Palworld, da desenvolvedora japonesa Pocketpair, tem feito muito sucesso: desde seu lançamento (19/01) em Acesso Antecipado no Steam pra cá, o game passou dos 7 milhões de cópias vendidas, com pico de jogadores online acima dos 1.8 milhão. Para efeito de comparação, está batendo Fortnite em usuários ativos diariamente. O sucesso se deve especialmente à junção do conceito de colecionar criaturas com o gênero de sobrevivência e a disponibilidade de usar armas de fogo. Um “Pokémon com armas”, como ficou popularmente conhecido na internet.
Palworld estava em desenvolvimento desde 2021 e a Nintendo fez pouco caso com as semelhanças. O outro jogo deles, Craftopia, lançado em 2020 e até hoje em desenvolvimento, não fez o mesmo barulho. Mas se você ver um vídeo dele, notará facilmente as semelhanças com The Legend of Zelda: Breath of the Wild. Com ambos os títulos, a Pocketpair claramente deu uma copiada em jogos famosos, ignorando as críticas da mídia e da própria comunidade.
Seja o sucesso de Palworld passageiro ou não, o público está adorando este RPG multiplayer de mundo aberto. O preço também ajuda bastante: neste momento está com 10% de desconto, saindo por R$80. Obviamente, a Nintendo e a Game Freak não gostaram nem um pouco da nova concorrência. E a coisa pegou fogo de vez quando um modder, do canal Toasted Shoes, resolveu adicionar modelos originais de Pokemón em Palworld. Deu ruim: a Nintendo denunciou o teaser que ele havia publicado no X e, consequentemente, impediu a divulgação do vídeo completo em seu canal.
Ironicamente, ninguém pegou no pé do Toasted (até agora) por colocar personagens Disney em Mortal Kombat 1. Cinderela dando fatality na Branca de Neve? Opa se tem! Isso só pra citar um exemplo, pois o modder também levou outros personagens famosos para games como Call of Duty, Fortnite e Five Nights at Freddy’s. Com medo da Big N, o site Nexusmod – que hospedava o mod de Pokémon – preferiu tirar o arquivo do ar pra não tomar um sacode.
Temos que pegar… Pals?
Assim como em Pokémon, em Palworld você deve encontrar e coletar mais de 130 criaturas diferentes. Como moramos no Brasil, o game rapidamente virou meme. Principalmente por não haver outra forma de abordar os Pals, “parceiros” em tradução direta, sem aflorar a quinta-série que existe em todos nós. E a coisa toda só piora quando vemos “Fluído de Pal” como item importante no gameplay. Não tem como não rir. E nem como levar à sério também. É entrar na brincadeira e ser feliz.
O jogo ainda permite capturar humanos, para fazê-los trabalhar pra você. Eles são utilizados na base ou para lutar, apesar de não serem úteis igual os Pals. Dá até para vendê-los no mercado negro, o que ajudou a incendiar as polêmicas. Mas calma, pois não vai ser eu que vai achar que Palworld promove escravidão e crueldade animal, tá? Isso é o cúmulo da ignorância, afinal estamos falando de um jogo. Se fosse pra tratar todo jogo à sério, Link teria pegado prisão perpétua em Hyrule por seus crimes cometidos contra galinhas.
Steam vs Xbox Game Pass
Outra polêmica que veio à tona é a diferença entre as versões disponíveis no Steam e no Xbox Game Pass. Por incrível que pareça, não são a mesma. Como parte do programa Game Preview, tem uma versão pro Game Pass e outra pro PC Game Pass. E ambas estão MESES desatualizadas, cheias de bugs. Calma que tem mais: no Game Pass, o jogo é limitado à 4 jogadores em co-op, enquanto que no Steam temos 32 jogadores ao mesmo tempo no servidor. O resultado é uma galera furiosa, dando nota abaixo de 3.0.
A Pocketpair reclamou publicamente no Discord que isto ocorreu por pura burocracia. Tudo empaca na certificação de console, que a Microsoft leva tempo demais para validar. “Gostaríamos de ter servidores dedicados no Xbox, mas infelizmente não depende de nós e é bastante difícil negociar neste momento! Mas estamos tentando”.
Dentre outras diferenças reportadas pelos usuários no Reddit, a construção é mais rápida no Steam do que no Xbox. Você pode renomear os nomes dos Pals, mas não no Game Pass. Até a qualidade de áudio estava inferior no Game Pass, até sair um patch recentemente. A Pocketpair defende que, apesar da diferença das builds, são basicamente o mesmo game.
O que não dá pra negar nessa história toda é que Palworld realizou um desejo (ou fetiche) de muitos fãs de Pokémon. Se vai rolar processo ou não, só o tempo dirá. Mas isso só escancara o quanto a Nintendo é implacável. Será que vão pegar no pé do jogo indie brasileiro Bágdex também? Eu espero que não.
