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Uma nova temporada de animes começou e, entre os vários que saíram, um deles se destaca por trazer de volta os Trading Card Games aos holofotes. Mesmo com Yu-Gi-Oh! ainda existindo, através do Sevens, obviamente o tempo desgastou os monstros de duelo originais. Shadowverse chegou com a proposta de trazer esses tempos dourados de volta, porém, quem curte o gênero já ouviu falar nesse nome antes, não é?

Em 2016, a Cygames criava o jogo, utilizando modelos de cards baseados na cultura medieval. Dragões, cavaleiros, elfos, vampiros e outras criaturas habitam um território onde o combate ocorre através do TCG. Lançado inicialmente para iOS e para Android, depois chegando na Steam, ele atingiu o primeiro colocado de cards colecionáveis rapidamente no Japão. Quatro anos depois, temos em primeira mão um anime baseado no título.

Qual Shadowverse eu escolho?

Primeiro, gostaria de salientar o grande abismo que existe entre jogo e anime. Enquanto o primeiro, como comentei, segue uma pegada mais medieval e clássica, a animação segue para outro sentido. Hiro Ryugasaki segue os passos de Yugi, apesar de não envolver deuses egípcios ou relíquias milenares. É apenas um garoto comum com uma imensa vontade de competir na moda que a escola toda segue, os campeonatos de Shadowverse.

Conquistando amigos e rivais, ele trilha seu caminho para participar dos campeonatos do TCG e se tornar um campeão reconhecido. Apesar de seguir exatamente a cartilha, alguns aspectos chamam atenção durante os primeiros episódios. Não existe aquele peso de o mundo estar em perigo, de seres ancestrais ameaçando a realidade etc. São crianças jogando, se divertindo, que apesar das dificuldades e da batalha para superação, querem vencer e se tornarem o número 1.

Hiro segue duelando para se tornar campeão.

Porém, quando entra no jogo propriamente falando, eles seguem as mesmas regras. Isso serve para aproximar o seu público cada vez mais do game original, que hoje está muito bem consolidado e já possui até cenário de eSports estabelecido. Ou seja, o que vemos na tela será a mesma sensação que teremos durante a jogatina e isso foi uma boa sacada da produção do anime. Ambos conversarem na mesma linguagem atrairá bastante pessoas à sua contraparte.

Os discos de duelo são substituídos pelos smartphones, que ditam os cards que serão usados a cada rodada. Você poderá invocar apenas um monstro, que possui determinados pontos de ataque e defesa. Alguns deles possuem efeitos, que vão desde causar danos a mais até a destruir criaturas do oponente. Também há cards de magia e de campo, que vão ajudá-lo na vitória. Nada de novidade até aqui.

Shadowverse

As cartas seguem um tom medieval.

Porém, o que mais chama atenção é a possibilidade de evoluir durante o combate. Esse sistema não funciona como nas cartas de Pokémon, por exemplo. O jogador que inicia o combate terá cinco rodadas para escolher uma das suas criaturas para aumentar suas forças. O segundo tem quatro rodadas para fazer o procedimento. Alguns ganham efeitos novos, outros só aumentam seu poder de fogo ou defesa, mas todos ganham um novo design.

É nesse ponto que o jogo pode virar para qualquer um dos lados. Para quem já joga, sabe o quanto o recurso salva uma partida. Quem assiste o anime, pode ver todo o processo como uma camada a mais de clímax que apresentam, só que ainda assim traz toda uma emoção no momento.

Evoluir um monstro pode acabar com todo esse exército.

Dois caminhos para o mesmo sucesso

Apesar de, até o fechamento desse texto, ter apenas dois episódios disponíveis, o anime de Shadowverse mostra muito bem todo esse clima e traz as regras explicadinhas para os iniciantes. Eu mesmo, que nunca tinha visto antes esse game, quando comecei me surpreendi com a proximidade que tiveram do material original. Entrando nas comparações, não foi igual Yu-Gi-Oh! que o desenho inventava moda e, no oficial a coisa não funcionava daquela forma. Quem nunca viu o desenho e se atrapalhou tentando trazer de primeira um Mago Negro ou Dragão Branco de Olhos Azuis ao campo que atire as pedras.

Já o TCG propriamente falando, para quem não conhecia a Cygames, eles também são responsáveis pelo sucesso mobile da Nintendo, Dragalia Lost e também de Granblue Fantasy. As criaturas são divididas em oito classes diferentes e desempenham um papel importante no título. Você pode ter um deck com os Elf, Royal, Witch, Dragon, Necromancer, Vampire, Bishop e Nemesis. Cada uma possui efeitos diversos que, se trabalhados em conjunto, também podem decidir os duelos.

Shadowverse

Cada classe têm suas próprias vantagens.

Até o momento, a Cygames já produziu 15 expansões diferentes e várias modificações visuais em suas cartas. Estas são atualizações nas imagens, com os jogadores podendo utilizar as antigas ou as recentes, dependendo do que gostar mais. Claro que Shadowverse tem muito conteúdo pago, mas você consegue baixar ele gratuitamente, zerar o modo história, duelar online e conseguir muitas cartas boas sem gastar R$1 do bolso. O material pago é apenas um acelerador do processo, mas quem é bom já se destaca de forma natural do mesmo jeito.

O único problema é, caso queira começar, não ter suporte algum para o português. Todos os cards, diálogos e materiais estão em inglês, podendo ser alterados para espanhol, italiano e outras línguas caso prefira. Isso tira um pouco de destaque para o público mobile do nosso país, já que a animação está disponível inclusive na Crunchyroll nacional. Poderiam oferecer um suporte maior, já que público para isso é o que mais tem.

Infelizmente, o jogo ainda não está em PT-BR

Shadowverse, hoje existindo apenas para PCs e Mobile, ganhará também em breve uma versão para Nintendo Switch. Porém, será diferente do original, adaptando os eventos do anime para o console híbrido. Chamado de Champions Battle, ele trará a aventura de Hiro por toda a primeira temporada da animação e com os cards mostrados ali. Sairá ainda em 2020, ainda sem data definida, além de não se saber se trarão as 400 cartas ou apenas as mostradas no desenho.

Vale a pena dar uma chance, tanto para a animação quanto para o TCG online. Tanto para quem sentia falta daquele clima dos primeiros Yu-Gi-Oh! quanto para quem queria experimentar um Trading Card Game simples de se aprender e com um bom suporte da desenvolvedora. Independente do caminho que escolha, tenho certeza que aproveitará com um entretenimento de qualidade.