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Não é surpresa que a humanidade é fascinada pela ideia do fim do mundo. Presente em muitas mitologias e religiões, as histórias de previsões escatológicas existem aos montes. Contudo, não é necessário buscar no misticismo inspirações para esse tema, já que essa é uma temática recorrente em diversas mídias de entretenimento. Dreadlands é um jogo de estratégia centrado nos ermos, onde o cenário apocalíptico serve de plano de fundo para decisões táticas de extrema importância.

Uma fórmula conhecida com algumas nuances

Dreadlands oferece uma experiência bem conhecida aos fãs de jogos de estratégia por turnos: escolha sua equipe e defina o que deve ser feito com base em pontos de ação. Essa fórmula é recorrente de franquias mais antigas, como Xenonauts e XCOM, por exemplo.

A grande novidade está no incentivo que o jogo oferece ao combate corpo a corpo. Por mais que os personagens tenham armas a distância, a munição é bem limitada – dependendo, na maioria das vezes, de loots. Para cair no braço com um personagem, basta apenas selecionar a arma branca e ir até o inimigo. Uma vez que os dois estejam frente a frente, o combate acontecerá exclusivamente entre esses dois elementos, dispensando qualquer interferência externa. Esse fator também está presente ao se derrotar um inimigo pois, caso queira se livrar do mesmo para sempre, será necessário matá-lo novamente de forma corpo a corpo – ou esperar 3 turnos até a sua morte definitiva.

Existem também diversas classes de personagens, cada um contendo um estilo de jogabilidade diferente dos demais. Contudo, não é possível escolher livremente entre os mesmos, sendo necessário avançar no jogo para liberar formações que comportam certos tipos de classe.

Um dos elementos que diferencia esse jogo dos similares é a mecânica de cartas. Durante os cenários, será possível escolher 4 cartas que ajudarão o jogador durante as suas batalhas. Cada carta poderá ser usada uma única vez durante o combate, mas ficarão disponíveis para serem usadas novamente ao final do mesmo.

Caso o jogador não tenha interesse em uma carta, basta marcar a mesma nessa tela.

Ao final da batalha, o jogador deverá andar pelo cenário e coletar os itens disponíveis em baús como: caixas, kits médicos, munição, injeções, etc. Por mais que seja legal o jogo querer te recompensar por uma batalha, todo o processo de exploração é massante e desnecessário. Além dos itens, os personagens receberão pontos de experiência que desbloquearão habilidades novas conforme o nível deles avança.

O pato que tenta fazer tudo e não faz nada

Apesar de apresentar conceitos que visam a inovação, Dreadlands não obtém sucesso em nenhum deles. No estado atual do jogo, o modo PVP não funciona de maneira adequada, gerando filas que demoram horas sem achar um jogo. A sua jogabilidade, apesar de não possuir segredos, deixa bastante a desejar e não inova muito.

Dreadlands apresenta uma espécie de quartel general, onde o jogador poderá curar seus personagens, escolher novos combatentes, escolher diferentes formações táticas, criar novos itens, etc. Esse fator acaba prendendo o jogador à base, sendo necessário retornar até a mesma várias vezes durante a sua jornada.

Quests também são encontradas dentro da sua base.

A exploração do mapa é bem confusa. Com uma movimentação semelhante a títulos como Wasteland e Fallout 1, o jogador deverá andar com a sua trupe pelo mapa global. O problema é que esse mapa é travado e pouco intuitivo, dificultando a vida de todo mundo. Para andar até um objetivo, é necessário seguir cegamente uma pequena indicação, ou abrir o mapa completo para ter uma noção de espaço.

O combate depende muito da sorte. Por ser focado nos aspectos corpo a corpo, existe toda uma mecânica de contra-ataque presente por aqui. Caso o personagem não acerte um golpe, o indivíduo que está defendendo poderá desferir um contragolpe bem doloroso. As chances de acerto não passaram de 70% enquanto estive jogando, causando uma dor de cabeça gigante.

A jogabilidade é muito semelhante aos títulos de estratégia por turnos mais famosos, então não há muito segredo.

Outro ponto negativo é a interface do jogo. Além de extremamente pequena, ela não possui elementos de modificação nativos. Então você provavelmente terá problemas ao tentar enxergar as informações contidas na tela, sobretudo se possuir algum problema de visão.

Em suma, Dreadlands, em seu estado atual, tenta mostrar todo seu potencial, mas falha em unir todos esses aspectos. A história, que usa duas tribos distintas como pilares, não cativa muito, sendo bem confusa e deixando o jogador à deriva. É notável que o jogo está em acesso antecipado e muitos recursos ainda estão por vir, mas os sistemas existentes, sobretudo os de gerenciamento, se assemelham bastante aos de jogos mobile e não apresentam uma profundidade satisfatória.