Viver como um plebeu em plena Idade Média é absolutamente deplorável. Está mais do que na hora de levantar seu próprio estandarte, reunir suas tropas e partir em direção ao seu destino divino. Ah é, e também organizar o comércio de sua caravana, gerenciar cervejarias e tavernas, e claro, o mais importante, casar.
A continuação da série de RPG e estratégia mais anacrônica de todos os tempos, Mount & Blade II: Bannerlord, está em acesso antecipado para PCs pelo Steam e pela Epic Games Store. Mais de uma década depois do primeiro jogo, a TaleWorlds Entertainment volta à sua galinha dos ovos de ouro.
Um mundo paralelo, mas muito real
Indo logo de cara com o meu maior choque com Mount & Blade II: Bannerlord é que ele parece um jogo totalmente fora de seu tempo. Há tempos que um grande amigo meu busca me converter para o mundo dos Mount & Blade – abraços Guilherme – e a sensação de que o jogo estava 20 anos atrasado sempre me afastou.
A promessa de um avanço considerável em uma nova instância me atraiu para Mount & Blade II. Isso, além da insistência permanente de meu amigo tal qual um relógio-cuco. E, afirmo com tranquilidade, ainda é necessário ter um certo desapego em relação à modernidade. Se Mount & Blade: Warband é de 2008 e parece de 1995, Mount & Blade II: Bannerlord iniciou seu acesso antecipado em 2020, mas soa como um jogo de 2005.
Adiciono, com a mesma tranquilidade, que para todos aqueles que ultrapassarem o véu da estranheza que acompanha o jogo terão uma surpresa inacreditável. O anacronismo em relação ao passado se limita à maneira com a qual os elementos visuais se comportam, pois o grau de complexidade das mecânicas de estratégia e gerenciamento estão alguns anos à frente de outros que poderiam ser vistos como concorrentes.
De acordo com a lista de elementos, mecânicas e componentes ainda a serem inseridos no jogo, a soma do que existe hoje com estas promessas faz com que Mount & Blade II: Bannerlord se torne o maior simulador de vida na Idade Média que se tem notícia. Talvez até mais do que de fato ter vidio na época…
Meu dia de princesa, literalmente
Sem entrar em contato com o jogo pode até ser difícil de acreditar e imaginar que estou tratando de forma hiperbólica sobre um punhado de promessas em um No Man’s Sky feudal. Contudo, realmente, Mount & Blade II: Bannerlord me soa como um misto de Total War com Crusader Kings. Diga-se de passagem, essa gera uma trindade de jogos quase que inacessíveis ao público geral pelo seu grau estupendo de complexidade. E isso porque não me atrevo a por a mão neles em qualquer dificuldade acima do “Fácil”.
Cada vez que eu paro para pensar no alcance de mecânicas diferentes, minha cabeça começa a doer. No esquema micro, podemos gerenciar o inventário de nosso porsonagem, combater contra bandidos e rufiões – acho que nunca tinha usado essa palava antes -, entrar em torneios nos feudos e, pasmem, até casar.
Conforme o escopo vai se afastando, temos a gerência de tropas tanto dentro quanto fora de combate, comprar estabelecimentos e administrar seus funcionamentos, estabelecer caravanas de comércio entre as cidades e por aí vai.
Mas não é só apenas isso, o escopo se afasta ainda mais onde temos acordos políticos de vassalagem, posicionamentos de exércitos e grandes alianças políticas. Até porque não é fácil cuidar de castelos e cidades inteiras enquanto ainda temos que manter o casamento em pé. E se eu tenho um império para chamar de meu, é porque eu mereciiiiii!
Mount & Blade II: Bannerlord, felizmente, vive fora de seu tempo – e de todos os outros tempos também – porque é um jogo que ousa ser tudo o que passa pela cabeça de qualquer fanático pela Idade Média. Não se inibe por morder mais do que qualquer boca que não fosse de um estúdio gigantesco – e que teria o bom senso de nem tentar algo tão ambicioso. com tudo isso, vivenciar o que este jogo oferece é simplesmente maravilhoso. E ele nem está pronto ainda. Aliás, por tudo isso e muito mais, obrigado Guilherme.