Já dizia o ditado: não sabe brincar, não desce pro play! A Apple removeu Fortnite de sua loja de aplicativos, sem saber que estava deflagrando uma guerra com a Epic Games, com direito a processo na justiça e vídeo de paródia.
A treta começou com uma mudança no sistema de compras de itens dentro de Fortnite. A Epic Games anunciou uma redução de custo na compra de V-Bucks, a moeda virtual do Battle Royale. Essa mudança é válida para todos os usuários, em todas as plataformas, desde que seja utilizado um sistema de pagamento direto. No chamado Epic Direct Payment, 1000 V-Bucks passaram a ser comercializados por US$7.99. É um bom desconto contra os US$9,99 cobrados através da App Store ou do Google Play.
Foi a deixa para a Apple pistolar. Alegando (justificadamente, vale dizer) violação dos termos de uso, a gigante do iPhone removeu Fortnite da sua loja. Em um comunicado enviado à imprensa, a Apple declarou: “hoje, a Epic Games deu o passo infeliz de violar as diretrizes da App Store que são aplicadas igualmente a todos os desenvolvedores e projetadas para manter a loja segura para nossos usuários. Como resultado, seu aplicativo Fortnite foi removido da loja”.
Cilada da Epic Games!
O que a Apple não esperava era o nível da resposta que a Epic Games já tinha preparado. Em menos de uma hora, a produtora e desenvolvedora de jogos “lansou a braba”: um processo judicial de 65 páginas (PDF) contra a Apple. Logo no texto inicial do processinho, vem o dedo na cara. O texto diz que “a Apple tornou-se o que antes reclamava: o gigante que busca controlar mercados, bloquear a concorrência e sufocar a inovação”.
Achou pouco? Tem mais: “a Apple é maior, mais poderosa, mais entrincheirada e mais perniciosa do que os monopolistas da passado. Com uma capitalização de mercado de quase US $ 2 trilhões, o tamanho e alcance da Apple excede em muito o de qualquer monopolista de tecnologia na História”. A Epic Games alega não desejar compensação financeira com o processo, mas que seja considerado injusto o controle exercido pela Apple em sua loja, assim como a taxa de 30% cobrada de todas as transações.
Esse é um caso que será resolvido nos tribunais. Entretanto, a Epic Games não parou por aí e adicionou deboche à confusão. Está acontecendo agora um evento dentro de Fortnite, em que é exibido um curta-metragem em animação pedindo a “liberdade” do jogo. O vídeo atinge onde dói mais, parodiando o famoso comercial inspirado em “1984” produzido pela Apple décadas atrás. Se antes a Apple era a empresa “contra o sistema”, clamando por liberdade, agora ela é o alvo, ela é o sistema que Fortnite estaria enfrentando.
Nem um processo de 65 páginas, nem um evento de Fortnite são produzidos da noite para o dia e tudo indica que a produtora e desenvolvedora de jogos já estava com tudo armado para pegar a Apple de jeito. A briga ainda está rolando e espera-se algum tipo de resposta da Apple ao incidente.