Souls, uma palavra antigamente relacionada a diversos títulos quando trazida em uma roda de amigos conversando sobre jogos, poderia estar se referindo aos jogos de aventura da série Soul Reaver, ou então sobre os combates épicos entre lâminas do universo dos títulos Soul Calibur. Mas em 2009, com o lançamento de Demon’s Souls para o Playstation 3, a palavra seria associada ao leque de jogos da From Software. Baseado nas obras desta, a Redlock Studio trouxe à vida Shattered: Tale of the Forgotten King.
Hoje em dia dada como encerrada, a série Souls continua sendo referência para jogos do gênero action RPG. Por muito tempo todos colocaram os jogos em um “pedestal”, como algo hercúleo o fato de terminar a história dos jogos da série, o que permeou e aumentou sua fama. Atualmente temos uma grande gama de jogos que seguem o estilo conhecido como Souls-like, mas isso não quer dizer que eles não podem trazer suas próprias surpresas por si só.
As cinzas de um rei esquecido
Shattered: Tale of the Forgotten King é um projeto em desenvolvimento pela francesa Redlock Studio, que vem com um visual inovador e carregado de imaginário cósmico. Neste frio e desolado mundo do jogo somos apresentados a uma antiga profecia na qual o mundo foi criado por um rei sonhador, que imaginou criaturas, estruturas impossíveis e magníficos sistemas interestelares e batizou sua criação de Hypnos. Não havia morte e todos poderiam sonhar eternamente, mas um dia o rei levantou-se de seu trono e nunca mais foi visto. Com isso, o mundo de Hypnos começou a definhar.
Nós controlamos o Andarilho, em busca de respostas para nossas infinitas perguntas, de onde viemos, para onde vamos, onde o rei está e por quê deixou seu trono para trás. Guiados pelo Sussurrador, um ser que surgiu após o desaparecimento do rei, resta a nós decidirmos seguir seus conselhos como companheiros ou desconfiar que talvez seja mais traiçoeiro do que aparenta ser. Em Shattered: Tale of the Forgotten King, viajamos pelos mundos através de um lobby, cujas portas são vigiadas por Choron, um ser que ninguém jamais viu ou conhece e cujos motivos são ainda mais misteriosos.
Em sua jornada, o Andarilho deverá se aprimorar e evoluir, melhorando seus atributos a fim de enfrentar os Demiurges. Antigos deuses de imenso poder que reinam as terras de Hypnos e servem como vilões para o jogo, sempre que os derrotamos conseguimos avançar mais na história e em nossa busca pelo Rei de Hypnos. Ainda existem outros personagens, mas deixemos eles como segredo por ora, afinal de contas ainda faltam pequenos pedaços de lore e informação a serem adicionados ao produto final do jogo. Mas já posso afirmar que a história e seus personagens me cativaram mais do que esperava.
Shattered: Tale of the Forgotten King conta com uma direção de arte incrivelmente bela, com mundos, criaturas e estruturas apresentando detalhes cuidadosamente criados para distinguirmos facilmente as personagens e deixá-las marcadas em nossas mentes. O mundo central de Hypnos geralmente apresenta cores chapadas e frias, muito cinza, preto e um branco-azulado frio, nos mostrando como este lugar evoca morte e esquecimento. Em contrapartida, quando acessamos algum dos outros mundos através do hub de Choron, estes geralmente possuem cores mais vivas e vibrantes.
Durante nossa exploração pelo mundo de Shattered, muitas vezes o jogo será visto de modo 3D, com mapas amplos, a habilidade de seguir diversas possíveis rotas e uma capacidade maior de movimentação quando em combate. No entanto, em determinados momentos, o jogo alterna para um modo plataforma 2D onde devemos solucionar puzzles e percorrer distâncias para abrir caminho a novas áreas. Algo que mostra a diferença no pensamento deste jogo é que, diferente de Dark Souls, que encheria essas áreas de armadilhas, Shattered utiliza elas como áreas mais calmas para os jogadores “relaxarem” – notem que usei aspas, pois ainda assim, se ficarem de bobeira, podem morrer facilmente.
Shattered: Tale of the Forgotten King ainda está em fase de desenvolvimento, e a cada dia dá pequeno passos rumo a sua versão completa. No momento, jogá-lo ainda é bem frustrante pelas quedas de frames, lag de input de comandos, sistema de combate e gameplay pouco balanceados e animações um tanto quanto travadas. Porém o tempo é aliado da equipe da Redlock Studio, que se mostra empenhada em entregar aquele que pode ser um dos grandes jogos que irão marcar o gênero dos action role-playing games.