Castlevania Anniversary Collection chegou pra mim como uma enorme responsabilidade. Sempre fui fã, mas estou longe de ser um verdadeiro entendedor da franquia, que sabe de todos os detalhes da história e outras coisinhas mais. Por isso, a chance de testá-lo aconteceu para revisitar o início desta saga que, sem sombra de dúvidas, vem sendo explorada a esmo de uns tempos pra cá. Seja pela série animada do Netflix ou pela trilha sonora completa disponível no Spotify, Drácula nunca foi tão incomodado recentemente.
Esta coletânea comemorativa é a segunda de três do Konami 50th Anniversary Collection, sendo a primeira voltada aos jogos de fliperama e o último colocando Contra na parada (com lançamento em breve). Castlevania Anniversary Collection não traz os jogos em ordem cronológica correta, começando por Lament of Inocence (PS2), entretanto isso não pesa em nada.
A seleção inclui: Castlevania (NES), Castlevania II: Simon’s Quest (NES), Castlevania III: Dracula’s Curse (NES), Super Castlevania IV (SNES), Castlevania: The Adventure (Game Boy), Castlevania II: Belmont’s Revenge (Game Boy), Castlevania Bloodlines (Mega Drive) e Kid Dracula (NES), que pela primeiríssima vez deu as caras no ocidente.
Nunca envelhecer, como ensinou Drácula
Não dá pra negar que a jogabilidade dos jogos disponíveis dataram com o tempo. Isso fica ainda mais evidente com os jogos de Game Boy. Porém os demais títulos divertem o suficiente para fazer o jogador esquecer deste detalhe. Meu preferido desde moleque, o Super Castlevania IV, continua super bem feito e cativante. O que não datou, de forma alguma, foram as trilhas sonoras. O primoroso trabalho feito do NES ao Mega Drive merece aplausos e continua incrível.
A emulação não oferece nada além do esperado, como opções para salvar, gravar replays, alterar os gráficos, bordas de tela e comandos. Todo título tem um menu à parte, sendo que os de Game Boy são os únicos que oferecem opções únicas no visual: como são em preto e branco, fizeram uma graça e colocaram o famoso verde da tela antiga do portátil e também um tom sépia.
Indispensáveis, o scanline e os tamanhos de tela também estão presentes em Castlevania Anniversary Collection. Admito ter demorado um pouco para ter uma opinião à respeito. Senti diferença? Sim, mas logo lembrei que o primeiro jogo da lista foi feito em 1987, época em que os televisores possuíam baixa resolução. A Konami deu um tapa no efeito de suavização quando a tela é esticada, felizmente não causando problemas ou qualquer coisa que atrapalhasse a diversão.
Bônus para os verdadeiros amantes
Não só bastassem os oitos jogos, que contam toda a história inicial de Castlevania, a Konami decidiu incluir um livro digital (em inglês) de pouco mais de 80 páginas. Tem muita coisa interessante, como os encartes dos jogos. Dá pra passar um bom tempo conferindo tudo.
Para os jogadores dos anos 80 e 90, a principal propaganda era isso, pois não tínhamos acesso rápido às informações. As desenvolvedoras precisavam vender o produto a partir de desenhos criativos e, na maioria das vezes, com uma mentira aqui e ali. Nunca doeu a ninguém e é incrível poder reviver esses detalhes daquela época.
Sono interrompido sob ira vampiresca
Mesmo com a boa escolha dos jogos, na minha modestíssima opinião houve uma sacanagem por parte da Konami. Com o lançamento de Castlevania Requiem (novembro do ano passado), dois grandes e amados títulos não fazem parte disso tudo: Rondo of Blood e Symphony of the Night. Não consigo enxergar um único motivo para eles não terem sido incluídos, a não ser ganhar uns trocados a mais. Seria perfeito se estes dois games estivessem na coletânea.
De qualquer forma garantiram Bloodlines, que é um jogaço! Uma referência primorosa para qualquer desenvolvedor que desejar fazer um metroidvania. Gráficos em dia, jogabilidade em dia, história em dia, cutscenes em dia. Coisa fina e imperdível para aqueles que não tiveram a chance de jogar na época.
Todos os jogos rodam muito bem, mesmo se você forçar a barra numa TV 4K. Você irá conseguir jogar mas obviamente os gráficos não ficarão perfeitos, “crocantes” como dizem por aí, pois os jogos não foram feitos para rodar em resoluções altas, mas dá pra jogar numa boa.
Exceto pela ausência de Rondo of Blood e Symphony of the Night na coletânea, não consegui encontrar aspectos negativos. A emulação funciona super bem, trazendo as opções esperadas e todos os jogos possuem algo de interessante. Até mesmo o ranzinza do Drácula de Bram Stoker daria um like para Castlevania Anniversary Collection. Mais que recomendado! Deixe esse vampiro morder seu pescoço, caro leitor.