG de ação com simulador de investigação paranormal. Claro que é muito bem colocado que o jogo se passe na Austrália. Local este que, todos sabemos, é um ninho de mafagafo de tanto bicho esquisito!
Você é um caçador, o submundo te vê como a última linha de defesa entre o mundo dos vivos e qualquer outra coisa que espreita do lado de fora. A narrativa, ou aquilo que se assemelha a uma história sendo contada, vem por meio de passagens raras em quadrinhos ou, na maior parte do tempo, em diálogos rasos e ligeiramente confusos.
Vagando entre poucas partes da cidade, com os mesmos personagens para conversar, o jogo te limita muito em relação ao que se pode fazer, estando preso com uma coleira muito curta a uma parte do ciclo de jogabilidade. Ciclo este que varia muito pouco e somente a partir do momento em que você consegue juntar seu sofrido dinheirinho para comprar um equipamento melhor.
É muito justo dizer que a ambientação dentro dos momentos de investigação é bem agradável. Os sons ambientes, em conjunto com a chuva, e uma trilha incidental fazem uma combinação que te deixa sempre tenso. Admito que parte dessa tensão é o medo de morrer pela dificuldade de fugir dos inimigos, mas tudo bem. Ainda sim atinge o objetivo.
Tem alguém aí? Me dê um sinal se me estão ouvindo
Vale dizer que a variedade de mecânicas de investigação é bem agradável, entre microfones, sensores, sonares e radares. Tudo bem que essa variação é mudar o botão de seleção e olhar o medidor no canto inferior da tela em um quase infinito jogo de “quente-e-frio”.
Depois de encontrar as pistas, você vai para o seu caderninho e busca descobrir que tipo de entidade está causando aqueles distúrbios. Posteriormente, de acordo com seu progresso, equipamentos e habilidades, é possível trazer a entidade e enfrentá-la.
Qual o grande impedimento para enfrentar as criaturas espectrais mais absurdas? A movimentação. Enquanto você procura por pistas e sinais do outro mundo, criaturas das mais bizarra te cercam e caçam pelas casas. A câmera se comporta como se fosse isométrica e a movimentação do personagem bem próxima à conhecida como “tanque” (comum nos primeiros jogos de Survival Horror).
Isso não seria problema nenhum se fosse uma boa realização da movimentação, mas não é. O personagem é lento, travado, a mira dificulta muito ter o nível de precisão que é pedido pela velocidade e posicionamento dos inimigos. É como se você estivesse em meio a um formigueiro gigantesco e seu corpo fosse composto de jujubas. É basicamente essa a sensação. Toda vez que você pensa em subir o nível de desafio, é imediatamente esmagado.
Os inimigos são relativamente curiosos. O padrão de jogos de terror com inimigos padrões serem aranhas ainda é incompreensível para mim. Ele ainda adiciona centopeias gigantes (é incrível que o universo vive me forçando a enfrentar minha fobia de insetos), tentáculos dignos de Lovecraft, cipós que lançam lâminas e, pelo que pude ver, zumbis-cachorros-humanoides enormes que HellSign prefere chamar de Ghouls. A variedade não é lá muito impressionante… Para cada tipo de missão, é certeza que você vai enfrentar uma quantidade predeterminada de cada um deles. E o combate será travado, difícil e frustrante.
Pelo que temos agora, HellSign tem possibilidade de ser um jogo realmente diferente, com mecânicas de investigação instigantes e um combate prazeroso. Tudo isso somado a uma narrativa cativante. Imagino que, caso a movimentação do personagem principal fosse fluida, HellSign já seria digno de pelo menos algumas horas de exploração e investigação. Mas, em sua atual forma em Acesso Antecipado, é um exercício de frustração.