Mais uma temporada começa e recebemos um pacote. Não, não esse tipo de pacote, calma… Um conjunto de cartas igual ao de todos os outros competidores e o processo agora é buscar o topo, se enfrentando seja em 1 contra 1 ou em duplas. Cada vitória importa e os prêmios vêm em cartas, somando opções para seus decks.
A Rockgames está desenvolvendo ManaRocks, um card game de temporada. A cada período pré-delimitado, todos os jogadores recebem o mesmo pacote de cartas para trabalhar. De acordo com a desenvolvedora, ManaRocks é um jogo free-to-play DE VERDADE. Sem boosters, pacotes de cartas ou loot boxes.
Tabula Rasa
Vamos começar pelo grande diferencial de ManaRocks: o fator temporada. Vários outros jogos tem o conceito de temporada, porém é habitualmente ligado a alguma classificação ou algo semelhante. Bom, pelo menos há muito tempo eu não via uma classificação que limpasse o progresso do jogador (caso você saiba algum, fique à vontade para colocar nos comentários).
Aliás, lembro sim de um jogo que tinha algo semelhante: The Crims. Falando sobre, era um jogo com um conceito semelhante a uma corrida: seu objetivo era conseguir o maior número de pontos possíveis. Vejo mais sentido em reiniciar tal corrida de tempos em tempos.
Entendo o ponto de reiniciar no caso de ManaRocks, facilitando a entrada de novos jogadores em pontos específicos. Outro ponto que citam é a substituição completa (ou, acredito eu, parcial) das cartas do jogo, permitindo com que o meta – classificação de qualidade relativa das cartas – seja plenamente alterado e o equilíbrio mantido mais facilmente de uma temporada para outra. Só fico preocupado com a manutenção de jogadores de longa data com essa mecânica.
Outro fator muito interessante e, adianto, divertido de ManaRocks são as batalhas em duplas. Dividindo o tabuleiro com um amiguinho, as batalhas acontecem também contra duplas, cada um possui suas mãos e pontos de vida, porém as criaturas, artefatos e feitiços são compartilhados. Adiciono que, por mais que os pontos de vida sejam individuais, se um deles acaba é o fim da batalha, então cuide de quem está ao seu lado (e esse recado não é só para ManaRocks, leve isso pra vida).
E, com isso, acabam as novidades de ManaRocks.
Brincando de gêmeos
Tudo bem que é um jogo em Acesso Antecipado, então algumas coisas ainda são passíveis de mudanças, independente do que sejam. Deixa eu me interromper aqui – pelo que experimentei de ManaRocks, o jogo é bom. É divertido, bem feito, gostoso de jogar e aprendeu muito bem com os grandes players do gênero. Maaaaaas… ele parece uma cópia genérica de Hearthstone (e como isso me deixou chateado).
Não é necessariamente uma crítica, porque Hearthstone é muito bem feito e ManaRocks é um ótimo clone. Não há nada que Hearthstone faça bem que ManaRocks não faça tão bem quanto, e ainda removeu os pacotes pagos. Só melhoras até aqui. Porém, o ponto de ter uma semelhança gráfica e de look and feel tão grande foi, na verdade, um repelente. Assim como acredito que será para outras pessoas, por acabar parecendo aqueles jogos vagabundos da Play Store que imitam qualquer coisa que fez sucesso semana passada.
Então, se você jogou Hearthstone e sabe como o jogo funciona, pode pular os próximos dois parágrafos tranquilamente. ManaRocks é um jogo de cartas onde podemos colocar no campo de batalha criaturas para atacar o adversário (e também se defender), feitiços e artefatos, que são itens mágicos que possuem efeitos diversos vinculados a alguns contadores.
Além disso, ainda controlamos um herói, um personagem que estaria jogando com o baralho e que possui alguma habilidade específica, seja curar pontos de vida ou invocar criaturas no campo de batalha. Todas essas mecânicas funcionam com base em um contador de mana, ou de pontos gastos por turno para invocar cada uma das cartas, que sobe um valor por rodada, aumentando gradativamente o ritmo da partida.
Uma válida adição à mecânica do jogo veio de outro jogo de cartas muito conhecido, talvez até mais que Hearthstone, chamado Magic: The Gathering. A variação à conhecida fórmula vem na mecânica de ataques e defesas. Assim como em Magic, quem atacou no turno anterior não está disponível para servir de defesa, ou seja, para proteger os pontos de vida de seu herói no turno do adversário.
Esse diferencial traz ao jogo uma nova camada de estratégia, dando mais opções para variar entre táticas cuidadosas, mantendo a maior parte de suas criaturas prontas para defenderem seu herói como for preciso, ou enviando todas as tropas para frente, sem pensar no próximo turno ou que monstro horrível pode aparecer no campo de batalha adversário e simplesmente obliterar todas as suas esperanças.
Por fim, o que vi de ManaRocks me mostrou que é um bom jogo e que trabalha bem mecânicas já aprovadas pelo público geral, sendo uma bela amálgama do que faz sucesso em card games. Além do fato dos desenvolvedores se preocuparem com a adição de novos jogadores e em manter o jogo acessível a todos por ser gratuito. O que me preocupa é a falta de identidade própria do jogo.