Quando peguei Fly Punch Boom! pela primeira vez, acreditei fielmente pelo que vi e li de que era um jogo de luta com personagens esquisitos. Não julgue, todo game do gênero tem. Não vai me dizer que acha Blanka ou o Baraka lindos e maravilhosos, né? Enfim, como tenho um longo histórico com o estilo achei que dar uma olhada nesse novo título do Switch não faria mal.
Porém, o que eu vi foi um grande quebra de expectativas. Nem em meus sonhos mais bizarros eu acreditei que fossem misturar tanta coisa num jogo só e o resultado me deixou um pouco desanimado. A ideia é recriar as batalhas mais insanas que vemos nos animes, o que a Bandai Namco já nos faz o favor de trazer, mas o que joguei não foi a melhor experiência que tive em relação a elas.
Não é bem o que você pensa
Como citei acima, a proposta da Jollypunch Games é colocar no Switch os ambientes de confrontos de anime que vemos em Dragon Ball, Naruto entre outras grandes obras. Mas isso já não começa bem a partir dos personagens. Ainda que poucos lutadores no hall e apenas dois desbloqueáveis, nenhum deles lembra qualquer coisa de animações japonesas. O máximo que chega perto é dos desenhos do Cartoon Network e a falha em te deixar no clima já o atinge logo de cara.
Você ainda assim insiste, escolhe um deles e a arena e começa a batalha. Os primeiros cinco segundos até que são muito interessantes, cada um em lados opostos e voando que nem DBZ, você solta um “uau, agora vai”. Mas não foi. Fly Punch Boom! não é um jogo de luta. Não importa a sua definição disso, mas me quebrou pela segunda vez.
Vamos aos termos. No site da Nintendo, a definição dele está na primeira frase. “O jogo é tudo que você viu em suas batalhas de anime favoritas”. Só que não é isso que eu enxerguei. O confronto se dá através de quick time events. Devia dizer really QTE, já que ele realmente aparece e some numa velocidade absurda. Se aproximando do oponente, você terá de apertar o botão certo no momento certo para o ataque acontecer. Se está sendo atingido, outro padrão aparecerá para poder escapar.
É como se Detroit: Become Human tivesse um filho com Dragon Ball Z: Budokai e essa criança participasse de um especial de Hora da Aventura. Se você não compreendeu bem, parabéns, sua mente é um local saudável. Se sim, sinto muito pelo contrário, mas foi assim que me senti jogando ele. Essa explicação é o que mais chega perto do que tem no título, por mais incrível que pareça.
Se os dois personagens que estão na batalha acertam o timing, por exemplo, começa a sessão de esmagar botões de forma repetida até um deles cometer uma falha. Não preciso vir aqui falar para nenhum dono de Nintendo Switch o quanto o aparelho tem os joy-con frágeis e que isso se torna ainda mais nocivo do que jogar Super Smash Bros. Ultimate em dificuldades elevadas. Vamos combinar que quebrá-los é um risco que ninguém aqui no Brasil deseja, principalmente com os preços elevados de tudo relacionado ao console no país.
De qualquer forma que veja ou coloque, ele naturalmente não é um jogo de luta. Nunca poderia compará-lo ao Street Fighter, Mortal Kombat, Naruto Ultimate Ninja Storm ou qualquer outro que exista hoje. É algo diferente e a ideia até que me foi interessante ao analisar o produto completo. Mas a falta de personagens e a sequência de vezes que você precisará utilizar os QTE se tornam extremamente cansativas após algumas partidas.
Fly Punch Boom ainda é jogável
Porém, não é só de erros que vive Fly Punch Boom!, temos de dar seus devidos créditos aqui. As fases são muito divertidas e são o verdadeiro brilho do título. Com várias formas de interagir, com cenários destrutivos e podendo ser utilizados para avançar contra o inimigo, realmente são fatores muito interessantes no meio do combate. Eles até fazem parte de especiais, que totalizam 40 Stage Fatalities distintos.
A trilha-sonora também é bacana, além dos zoom que aparecem durante as batalhas. Você primeiramente tem a visão de longe, quando atinge um golpe ou é atingido, eles focam na pancadaria e isso sim afirmo lembrar bastante os animes que já assisti. É uma pena ter de afirmar o quanto é decepcionante o quanto o resto não o ajuda a se divertir ainda mais, não trazendo uma experiência satisfatória.
Não me entendam errado, o visual do título não é feio, não notei nenhuma queda de frame durante minha jogatina nem qualquer falha imensa que me impedisse de jogar. Apesar dele se mostrar ainda melhor na dock do que jogando no modo portátil, não há nenhum buraco que impeça você de aproveitar a sua performance.
Acredito que a sequência de escolhas na direção dele que trouxeram os erros que citei acima e que não se encaixam na proposta que eles oferecem. Fly Punch Boom! não é ruim, apenas não atingirá de forma efetiva ao seu público alvo que são os jogadores de luta ou que curtam animes. Para quem gosta de ambos e ainda insiste, nem a gameplay o torna mais interessante ou marcante.