Agora que acabou a E3, sabemos mais detalhes sobre os jogos musicais que sairão este ano: as novas versões dos dois veteranos, Rock Band e Guitar Hero, e o calouro com vontade de entrar rasgando, Power Gig: Rise of the Sixstring.
Começando pelo mais veterano de todos… Bem, na verdade estou começando pelo mais veterano de todos não por ele ser veterano, mas para tirar logo ele do caminho, porque francamente a série Guitar Hero está cada dia ficando mais e mais ridícula. Sabemos poucas novidades sobre a nova versão da série, Guitar Hero: Warriors of Rock. A principal é que vai ter um modo história narrado pelo Gene Simmons, que é uma cópia mal disfarçada de Brutal Legend. Além disso, eles assumem que escolheram uma trilha sonora mais voltada para guitarra, porque “é o que a maioria dos jogadores prefere”.
Traduzindo esse parágrafo daí de cima: “a gente não sabe fazer jogo musical, então vamos colocar um modo com uma historinha besta e escolher uma trilha sonora heavy metal pra poder agradar nosso público-alvo, um bando de adolescente e pré-adolescente que acha que o Iron Maiden é melhor do que os Beatles”.
Agora vamos pro que realmente interessa…
Depois de dois anos, alguns Track Packs, dois jogos dedicados a grupos e centenas de músicas disponibilizadas como DLC, a Harmonix finalmente lança mais uma versão numerada de sua série estrela. Como os leitores do Gamerview já sabem, Rock Band 3 está previsto para o fim deste ano, com uma grande novidade: o acréscimo de teclado como um instrumento jogável. Além disso, o jogo terá o acréscimo de harmonias vocais, com até três vocalistas (funcionalidade que já havia sido adicionada a The Beatles: Rock Band), e o novo modo Pro.
O teclado me deixou com sentimentos antagônicos. Por um lado, estou animado com a possibilidade de grandes linhas de piano finalmente poderem ser tocadas como se deve em Rock Band, sem estarem mapeadas na guitarra ou no baixo. Por outro, estou preocupado porque vão aparecer um monte dessas músicas com teclados chatíssimos, como Yes (e não, The Doors NÃO é legal). Mas o tecladinho é muito legal: é um teclado de duas oitavas – 25 teclas, com um botão especial para ativar o overdrive. Cinco teclas terão cores bem discretas, para o modo normal – aliás, já houve confirmação de que em modo normal o teclado poderá ser usado também para tocar guitarra e baixo, assim como as guitarras atuais poderão ser usadas para tocar o teclado, usando as teclas do braço. Particularmente, não é algo que eu goste, mas como é opcional…
A coisa muda de figura no modo Pro. Em vez de simples cinco notas (ou quatro, no caso da bateria), haverá a possibilidade de efetivamente tocar a música. Na guitarra e no baixo, os botões coloridos serão substituídos por acordes, que deverão ser tocados corretamente; na bateria, continuam havendo quatro pistas coloridas, mas em três delas poderão vir botões (indicando os tambores) ou pratos; e a pista do teclado também terá teclas reais, além de se “deslocar”, o que indica que o jogador deve passar de um “pedaço” a outro do teclado.
Obviamente, o teclado já está pronto para o modo Pro; se você joga no modo normal, usa apenas cinco teclas, se joga no modo Pro usa o teclado completo. Mas as guitarras não estão preparadas para isso, nem as baterias (a não ser as baterias de RB2 com o kit opcional – e esgotado – de pratos que foi lançado há mais de um ano). Por isso, serão lançados novos instrumentos. Será lançado um novo kit pro com pratos para acoplar às baterias já existentes, além de uma nova guitarra.
Essa nova guitarra é uma réplica em escala 1:3 da Fender Mustang Pro. A guitarra terá encordoamento reduzido (apenas no corpo), e haverá sensores por todo o braço, para detectar o posicionamento dos dedos. Além disso, já foi anunciada pela própria Fender uma Squier Stratocaster real (ou seja, com encordoamento completo e que pode ser ligada diretamente em um amplificador), em escala 1:1, compatível com Rock Band 3.
O teclado, além de poder ser usado no videogame, também é um teclado MIDI, podendo ser ligado ao computador. A Mad Catz também já anunciou adaptadores para que se possa usar praticamente qualquer instrumento (que seja guitarra, baixo, bateria ou teclado, obviamente) com saída MIDI (a lista de instrumentos compatíveis será divulgada posteriormente).
