Quando citaram que Call of Duty: Black Ops 4 teria o modo Blackout, todos pensaram a mesma coisa: “AI RAPAZ, agora vai!!”. O Battle Royale, apesar de ser um dos gêneros do momento, já sofre com a inundação de jogos genéricos que acabam por queimar o filme do estilo enquanto auxiliam – e muito – o precursor da coisa toda: Player Unknown’s Battlegrounds.
Apesar de PUBG e Fortnite terem caras e climas de jogos únicos e não cópias de algo, Fortnite atende a um público totalmente diferente de PUBG, mais casual e que procura algo mais arcade e de fácil diversão, deixando para o jogo da Bluehole a missão de sustentar sozinha os gamers hardcore, que procuram um Battle Royale com alta dificuldade e maior realismo. Aí está justamente o problema. Praticamente todo o banco de hardcore gamers do gênero está se sentindo dependente de uma empresa com alto grau de dificuldade para corrigir seu próprio jogo, apresentando sempre um PUBG com falhas, sejam de mecânica, de conexão, de registro de hits no servidor, etc…
Para todos esses fãs, o anúncio do modo Blackout de Call of Duty: Black Ops 4 foi como uma luz no fim do túnel. A fé de que os estúdios experientes por trás da série Call of Duty forneceriam a eles a jogatina sem bugs e fluida era imensa. Pelo que pudemos ver no Beta, grande parte da fé foi correspondida e é melhor PUBG se cuidar, pois teremos um concorrente à altura. Vamos aos pontos.
A jogabilidade que você espera
Nada de glitches de movimentação, nada de erros de animação graças à inexperiência: Blackout vem polido com toda a estrutura que o Call of Duty: Black Ops 4 apresenta. Com movimentação bem dinâmica, os jogadores tenderão a se mover muito mais do que o que vemos nos concorrentes. Aquele jogo pacato e de 30 minutos correndo para morrer com um tiro do além? Improvável, coisa do passado! Blackout pede do jogador a mesma agilidade dos modos normais de jogo, claro, tudo ao modo Battle Royale.
O primeiro mapa disponível é um belo mix de diversos cenários famosos na série, como Nuketown e Turbine. Claro que não são recriações e sim são adaptações visuais que lembram estes mapas, mas em espaços bem maiores e mais trabalhados. Por exemplo, a região de Nuketown Island no mapa do Blackout é a versão devastada de Nuketown, não um copy+paste, tendo os principais itens em seus bunkers subterrâneos. Apesar do mapa ser relativamente grande para o mundo de Call of Duty, não é tão grande quanto os mapas de PUBG, mas talvez seja esse o responsável pela dinâmica adequada de confronto rápido do jogo. Infelizmente, ao jogarmos muito já notamos que, embora esteja chegando com tudo, Blackout perdeu o primeiro hype train do gênero Battle Royale, então algumas coisas não serão muito perdoadas e uma delas é a existência de apenas um mapa. É essencial que a Activision trabalhe para que os três estúdios envolvidos se alinhem e desenvolvam o quanto antes alguns mapas extras, ou pelo menos mais um, só para termos um pouco de rotatividade na jogatina.
Os zumbis estão lá para os fãs do modo zombies, mas acredito que não da forma como alguns esperavam. Eles surgem em locais específicos, demonstrados por uma luz azul que atravessa o céu e… Eles ficam por lá! Não, você não terá que lidar com zumbis pelo mapa enquanto enfrenta os outros jogadores, pelo menos não em todo mapa, apenas nesses lugares bem específicos como dentro do hospício ou do farol. A vantagem para quem enfrentar os zumbis é que eles soltam bons loots ao morrerem, incluindo uma divertidamente tosca arma a laser que parece ter saído do filme Marte Ataca!
Armas do futuro
As armas de Blackout podem descontentar os fãs de PUBG que não são fãs da série CoD, pois herdam o tema futurista de Black Ops 4. Inicialmente, principalmente para quem não teve contato com os últimos jogos da série, diferenciar as armas será um trabalho grande e tentar adivinhar quais são boas ou não será algo de pura sorte e “feeling”. Os temas futuristas, aliados a nomes que não remetem muito à conceitos atuais, não deixam muita informação ao jogador, que fará como nos velhos tempos: tentar, morrer, tentar novamente.
