Skip to main content

É de conhecimento geral que o processo de industrialização na América do Sul teve um início tardio. Apesar de estar inserido no contexto sul-americano, muitos estudiosos no assunto remetem o século XIX como uma época de ouro para o Brasil. Mas você já se perguntou como seria o nosso futuro caso Dom Pedro II conseguisse solidificar a indústria brasileira antes da era Vargas? Ou talvez como estaríamos caso a Província Cisplatina (Uruguai) nunca se separasse do Brasil? E se a Bolívia fosse a grande potência Sul Americana do século XIX? Se esses questionamentos te despertam curiosidade, então Victoria 2 é um jogo feito para você!

Os títulos da Paradox Interactive são reconhecidos internacionalmente pelo seu grau de imersão e fidelidade histórica, mas também pela dificuldade elevada de aprendizado. Victoria 2 não é diferente: nesse jogo podemos controlar qualquer país do mundo durante a maioria do século XIX até praticamente a metade do século XX.

As possibilidades aqui são infinitas, onde é permitido que o jogador experimente estilos diferentes de gameplay a cada partida. A inteligência artificial irá jogar e reagir de maneiras diferentes a cada novo cenário criado (normalmente seguindo os acontecimentos históricos, mas decisões diferentes das que aconteceram na vida real são comuns). Isso possibilita milhões de interações diferentes com a IA do jogo, onde ao final conseguimos ver o quão historicamente correto o mundo se tornou quando comparado à mesma época da vida real.

Nesse artigo, trago uma pequena introdução ao jogo. Tendo isso em mente, o meu objetivo aqui é explicar o seu funcionamento geral, as mecânicas contidas e algumas das possibilidades a serem exploradas pelo jogador.

Uma caixinha de surpresas em forma de mapa

Victoria 2 é focado na disputa entre nações durante o século XIX. Aqui você terá que brigar com as potências da época a fim de achar o seu lugar dentro desse contexto tão conturbado. É um mundo dividido em grandes potências e potências secundárias, onde qualquer país que não se encaixe em algum desses dois títulos será uma presa indefesa nas mãos dos poderosos.

Antes de falar mais sobre Victoria 2, é necessário entender um aspecto importante dos outros jogos semelhantes a esse. Enquanto no Europa Universalis e no Crusader Kings, ambas franquias da Paradox, as partidas duram entre 400 e 500 anos no tempo do jogo, aqui a janela de tempo é bem menor: você tem apenas 100 anos para construir o seu império.

Imagem do jogo Victoria 2

Os eventos especiais fornecem decisões importantes durante o jogo.

O que essa curta faixa de tempo te diz na prática? Nos títulos citados anteriormente, que representam um período histórico mais longo, haverão diferenças brutais no mapa final. Não é nada incomum ver países fortes, como a Inglaterra, com seu território totalmente dividido ao final da partida. Em Victoria 2 isso é bem mais difícil de acontecer, já que o tempo é curto. Mas não se engane, pois a possibilidade de surpresas ainda existe.

Mesmo não sendo tão longo quanto os títulos das outras franquias da Paradox, há um grande leque de mudanças distintas disponíveis durante o jogo. Avanços tecnológicos, militares e ideológicos moldam o gameplay, com o objetivo de representar todas as reviravoltas características dessa era tão movimentada. É um jogo onde se começa com mosquetes, cavalaria e barcos a vela, mas que termina com aviões, fragatas e metralhadoras.

Si vis pacem, para bellum

Como mencionado anteriormente, Victoria 2 gira em volta das potências globais da época. Existem as grandes potências, representadas pelos primeiros 8 países na pontuação geral do jogo, e as potências secundárias, representadas pelos países da posição 9 à 16. Quem não está nesse grupo seleto irá lutar para adquirir pontos e desbancar as nações mais poderosas do planeta.

As grandes potências entrarão em conflito por colônias e esferas de influência. Se sua nação não estiver nesse clube tão cobiçado, certamente ela estará sob influência direta ou indireta delas. Escolher as alianças e os inimigos entre os poderosos é essencial para um país emergente.

Imagem do jogo Victoria 2

Guerras são necessárias para adquirir poder.

Digamos que o Reino Unido tem o Egito em sua esfera de influência, mas você, jogando como a França (uma grande potência), quer o Egito na sua própria esfera. A ideia de criar e controlar o canal de Suez para obter acesso fácil e rápido aos oceanos índico e pacífico é muito boa para ser deixada de lado. Deveria você influenciar o Egito politicamente e trazer eles para a sua esfera por meio da diplomacia? Ou talvez conquistá-los através da guerra seja uma opção melhor? Esses conflitos se intensificam perto do final do século XIX, quando a partilha da África começa e as grandes potências, juntamente com as secundárias, tentam pegar todo pedaço de terra possível.

Os conflitos entre as grandes potências se tornam mais perigosos conforme o jogo progride. Dentro desse cenário, as grandes guerras podem ocorrer perto do final do jogo. Tais embates, assim como na vida real, causam uma divisão entre os países mais influentes do período, já que cada um deverá escolher um lado. Uma simples disputa territorial ou uma tentativa de humilhar um rival histórico poderá se tornar uma guerra mundial.

A economia é a base da prosperidade

Um dos grandes diferenciais do Victoria 2 para os outros títulos da Paradox é a simulação econômica. Aqui, mesmo com um território grande, você depende das outras nações para adquirir recursos chaves. Tenha em mente que a demanda interna deverá ser suprida, e que algumas unidades de exército dependem de materiais raros. Se lhe falta algum recurso que um país bem pequeno possui, talvez seja hora de ativar o seu espírito americano e apresentar-lhes um pouco de liberdade.

Imagem do jogo Victoria 2

Através dessa tela o jogador sabe a cotação dos recursos.

A lei da oferta e demanda impera nessas bandas. É possível criar verdadeiros monopólios de produção dentro do jogo, o que acarretará crises globais em caso de instabilidade do país monopolista. Manter as contas é um desafio em tanto, pois existe uma simulação de comércio envolvendo os produtos. Ao final de cada dia, a cotação de um commoditie pode disparar, tornando uma dor de cabeça para as nações dependentes da mesma.

Lembre-se que essa época histórica foi marcada pelo início da revolução industrial, algo que é representado muito bem aqui. É possível notar a economia saindo das mãos de artesãos e indo para as grandes fábricas, essas últimas possuindo um papel muito importante durante o meio e o final do jogo.

A política também é um fator determinante para a sua economia. Governos liberais terão políticas mais amigáveis à importação, permitindo abaixar as tarifas e incentivar a criação de indústrias pelo país. Já governos socialistas tendem a deixar as tarifas de importação nas alturas, o que injetará dinheiro diretamente no seu tesouro, e podem oferecer subsídios às fábricas, a fim de acelerar o processo de industrialização.

Por fim, Victoria 2 é um clássico para os fãs de jogos de estratégia. É possível notar algumas limitações, principalmente na parte de interface. Mesmo que o gênero não te interesse, vale a pena dar uma olhada nesse jogo extremamente bem pensado, principalmente se você tem interesse em assuntos como economia e geopolítica.