Depois de Lords of the Fallen ter inaugurado o subgênero “souls-like” em 2014, vários outros jogos seguiram o caminho aberto por Dark Souls. Irei comparar Dolmen com os títulos da FromSoftware, sim, já que ele se propõe a trazer algo com tal influência. É super válido destacar que Dolmen é brasileiro, desenvolvido por Massive Work Studio, estúdio com sede em Natal, Rio Grande do Norte. O jogo será publicado pela Prime Matter e está previsto para ser lançado neste ano, mas sem nenhuma data certa até agora.
Recebemos acesso a uma build com dois trechos diferentes disponíveis. As ambientações escolhidas são uma nave/instalação alienígena que, apesar de bem feito, é um tanto genérico, além de um ambiente que se parece com uma instalação tecnológica em meio ao deserto. Cada cenário tem seus próprios inimigos e características, e chama atenção pela qualidade gráfica, principalmente por ser uma produção independente.
Combate familiar para fãs do gênero
Os inimigos nessa build se resumem a monstros tipo aranha/gafanhoto (em diferentes níveis) no primeiro trecho, além de humanoides que usam armas de fogo e armas branca para combate corpo a corpo no segundo cenário. Isso nos leva para o principal em um souls-like: o combate. Um bom RPG de ação pode até ter gráficos simples, 2D ou 3D, mas não pode pecar na jogabilidade. Dolmen consegue entregar um bom resultado nesse quesito, mas ainda precisa de ajustes.
É até meio difícil falar sobre isso, já que o jogo ainda está em desenvolvimento e com certeza a desenvolvedora ainda deve ajustar muita coisa. Porém por se tratar de uma demo fechada, que não irá contar com o feedback da comunidade como acontece com períodos de testes aberto, esse é o nosso papel. A começar pela movimentação do protagonista, a forma como ele anda e corre é estranha, mas isso não afeta o gameplay, é só uma questão de animação mesmo.
O combate funciona, mas precisa dos ajustes que mencionei. A esquiva não é tão efetiva, pois me vi levando dano em meio a ação de esquivar e isso não é para acontecer. Em relação a dano, cada vez que o inimigo o acerta, a tela fica vermelha e, na grande maioria dos jogos, esse é um indicativo de que sua vida está nas últimas, o que não é o caso em Dolmen. Mesmo que o inimigo arranque 10% da sua vida em um ataque, a tela irá ficar vermelha por um breve momento e isso não é legal, chega a incomodar.
Além de arma branca, que variam entre machado, espada grande e garras, o protagonista irá contar com armas de fogo/plasma de diferentes calibres. Os tiros usam a barra azul de energia e precisa de um tempo para encher de novo, assim como funciona com a stamina. Existem duas formas de se curar: uma com itens de cura e a outra usando uma quantidade da sua barra de energia, que vai ficar gasta até usar um terminal (como uma bonfire) ou conseguindo itens dos inimigos.
A build que tivemos acesso se passa num momento que parece ser inicial, além de outro mais na frente. Ao iniciar, é possível escolher algumas classes diferentes, que oferecerão combinações diferentes de armas brancas, armas de fogo e escudo. Ao vencer o primeiro chefe, o jogo me levou para o cenário desértico que mencionei, mas já com nível bem avançado e uma build que o próprio jogo escolhe. O segundo chefe, nesse beta fechado, me deu bastante trabalho por conta da precisão dos iframes, que são quadros de invencibilidade ao esquivar. Um ataque específico do chefe era um “hit kill” e levei um tempo para entender uma posição melhor na arena para evitá-lo.
Alguns ajustes o tornarão um título para ser lembrado
Os inimigos derrotados geralmente dropam matéria prima (que também podem ser encontradas destruindo caixas) necessária para criar armas e armaduras. Isso só é possível na nave, que é acessada pelo terminal. Além disso, só é possível mudar de equipamentos na nave. Nesse local é onde você consegue usar seus pontos para subir de nível e nesse quesito funciona exatamente como na franquia Souls. Você escolhe o que vai melhorar, como força, defesa, habilidade, entre outros, e vê quais atributos serão melhorados.
Eu consegui criar algumas peças diferentes de armadura, não ficou nada bonito, mas fiquei mais forte (não entrou no “fashion-souls”) e isso que importa. Ao morrer, você perde seus sparks (como as almas) e os itens para criação de equipamento e você precisa ir até o local para recuperá-los, como funciona nos jogos do gênero.
Talvez Dolmen seja o projeto mais ambicioso vindo do Brasil. Tanto em mecânicas quanto graficamente falando é algo que não é comum nas produções nacionais. O combate está no caminho certo, o crafting de armaduras é interessante (melhor do que só comprar), o jogo tá bem otimizado, com algumas quedas de frames bem pontuais. Inclusive, Dolmen oferece a possibilidade de configurar o filtro AMD FSR de upscaling de imagem, ótima solução para placas de vídeo mais fracas.
O jogo conta com cutscenes, um pouco desengonçadas ainda, eu diria, além de narração e diálogos com vozes em português brasileiro, o que é bem legal. É admirável o que a Massive Work Studio está fazendo e Dolmen parece muito promissor.