Estamos todos com os dias contados. Com a vacinação contra a COVID-19 sendo iniciada no país, nossa desprotegida população corre um sério risco de “virar um jacaré”, nas palavras de ninguém menos que o Excelentíssimo Senhor Presidente da República.
Porém, será mesmo um destino tão inglório assim? Jacarés e crocodilos têm seu lugar marcado na história dos jogos eletrônicos, divertindo ou desafiando gerações de jogadores desde os anos 80 sem que ninguém reclame disso. Eles são perigosos para a sociedade ou apenas incompreendidos? Eles andam no seco? Basta de polêmica, basta de preconceitos e piadas contra tais répteis que tanto contribuíram e continuarão contribuindo para essa indústria. Colocando a mão na consciência, ousaria dizer que sem tais criaturas os games não seriam os mesmos.
Para retificar esse erro histórico e preparar o terreno para nossos leitores nesse novo normal, destacamos aqui dez dos jacarés mais significativos no mundo dos jogos eletrônicos:
1) Jacarés sem nome (Pitfall)
Quando tudo isso aqui era mato, quando Jack Black tinha apenas 13 anos e Mario ainda era somente um carpinteiro que maltratava macacos, já era possível fugir de jacarés na selva perigosa de Pitfall. O título lançado em 1982 pela Activision (sim, essa mesma Activision que você está pensando) apresentou ao mundo os primeiros crocodilianos eletrônicos. O jogo foi o segundo maior sucesso da empresa na época do Atari, perdendo apenas para o superestimado Pac-Man (que não trazia um único jacaré, que vergonha).
Periculosidade: 11/1o de vai te dar instakill.
Chances de você virar um desses: 0/10
2) King K. Rool (Donkey Kong Country)
A Nintendo jamais iria ignorar o potencial icônico de um bom jacaré. Já tendo apresentado ao mundo um gorila simpático e um italiano gorducho, era inevitável que a empresa japonesa prestigiasse também esse tipo de réptil. King K. Rool se tornou o grande antagonista da franquia Donkey Kong e cumpriu bem seu papel. Inesquecível, sua majestade acabou recebendo o convite para participar de Super Smash Bros: Ultimate, para surpresa de ninguém, exceto aqueles que odeiam jacarés e que brevemente serão absorvidos em nossa nova sociedade. Longa vida ao Rei!
Periculosidade: 6/10 de podia ser melhor e derrotar aquele símio maldito.
Chances de você virar um desses: 0/10
3) Swampy, Allie e Cranky (Where Is My Water?)
Esse trio simpatia é a prova viva de que, com o jogo certo, qualquer um pode gostar de jacarés. A franquia Where Is My Water? é resultado de uma tentativa de retratação da Disney. Depois de décadas apresentando essas criaturas como vilãs para doutrinar nossas crianças, a empresa se arrependeu e criou uma série de jogos móveis desafiadores. Você sabia que Swampy foi o primeiro personagem original criado pela Disney especificamente para os dispositivos móveis? Atualmente, os títulos estão entre os mais recomendados para estimular o raciocínio da molecada.
Periculosidade: 0/10 de são fofos demais.
Chances de você virar um desses: 0/10
4) Vector (Sonic Heroes)
A franquia Sonic desde sua concepção buscava ser uma versão mais radical de Mario. A Nintendo fazia “jogos de criança”, a Sega queria fazer “jogos de adolescentes descolados beirando o cringe”. Depois de um equidna marombado e uma raposa de duas caudas, a produtora finalmente teve uma boa ideia: um jacaré #vidaloka com cordão de ouro no pescoço, headphones e muita atitude. Vector é chefe de uma agência de detetives, curte cantar e é muito inteligente. Infelizmente, ele não conquistou o espaço que merecia na franquia e o ouriço continua nos holofotes.
Periculosidade: 8/10 de não mexe com ele!