O jogo continuará compatível com todos os instrumentos de GH e RB atuais, como antes, mas sem a possibilidade de modo Pro – que é exclusivo dos instrumentos novos. Será vendido sozinho ou em bundle com o teclado, que também poderá ser comprado de maneira independente, assim como a Fender Mustang Pro, a Squier Stratocaster e os adaptadores MIDI. Só tenho uma pergunta: onde diabos está o baixo pro modo Pro? Nós baixistas vamos ter que gastar uma grana em baixos com saída MIDI e um adaptador? Baixo com saída MIDI custa uma tremenda duma grana…
Também foram colocadas outras funções. Serão adicionados novos modos de ordenação das músicas (por duração, por exemplo) e será possível misturar ordenações (para encontrar, digamos, músicas curtas de rock alternativo dos anos 90). Haverá uma função para dar avaliações pessoais às músicas – as que tenham melhor avaliação serão escolhidas para as listas aleatórias com maior frequência.
Será possível também criar desafios em seu console e compartilhá-los com seus amigos, e mesmo enviá-los para a rede – ou mesmo criá-los diretamente no site da Harmonix. Haverá a possibilidade de usar as funções de Twitter e Facebook dos consoles para comunicar as batalhas.
Também será possível entrar e sair no meio de uma canção (provavelmente apenas no modo quickplay), o que se agradece. Mas também será possível ter instrumentos repetidos – esta função não foi oficialmente confirmada, mas em alguns vídeos se nota que, depois de um jogador escolher guitarra, a opção de escolher guitarra continuava disponível para os demais. Definitivamente uma PÉSSIMA idéia, especialmente para o online. Agora, encontrar uma banda completa vai ser a coisa mais difícil do mundo…
Sobre a compatibilidade do DLC já existente, as novidades não são das melhores. Em uma entrevista de um representante da Harmonix, foi confirmado que os únicos DLC atuais que terão alguma das novas funcionalidades serão as músicas on-disk do Green Day: Rock Band, que terão harmonias vocais. Todo o resto (incluindo aí os DLC lançados até o dia do lançamento oficial de RB3) terá apenas os instrumentos do Rock Band atual. Além disso, ainda estão tratando a exportação das músicas do RB2 como “uma possibilidade”. Pelo menos já está confirmada a compatibilidade com o DLC atual e as músicas on-disk do GD:RB.
O último competidor é Power Gig: Rise of the Sixstring, da novata Seven45 Studios. A grande novidade de Power Gig, quando foi anunciado, era o fato de ser tocado com uma guitarra real (em escala 1:3), fabricada pela própria Seven45 – mas o modo Pro do Rock Band 3 roubou essa vantagem competitiva. Além disso, a bateria do jogo é estranhíssima, porque… não tem tambores! É uma espécie de pedaleira com quatro sensores infravermelhos e duas baquetas especiais. O jogador perde completamente o feedback de quando você bate com a baqueta no tambor. Mas, por outro lado, os sensores conseguem detectar com qual das baquetas (e, consequentemente, com qual das mãos) você está tocando aquele tambor específico, o que pode auxiliar no aprendizado.
O visual do jogo também parece meio antiquado, com as pistas de guitarra e bateria na vertical, no estilo de Guitar Freaks e Rock Revolution, ao contrário da pista inclinada dos concorrentes. Além disso, o jogo também terá historinha, com o jogador como parte de um movimento de resistência roqueiro de um futuro totalitário onde a música é proibida, dããã…
E a desvantagem definitiva: o jogo NÃO TERÁ BAIXO!!! Eu sou um baixista de brinquedo e isso aí me deixou completamente fora da jogada… Mas a Seven45 promete uma trilha sonora bem interessante, com mais de 70 músicas originais e exclusividade com artistas como Kid Rock, Dave Matthews Band e Eric Clapton (já confirmaram “Layla”). Então não podemos simplesmente descartar Power Gig – a não ser nós, os baixistas.
Os três jogos serão lançados ainda este ano. Guitar Hero: Warriors of Rock em setembro, Power Gig: Rise of the Sixstring em outubro, e Rock Band 3 no outono do Hemisfério Norte (setembro-dezembro).