Hyrule Warriors: Age of Imprisonment chega ao Switch 2 mostrando que, quando a Nintendo resolve dar as cartas e a Koei Tecmo embarca junto, a diversão é garantida, ainda mais agora com desenvoltura técnica digna da nova geração. Se antes a franquia era lembrada por experimentos divertidos com traços de caos, dessa vez ela entrega maturidade, fluidez e um espetáculo visual arrebatador, sem se afastar da emoção crua típica de Zelda.
O segundo jogo dessa franquia expande os acontecimentos do universo Breath of the Wild, apostando em drama e conexão emocional com os personagens, tudo isso embalado em batalhas que estão mais grandiosas e trechos de história impactantes. A sensação é de urgência, de inevitável, de história sendo contada ao som de combates acontecendo ao fundo, e aqui reside algo que realmente eleva toda experiência. Ao contrário do primeiro jogo, Hyrule Warriors: Age of Calamity, esse novo capítulo é canonicamente conectado aos eventos de Tears of the Kingdom, transformando o que era um “what-if” interessante em parte genuína da mitologia de Hyrule e complementando a imersão narrativa da franquia.

No entanto, não posso deixar de pontuar que a narrativa não consegue explorar todo potencial dessa premissa, já que a Koei Tecmo escolheu priorizar o gameplay à narrativa. Quando achamos que finalmente conheceríamos mais sobre a história da invasão de Ganondorf, que foi brevemente mostrada no jogo The Legend of Zelda: Tears of the Kingdom percebemos que presenciamos o preenchimento de lacunas. Os Sábios ganham rostos e nomes, e a mitologia Zonai ganha mais espaço na narrativa, mas depois de 15 horas de jogo, a sensação é de que a Nintendo planeja criar quase como um “Universo Expandido” para trabalhar essa história ao redor dos eventos cruciais, evitando fundir tudo à trama principal.
Para quem é fã longa data, assim como eu, a expectativa era de descobrirmos ou jogarmos muito mais sobre esse período. Talvez seja injusto exigir tanto de um jogo musou, desenvolvido por estúdio externo e não pela Nintendo, esperando receber a profundidade narrativa de um título principal de Zelda. Porém temos momentos realmente grandiosos ou que reforçam a importância desse jogo como, por exemplo, a relação entre Rauru, Mineru e Zelda, sobre o interesse na Tecnologia Zonai, ou como os Sábios participam na tentativa de deter as forças de Ganon, e a participação dos novos personagens, Calamo, o Korok barulhento, Lenalia, assistente do Rei, e o Construto Misterioso.
Nova geração, um outro patamar

Se você jogou Hyrule Warriors no Switch original e reclamou dos engasgos em pleno campo de batalha, Hyrule Warriors: Age of Imprisonment brilha no Switch 2. Os frames finalmente acompanham o ritmo da horda de inimigos, e os tempos de loading diminuíram consideravelmente. O novo hardware da Nintendo consegue liberar o potencial necessário para o caos das batalhas se manterem estável do começo ao fim, com 60 quadros por segundo consistentes, mesmo com centenas de inimigos na tela simultaneamente.
Hyrule Warriors se beneficia muito do novo portátil, trazendo todas as características de um musou, mas com boas pitadas de Zelda. Se de um lado estamos cercado por hordas de inimigos, de outro, há espaço para execução estratégica ao trocar de personagens na hora certa, usar as runas com inteligência e buscar sempre o melhor timing para as habilidades especiais, eliminando boa parte do campo em segundos e aproveitando os cenários que já causavam uma saudade boa e se tornaram motivos para retornarmos.

O trabalho da Koei Tecmo surpreende pela variedade que o jogo oferece, especialmente conforme você progride em Hyrule Warriors: Age of Imprisonment. No início, você domina combos básicos, ataques especiais e a mecânica de sincronização entre personagens. Conforme você avança pela campanha principal, novas camadas vão sendo acrescentados, além de apresentar inimigos clássicos de Breath of the Wild e Tears of the Kingdom, como Moblins, Boplins. Enquanto isso, do nada, a jogabilidade muda e você parte para sessões ao melhor estilo Star Fox, em que você precisa pilotar construtos misteriosos, disparar em inimigos e usar dispositivos, além de contar com a tecnologia Zonai.
Os desenvolvedores também não economizaram em conteúdo, trazendo mais mapas, missões inéditas, desafios melhor ajustados para multiplayer e novos personagens para quem achava que já tinha feito tudo. O cooperativo com split-screen (com queda na performance e abaixo dos 60fps), já que não consegui testar o GameShare com dois consoles, deixou de ser uma promessa e passa a realmente funcionar, com sessões fluidas, estáveis e divertidas.
Jogabilidade que vai além de apertar botões

