O maior brucutu – ou pelo menos com a qualidade mais estável – dos videogames está de volta! Os alienígenas-demônios não param de aporrinhar e Sam “Serious” Stone, em Serious Sam 4, cumpre seu papel e desce-lhes a porrada sem dó nem piedade.
A Croteam lançou no mês de setembro a quarta instância desta série cult que possui uma vaga cativa no coração de cada um dos amantes de FPS para computadores. Serious Sam 4 é uma prequel à trilogia original e trata da última barreira de resistência humana contra a invasão alienígena.
Estou falando(,) Sério
Quando eu falo sobre ser um clássico cult, eu falo sério. À primeira vista, Serious Sam 4, assim como toda a série, soa como uma obra fora de seu tempo. Na verdade fora de todos os tempos e dimensões imagináveis. Uma união de um filme de ação dos anos 80 com uma aventura pulp dos anos 20 com uma ficção científica dos anos 60.
A liberdade insana com a qual a Croteam trabalha e desenvolve seu xodó com certeza assusta e afasta algumas pessoas. Porém, os frutos desta árvore sempre possuem interessados em pegá-los e saborearem-se com eles antes mesmo que deixem sua progenitora. Como eu sempre digo: “Para cada insanidade produzida, tem pelo menos um doido batendo palma.”
Serious Sam 4 se posiciona antes dos 3 jogos anteriores no quesito narrativa, tratando dos eventos que mostram como a coisa se perdeu dos trilhos a tal nível. Para ser bem honesto com vocês, tanto eu quanto Vinícius Duarte – dono dessa bagaça e que me acompanhou na jogatina co-op – não tínhamos percebido isso pela história ou por qualquer outra interação dentro do jogo. Fui descobrir só quanto li o sumário na página da Steam do jogo.
Os personagens são um ponto quase que surreal. Ao mesmo tempo sendo uma grande comédia pastelão, regada à violência e um jeito macho-man de ser, temos momentos – levemente – emocionantes tratando sobre a percepção do papel individual na construção de uma ideia coletiva ou sobre o papel feminino numa sociedade moderna. Mais uma vez, uma mistura anacrônica. Isso tudo, sem trazer absolutamente nada de novo.
O visual de Serious Sam 4 é estranho. Os cenários vem diretamente do estilo de Half Life 2 com cores mais saturadas. Os personagens principais foram exportados de um jogo de PlayStation 2 e aparentemente boa parte deles são cegos, visto que usam óculos escuros tão escuros e que cobrem tanto que essa deve ser a única explicação. Estranhamente, uma parte dos inimigos são geométricos e desconjuntados, porém, a outra parte tem visuais curiosos e até aceitáveis para um lançamento barato.
Em nome do fan-service, uma enorme parcela dos inimigos são repetidos dos jogos anteriores com as devidas atualizações. Inclusive a agoniante presença do Kamikaze Sem-Cabeça que, curiosamente, grita até te alcançar e explodir. Como ele grita sem ter cabeça ou sequer uma boca? Não faço ideia. Isso traz um quentinho no coração para quem tem um certo carinho estranho com estes seres, porém seria bom ter mais novidades em um lançamento.
Não vai sobrar alien sobre alien
A jogabilidade é o fator mais relevante de Serious Sam 4. Tendo um certo gosto de Doom, a movimentação de Sam é absolutamente insana. Com uma quantidade absurda de inimigos a todos os momentos, o jogo te dá pouquíssimo tempo para respirar com calma, balas e vida suficiente. Por essa sensação, durante um bom tempo me lasquei bem seguindo a vibe correria de Doom até perceber que me daria melhor indo com um pouco mais de calma e usando mais o cérebro ao invés das pernas.
Entregando as armas pouco-a-pouco para os jogadores, assim como variando bem a introdução de novos inimigos, Serious Sam 4 nos leva por um caminho que permite estarmos entrosados com cada uma de nossas ferramentas quando a hora necessária chegar. Outro ponto relevante com isso é que as armas favoritas vão mudando de momento para momento, trazendo um certo carinho com alguns modelos.
Serious Sam 4 adiciona também uma minúscula árvore de habilidades, onde podemos alocar pontos conforme encontramos orbes em pontos pré-determinados da história. Acaba que estas novas possibilidades não trazem alterações significativas para a maneira com a qual jogamos, independente do ramo da árvore selecionado, em boa parte do tempo, nem sequer me lembrava de alocar os pontos.
Por toda a maluquice envolvida na narrativa, na jogabilidade e nos inimigos, o fato de Serious Sam 4 possuir multiplayer cooperativo é um ponto positivíssimo! Ter mais pessoas não faz com que o jogo seja mais fácil ou menos corrido, então tudo o que traz de bom se mantém. Os problemas ficam sobre todos os jogadores serem versões idênticas do Sam, sobre a lentidão para carregar as fases e os bugs que me impediam de jogar 2 fases contínuas em multiplayer sem o jogo quebrar.
Por fim, Serious Sam 4 parece um jogo fora de sua época, soa como um jogo fora de sua época, se joga como um jogo fora de sua época e por tudo isso é agradável, intenso, difícil e divertido como nos pareciam todos em uma outra época. Ainda mais se vai ser aproveitado com algum parceiro.