Apesar disso, o feedback dos tiroteios está bom e o coice das armas está perto do adequado. Poderia ainda exigir um pouco mais, mas está mais difícil do que nos CoDs anteriores. A quantidade de dano para registrar o kill foi fortemente adaptada para o gênero Battle Royale, requerendo que o jogador acerte mais tiros, principalmente em inimigos de colete. Todas as armas já vêm carregadas do chão, diferente de praticamente todos os outros jogos do gênero, aumentando a dinâmica inicial de jogo e dando mais chances aos games nos segundos iniciais da partida.
As armas podem ser melhoradas com diversos adicionais que podemos encontrar pelo mapa e, aqui fica um elogio à interface de Blackout, é muito fácil visualizá-los! O item não fica apenas no chão esperando que você cole nele para saber o que é, mas uma espécie de UI 3D te auxilia a visualizar o nome e a função do item, já a partir de uma certa distância. Ainda melhor, você não possui apenas 1 botão para saquear, mas dois. Um irá apenas jogar o item em sua backpack, porém o botão default, similar ao usado no PUBG, irá instantaneamente carregar sua arma com o acessório encontrado. Ponto para o Blackout!
Interface que acerta e erra ao mesmo tempo
Infelizmente, onde o Blackout acerta, ele erra. Não temos uma visualização de ambas as armas na interface do jogador e precisamos clicar no menu para alternar entre elas, dificultando e muito a troca de acessórios entre armas durante uma troca de tiros. Uma escolha bem ruim de design que esperamos ser corrigida com o lançamento do jogo ou, pelo menos, no primeiro mês, já que atrapalha bastante as etapas finais da jogatina quando sobram poucos players e precisamos de toda agilidade possível para trocarmos de miras.
Outro ponto que deixa o gamer um pouco confuso é o feedback real de cada acessório. Sabemos a função dele na arma, mas no curto tempo do beta foi difícil entender exatamente o feedback real que cada um lhe dá perante a arma de uso. Acabamos por enfiar tudo na arma pelo simples fato de que “quanto mais, melhor”, mas unido ao aspecto futurista que confunde percepções, caso sejam introduzidos novos acessórios, começará a ficar complexo compreender as mudanças que eles têm nas armas, caso não seja melhorada a interface.
Um fato que todos os gamers irão amar, é a capacidade do jogador de usar qualquer item de cura enquanto se movimenta. Nada de ficar plantado como uma batata para poder se curar. Você poderá correr para abrigo enquanto se cura dos tiros, mas isso nunca vai ser garantia de facilidade. Com um registro de acertos que aparentemente funciona de forma superior a muitos jogos concorrentes, se enfrentar um jogador com boa mira, será um abraço! Ainda falando de coisas que os gamers vão adorar, em Blackout temos perks ativáveis. Nada de benefícios por level ou coisas do tipo, os perks são caixas que podemos achar pelo mapa e que nos darão certos auxílios, como escutar melhor passos de inimigos por tempo limitado. Sabendo usar bem as caixas que encontrar ajudará bastante no combate, mas não ache que você poderá virar o Rambo, afinal, cada caixinha ocupa um slot de sua bolsa e nenhum dos benefícios te transforma em Deus.
Servidores ainda não estão 100%
Infelizmente, os servidores do beta não estavam lidando bem ainda com a novidade e eram bem limitados. Aparentemente, na América do Sul, os servidores pareciam estar no Chile ou algum país mais para cima, já que o ping definitivamente não era de São Paulo, o que é esperado para a versão final. Além disso, a taxa de atualização dos servidores de Blackout se apresentaram bem baixas, indo de 10hz a 20hz, em comparação ao padrão de 60hz usados em Battlefield 1, Overwatch e até mesmo PUBG. Apesar dos desenvolvedores terem praticamente 1 mês entre o beta e o lançamento, é bem questionável se conseguirão arrumar esse problema de netcode e isso provavelmente será resolvido apenas no futuro.
Se você está se sentindo um pouco cansado de PUBG e quer apostar em uma nova jogatina no mesmo estilo, provavelmente o modo Blackout será o bastante para que você compre o Call of Duty: Black Ops 4. Com boa dinâmica e jogabilidade intensa, você ainda vai dispor dos modos normais de jogo para relaxar e testar o que a Activision afirma ser o CoD mais preparado para o universo dos eSports. Ah, quanto aos zumbis?