Um grupo de exilados vagando pelas terras inóspitas do deserto em um universo paralelo onde a Era Vitoriana se encontrou com o estilo Western. O objetivo deste grupo é bem claro – e simples – matar seu deus.
Assim como seu cenário, a jogabilidade de Alder’s Blood é também um misto. Alternando o gerenciamento do seu grupo em uma combinação de tycoon, crafting e survival, buscando cuidar de seus companheiros como uma família. O outro lado se torna um combate estratégico com mistura de ação por turno e movimentação stealth. Em resumo, tem um pouquinho de tudo aqui.
Vindo de uma campanha bem-sucedida de Kickstarter, Alder’s Blood encontra-se em acesso antecipado e está previsto para lançamento no primeiro trimestre de 2020.
Sangue quente
O andamento do acesso antecipado de Alder’s Blood quase dá a impressão de um jogo finalizado. A narrativa, bem construída, nos leva por um caminho familiar para quem já teve contato com histórias tradicionais de westerns. Cercados de tragédias e com uma sede eterna de vingança, Chief e seus companheiros vagavam em busca de Duke, antigo companheiro perdido pelo deserto infindável.
Ao encontrarmos Duke, temos uma surpresa que não estava nem no nosso raio de visão – entendedores entenderão. Ele, então, nos descreve sobre suas experiências transcendentais e seus objetivos futuros: tentar matar um deus. Fácil, tranquilo, tal qual aquele amigo que bebe demais e decide reconstruir a vida numa noite e, quando a ressaca chega no dia seguinte decide nunca mais beber. Só para começar tudo de novo, mais tardar, na sexta-feira seguinte.
Já que, apesar de se comportar como um RPG durante os diálogos nos requisitando escolher uma resposta para o que foi dito (mesmo que só uma escolha apareça em todas as vezes), não temos escolha de como seguir e damos início aos planos de Duke.
O mapa da região é aberto, porém limitado a cerca de 2 dúzias de localidades. Podemos viajar a qualquer uma delas durante qualquer momento, desde que tenhamos alimentos suficientes para sustentar nossa trupe. Em casos especiais onde temos eventos ocorrendo no meio do caminho que planejamos atravessar, nossa cavalgada é interrompida, porém, fora isso, o caminho é absolutamente livre, por mais que isso seja estranho considerando o universo construído.
Em um mundo onde monstros estão à solta e a população geral não está preparada para lidar com a violência, a agressividade e a capacidade destrutiva destas criaturas, ter livre acesso às áreas do mapa sem combates ou desafios intermediários é um pouco estranho.
Entre uma viagem e outra, um problema e outro, podemos dar uma respirada no acampamento. Estacionados, temos acesso à mesa de construção – onde podemos montar novos equipamentos, recrutar e gerenciar nossos caçadores, cuidar dos equipamentos, buscar mais materiais ou sacrificar algum dos caçadores. É, isso mesmo. Sacrificar.
Cabeça fria
Os caçadores são únicos, com detalhes muito pessoais. Além dos nomes realistas e condizentes com o período, cada um deles possui suas próprias roupinhas! – e o roadmap de Alder’s Blood promete uma customização profunda sobre esses pontos. As estatísticas dos personagens são variadas e se modificam muito de um para outro, forçando uma adaptabilidade grande do jogador e analisar como trabalhar com cada caçador.
Junto às diferenças estatísticas de cada caçador, a cada nível escolhemos uma dentre 5 possibilidades de habilidade que vai melhorar as estatísticas do caçador permanentemente. Algumas delas focadas durante os combates, outras farão do caçador um membro mais valioso no gerenciamento do grupo no acampamento.
Para ornar com estas variações de habilidades e características, temos 7 classes diferentes de armas, variadas entre armas brancas e de fogo. Cada arma possui um comportamento muito específico, tanto em método de uso quando na maneira que aplica o dano nos inimigos. Essas variações fazem com que o jogador esteja sempre planejando seus próximos passos.
Dentro do combate de Alder’s Blood, o cuidado fala mais alto. As criaturas não estão lá para brincadeira e, se você bobear, um de seus caçadores vai cair rápido. Bem rápido. O objetivo é não ser visto, matar só o que precisar e sumir no mato novamente. Quando seus inimigos te veem, ou pior, sentem seu cheiro, corra para as colinas. Dois ou mais inimigos no mesmo caçador significam morte certa.
A liberdade que Alder’s Blood dá como diferencial dentro da movimentação por turno é significativa e, admito, demorei um naco para entender bem. Ao invés de limitar em 1 ou 2 ações por turno por personagem, cada um deles tem uma quantidade limitada de stamina. Essa medida e seus equipamentos é que vão decidir o quanto você pode andar, agir ou matar dentro do seu turno, não uma quantidade predeterminada.
Como disse anteriormente, Alder’s Blood está numa situação que já pode ser considerado um jogo bom e muito divertido. Passei com ele muito mais tempo do que já passei com qualquer outro jogo em acesso antecipado. Mesmo que algumas coisas não estejam prontas, já adianto que vale a pena.
Alguns pontos, como a dificuldade sobre o gerenciamento do seu grupo e a complexidade do combate podem ser aprimorados, ambos precisam aumentar para que o jogo se torne ainda mais interessante. Por enquanto Alder’s Blood é um bom jogo. O potencial é que se torne um expoente no gênero e uma experiência incrível.