Um diferencial agradável em Hyrule Warriors sempre foi a habilidade em dosar quantidade e qualidade, com combos fáceis de encaixar, revezamento instintivo entre heróis e minúcias nos poderes especiais para garantir ritmo e satisfazer até quem só veio pelas pancadarias, mas recompensa quem busca dominar absolutamente todas as mecânicas. Para isso Age of Imprisonment se apoia no espetáculo visual do sistema de especiais com um visual impactante para executar ataques grandiosos, criando momentos de satisfação durante as batalhas.
Os Sync Strikes também voltam fortalecidos, permitindo combinações únicas dependendo de quais dois personagens você escolher lutar juntos. Cada combinação oferece um ataque especial único que frequentemente reflete a relação ou sinergia entre os personagens. Chefes retornam com as mesmas fraquezas que possuem em Tears of the Kingdom, e cada personagem tem acesso a dispositivos Zonai que podem ser usados estrategicamente contra eles, além das Unique Skills para interromper certos ataques indefensáveis, exigindo habilidade para contra-atacar no momento certo e conseguir expor o ponto fraco do inimigo para derrubá-lo.

Utilizar os dispositivos Zonai para conjurar defesas rolantes de espinhos e catapultas é agradável e mantém o que vimos em Tears of the Kingdom, trazendo para a narrativa a justificativa de existirem novos personagens originais, expandindo ainda mais o elenco jogável. Inegável dizer que Mineru, em particular, acaba sendo uma das preferidas. Calamo, o Korok, oferece charme e nostalgia para veteranos da franquia, e outros ainda vão acompanhar Zelda e Rauru durante a Imprisoning War.
Um espetáculo de continuação
Visualmente, Hyrule Warriors: Age of Imprisonment se mantém fiel ao que conhecemos em Breath of the Wild e ganha uma nova camada em Tears of the Kingdom, mas dessa vez chegando em um patamar ainda mais alto. Cores vibrantes, texturas refinadas e um uso da iluminação que transforma Hyrule num espetáculo para ser contemplado. Personagens e monstros estão mais expressivos, e cada cenário passa sensação de capricho e respeita o legado da série. As cenas ganham peso narrativo por serem longas, bem produzidas e genuinamente envolventes, reforçando a conexão emocional com os eventos que estão se desenrolando.

A trilha ajuda a costurar essa experiência intensa com remixes de temas clássicos entrando em cena lado a lado com composições inéditas, sempre firmando aquele elo emocional entre jogador e universo da franquia. É impossível não sentir um arrepio na pele quando a música sobe junto da tensão da batalha.
Hyrule Warriors: Age of Imprisonment é aquele jogo que merece ser jogado por quem passou pelos dois últimos capítulos da franquia, sendo uma das surpresas mais agradáveis desse início de geração. É técnica e mecanicamente um dos melhores jogos do gênero musou ao oferecer um combate divertido, recompensador e constantemente fresco graças às suas múltiplas camadas de sistemas interconectados.

Mesmo que ainda fique aquela sensação de “quero mais” quando analisamos a narrativa, faltando se mais ousada, profunda e mais interessada em responder as perguntas que Tears of the Kingdom deixou em aberto, ainda assim você terá momentos genuínos que recompensam o investimento nesse jogo.
Se você é fã de Zelda, de musou ou simplesmente busca uma experiência que combine ação desenfreada, Hyrule Warriors: Age of Imprisonment não é apenas uma recomendação, mas sim obrigação. E sinceramente, aqueles que descartaram por achar que era “apenas um hack-and-slash comum” precisam repensar essa opinião, pois a franquia spin-off cresceu, amadureceu e se tornou exatamente o que deveria ter sido desde o início, ganhando um espaço merecido no universo que habita.
Prós:
🔺Performance estável no Switch 2
🔺Gameplay variada com muitos personagens
🔺Novas mecânicas com tecnologia Zonai e Sync Strikes
🔺Modo cooperativo local funciona bem, mesmo com queda de fps
🔺Direção de arte e trilha sonora de alta qualidade, fiéis a Zelda
🔺Conteúdo extenso com missões opcionais e alta rejogabilidade
Contras:
🔻História ainda se mantém com lacunas
🔻Cenas apresentam travamentos e queda na qualidade visual
Ficha Técnica:
Lançamento: 06/11/25
Desenvolvedora: Koei Tecmo
Distribuidora: Nintendo
Plataformas: Switch, Switch 2
Testado no: Switch 2


