Toda a história do viveram felizes para sempre não é bem assim em nenhum dos casos. Anos depois de um grupo de heróis terem derrotado o Titã das Sombras após uma batalha gigantesca, as coisas não saíram bem como o esperado. Vencendo a batalha, no fim das contas, perderam a guerra e uma praga maligna se espalhou na forma de uma névoa que corrompe qualquer ser vivo exposto a ela.
Em Blightbound atualmente em early access, o mais novo dungeon crawler desenvolvido pela Ronimo Games – responsável por Awesomenauts – e publicado pela Devolver Digital – que ouso dizer ser a maior publicadora de jogos independentes do nosso planetinha – temos a oportunidade de vivenciarmos com nossos companheiros a continuação após o que deveria ser o fim desse conto.
A praga está entre nós!
Batendo o olho em Blightbound, logo de cara algumas referências pulam na frente da esteira da linha de produção de pensamentos de uma cabeça perturbada tal qual a dessa pessoinha que voz fala, no caso, Darkest Dungeon e Diablo. Em termos gerais, somar duas coisas muito boas tende a gerar um resultado estupendo, mas aí temos Blightbound…
Claro, estamos tratando de uma prévia, mas mesmo durante o pré-natal podemos ver possíveis problemas do feto. A base de Blightbound é ser um jogo multiplayer e nada é melhor do que você ser obrigado a ter um grupo de pessoas para poder jogar seu joguinho, mesmo que a jogabilidade não dependa em nada disso fazendo com que todas as experiências que você poderia ter dependam de mais pessoas, certo? Ainda melhor quando o matchmaking ainda nem engatinha.
Contando com times de somente 3 pessoas, a equipe, uma vez pronta, é sorteada entre os possíveis personagens disponíveis. É, é sério, você não pode escolher qual personagem você quer. Você precisa torcer muito para que o sorteio te beneficie com aquele personagem que você mais gosta ou se dá melhor. Ah, claro, quando você chega no nível 9 – o que deve levar umas 10 missões com sucesso – você pode colocar uma ordem de preferência, mas ainda sim, dá-lhe sorteio.
Os personagens se dividem em 3 classes: Guerreiros, Assasinos e Magos. Podendo ter mais de um para cada classe, durante o momento em que estamos no hub do jogo selecionamos qual queremos jogar na pilha de cartas da Xuxa na esperança de sermos selecionados.
Começando por nível de simplicidade – e olha que as classes são estupidamente simples – os magos são robôs de cura, é basicamente correr pelo mapa pegando bolinhas azuis e usando a cura nos seus companheiros, e isso pode – ou não – mantê-los vivos, já que o dano causado nesse jogo parece ter mais curvas que a fatídica estrada de Santos.
O guerreiro, por sua vez, só consegue curar a si mesmo, porém seguindo uma receita de defender e atacar repetidametne tal qual os passos do Rock do Ronald McDonald – Os pés enlouquecem é pura magia / Dançam sozinhos nessa folia / Você é o show claro que é / É mão na mão e pé com pé / Pra frente pra frente / Pro lado pro lado / Pede carona bem animado / É o rock do Ronald / Dance com Ronald / O rock do Ronald / Do Ronald McDonald – o problema é que não fica exatamente claro quais ataques você consegue defender, por quanto tempo, e quais destas defesas vão de fato te trazer o benefício da cura. Em resumo, o guerreiro é um alvo ambulante que, às vezes, consegue se curar depois de servir de pinhata.
A única classe realmente útil é a de assassinos, que consegue causar uma quantidade maior de dano e, majoritariamente, pelas costas – o famoso backstab. Isso traz uma certa variedade de movimentação e comportamento, somado ao fato de que a assassina tem uma resiliência para dano de um dente-de-leão – a flor, não o molar – então ou você corre pela sua vida ou corre para voltar a vida. Com isso, nenhuma das classes é particularmente divertida de se jogar, escolher uma acaba sendo um peso e não uma conquista.
Quando no menu inicial, temos a opção de gerenciar as pontos de habilidade e os itens dos personagens. Ambos com menus que buscam ser simples, mas acabam só sendo estupidamente mal explicados e não demonstram nenhuma diferença prática na jogabilidade.
Os inimigos atuais – e não sei quantos mais estão para chegar – são pouco inventivos e ainda menos interessantes. Poucos tipos de ataques e variações, levando a um ciclo cansativo de movimentação de personagens até que se chegue a algum chefe. Aí sim é barata voa, onde qualquer dano explode os personagens e a única coisa que pode te salvar é o poder especial que vem de alguns em alguns minutos.
Por fim, a premissa de trazer um combate RPG de ação cooperativo para o mundo não está nem perto do que prometeu, mesmo em early access não é recomendado, porque não é divertido nem assim. E, assim, crianças, aprendemos que nem sempre a soma de duas coisas boas geram uma terceira coisa boa. Blightbound é um prato de feijoada com nhoque.