Chances de você virar um desses: 0/10
5) Renekton (League of Legends)
Renekton, o Carniceiro das Areias, permaneceu séculos enterrado nos desertos escaldantes de Shurima e emergiu para provar que sim, jacaré no seco anda. Em League of Legends, ele é um tanque poderoso, resistente e implacável que busca vingança contra o próprio irmão. Louco de pedra, ele acredita que o irmão é o responsável por sua longa hibernação na areia, mas aqui nós perguntamos: quem nunca tirou um cochilo na praia e acordou com insolação?
Periculosidade: 9/10 de o bicho é brabo!
Chances de você virar um desses: 0/10
6) Jacaré sem nome (Resident Evil 2)
Temos que admitir que o motivo que nos levou a produzir esse artigo informativo foi o meme do jacaré de Resident Evil 2 na internet. Alguém resgatou essa foto de baixa qualidade dos porões da internet para ilustrar nossa transformação depois da vacina e a imagem não sai da cabeça. A criatura realmente é marcante, responsável por um dos maiores sustos da franquia. Entretanto, o bichão também foi um pioneiro para outros crocodilianos na série e retornou com visual repaginado e mais ameaçador ainda em Resident Evil 2 Remake.
Periculosidade: 10/10 de você já morreu no susto.
Chances de você virar um desses: 0/10
7) Croc (Croc: Legend of the Gobbos)
Em um mundo perfeito e justo para nós potenciais jacarés, Croc seria o mascote de algum console. O personagem é um dos raríssimos protagonistas de sua espécie e pioneiro nos jogos de plataforma 3D. Resgatado ainda filhote pelos felpudos Gobbos, Croc se torna no futuro a única esperança de salvação deles quando seu povo adotivo é capturado por um tirano. Esbanjando charme poligonal, ele chegou a ganhar duas continuações e alguns derivados, ainda que nunca tenha atingido a glória merecida, vivendo apenas na lembrança de quem reconheceu seu valor.
Periculosidade: 0/10 de boa praça.
Chances de você virar um desses: 0/10
8) Sobek (Assassin’s Creed Origins)
Os antigos egípcios mandaram a real milhares de anos atrás: jacaré é deus, jacaré é tudo. As criaturas infestavam as margens do Rio Nilo, onde os egípcios ergueram sua civilização e, consequentemente, não foram esquecidas na hora de representar suas divindades. Sobek é o patrono dos faraós e dos militares, mas também era o deus para o qual se rezava quando você queria lavar uma roupa no rio sem ser comido. Infelizmente, ele não foi bem retratado em Assassin’s Creed: Origins e vira só mais um chefe que o jogador enfrenta (como se isso fosse possível).
Periculosidade: infinito/10 de, mano, o cara é uma divindade.
Chances de você virar um desses: 0/10
9) Killer Croc (Batman: Arkham Asylum)
Waylon Jones não tomou vacina, ele nasceu desse jeito. Entretanto, ele é o mais próximo modelo de jacaré humano no qual nós podemos nos espelhar. O personagem atazana o Batman desde 1983 nos quadrinhos mas foi em Batman: Arkham Asylum que ele teve seu momento de brilhar. Habitando os esgotos do referido asilo, ele só queria viver a vida dele, sem treta com ninguém, quando seu cafofo foi invadido pelo vigilante mascarado. Sem alternativas, ele partiu para a agressão, mas Killer Croc terminou novamente humilhado, após uma luta em que Batman apelou (como sempre).
Periculosidade: 7/10 de há chefes melhores no jogo.
Chances de você virar um desses: 0/10
10) Naked Snake (Metal Gear Solid 3)
Na convoluta cronologia da franquia, Naked Snake está destinado a se tornar Big Boss. Entretanto, o grande sonho de sua vida era mesmo se transformar em um jacaré. Na ausência de uma vacina naquela década distante e naquele pântano insalubre, a única forma do protagonista de Metal Gear Solid 3 satisfazer seus impulsos mais primitivos era matar um crocodiliano e sair por aí ostentando a cabeça de um deles como um chapeuzinho. A camuflagem funcionava muito bem na água e a peça de vestuário retornaria em outros títulos da série.
Periculosidade: 10/10 de não se brinca com o Big Boss.
Chances de você virar um desses: 1/10 (se você matar um jacaré e pegar sua cabeça)