Em 2017, pela primeira vez na minha vida, acabei indo parar em uma Tokyo Game Show. A visita meio que não estava nos planos; a viagem de férias para Tóquio, marcada desde fevereiro deste ano, teria de ser entre a segunda semana de setembro e a primeira semana de outubro por conta do intervalo entre as minhas aulas da pós-graduação. Como a Tokyo Game Show 2017 caía entre os dias 21 e 24, e eu estaria em Tóquio nesses dias, resolvi descolar uma credencial pelo Gamerview e dar uma passada lá pra conferir tudo de perto.
Sabemos que a era de ouro da Tokyo Game Show já passou faz tempo. Atualmente, poucas novidades de peso são anunciadas por lá, com os estúdios e companhias preferindo fazer anúncios na E3 ou mesmo em eventos próprios. E a TGS, ao contrário da E3 (tá, esse ano até teve um esquema de pagar para ir, mas era restrito e caro), e a exemplo da Gamescom e da nossa BGS, é aberta ao público, o que dá um caráter de ser menos feira de negócios e mais de agradar a galera mesmo.
A Tokyo Game Show ocorre em um centro de convenções chamado Makuhari Messe – sim, o tradicional local onde também ocorreram outros grandes eventos conhecidos pelos jogadores, como as saudosas Shoshinkai e Space World. De cara, eu não me impressionei muito com o tamanho do lugar. A TGS ocupa todos os onze pavilhões do Makuhari Messe, mas, no geral, é um centro de convenções até pequeno perto do Las Vegas Convention Center que eu conheci em uma ida à Consumer Electronics Show (CES). O passeio de uma ponta a outra não era tão longo e havia boa sinalização dos pavilhões, somada ao bom espaçamento entre os estandes, que não eram muito colados uns aos outros e deixavam um bom espaço para circulação.
Eu cheguei lá no Makuhari Messe na manhã do primeiro dia de imprensa, e, apesar de algumas boas filas em alguns estandes (o da Sony para o Playtation VR parecia ser o mais cheio), andar na feira definitivamente não era uma experiência próxima à de andar na rua 25 de março num sábado, como geralmente acontece nos dias de imprensa da Brasil Game Show, por exemplo. A primeira parada foi no estande da Sega para testar Sonic Forces no Nintendo Switch, que felizmente tinha pouca fila. A galera estava interessada mesmo no Phantasy Star Online 2 e no vídeo de Yakuza Kiwami 2, que rolava sem parar em um telão.
E olha, eu gostei bastante do Sonic Forces. Não experimentei a demo da E3, mas os níveis atuais (que lembram versões melhoradas do estilo das fases modernas de Sonic Generations) estavam bem divertidos de jogar, e os clássicos, apesar da física um pouco diferente do que estamos acostumados com os games 2D do Sonic, também estavam bem legais. Pareceu ser um bom jogo do Sonic; talvez não seja digno de uma nota 9.0 no Metacritic, mas não acredito que vá desapontar, como foi o caso de Sonic Boom.
No estande da Sony (de longe o melhor, maior e mais bonito da feira) o negócio foi mais difícil, pois havia uma fila enorme para experimentar algum jogo do PlayStation VR, mas não era possível escolher. As filas com as opções de jogo estavam ainda maiores e eu não tinha muito tempo a perder. Depois de quase uma hora e meia de fila, veio a péssima notícia de que eu jogaria Bravo Team, um shooter em primeira pessoa que eu achei bem fraquinho. Sabemos que o PS VR funciona melhor em ambientes controlados e sem todas as luzes e reflexos que existem numa feira como essa, já que apesar da fila os testes ocorriam num lugar meio aberto e com várias TVs e luzes ao redor.
Além de Bravo Team, estava disponível o Gran Turismo Sport, Skyrim e mais outros três games pro PS VR, mas as filas eram enormes e o tempo muito curto – a feira abre às 10h e fecha às 17h. Sobre o Bravo Team, o game funcionou legal sim, sem grandes problemas com o controle (que não era um Move, mas sim o bom e velho Dual Shock 4). Mas não gostei de jeito nenhum do que joguei, já que a mecânica principal é basicamente se esconder atrás de carros, latas de lixo e outros objetos e ir avançando para lugares pré-definidos no mapa enquanto tenta se livrar de alguns bandidos e seus capangas. Achei lento, feio e fraco.
Dando uma andada na feira, passei no estande do PlayerUnknown’s Battlegrounds, que era pequeno, mas dava uma lata de Red Bull para quem jogasse uma partida. Fui atrás de Assassin’s Creed: Origins, que estava no estande da Monster, mas a fila também era enorme. Por sinal, fui atrás, só por curiosidade, de saber se havia algum Xbox One X na feira. Procurei, procurei e nada: o mais próximo de algo relacionado a algum exclusivo da Microsoft era Cuphead, no estande da Dell.
De resto, haviam vários estandes de MMOs asiáticos e um pavilhão de estúdios independentes. Nos pavilhões 9 a 11, rolavam os estandes com lojas de publishers como Sega e Square Enix e da própria TGS. Alguns itens eram legais (a camiseta do Mega Drive com certeza vai fazer sucesso em leilões do eBay da vida), mas outros tinham estampas comuns e eram meio caros. Acabei levando um imã de geladeira do Sega Saturn branco (modelo 2), que ficou ótimo na minha Brastemp.
A Capcom, claro, marcou presença em um estande que tinha como foco Monster Hunter World e Marvel vs Capcom Infinite. A área de MvCI ia ter umas partidas com pro-player, e ali infelizmente não era possível utilizar celulares ou câmeras. Na Konami, era quase tudo sobre PES 2018, como já era de se esperar, já que a companhia não tem tido nada de muito novo ultimamente.
Resumidamente, a Tokyo Game Show é um grande evento sim, muito bem organizado, fácil de chegar de trem, mas que já viu dias melhores. É focado totalmente no público consumidor (assim como a Brasil Game Show), com estandes com brindes para quem ficar na fila para jogar, mas com poucas novidades de verdade, além dos típicos games de nicho japoneses. Ainda assim, foi uma experiência e tanto. Pra saber mais, fique esperto no podcast que gravaremos em breve sobre a Tokyo Game Show.