Após oito anos de espera e críticas que ecoaram pela comunidade gamer, a Playtonic Games finalmente decidiu retornar com Yooka-Replaylee, uma versão remasterizada que busca corrigir os erros do jogo original lançado em 2017. Desenvolvido pelos veteranos da Rare, responsáveis pelos clássicos Banjo-Kazooie e Donkey Kong Country, esta nova edição se apresenta como a versão definitiva que o jogo original merecia desde seu lançamento.

Desde o início, Yooka-Replaylee consegue manter sua essência como um platformer 3D estilo collectathon, seguindo a dupla carismática composta por Yooka, um camaleão verde, e Laylee, o morcego roxo, em uma jornada contra o vilão corporativo Capital B. A premissa continua interessante e um prato cheio para os amantes desse gênero, tentando impedir que todos os livros do mundo sejam transformados em dinheiro vivo, com mundos repletos de coletáveis e desafios para serem explorados.
Um retorno merecido para a dupla dinâmica
Impossível não começar pelo ponto que mais impressiona nesse remake, pois o salto visual é realmente perceptível. Eu fui um dos apoiadores do projeto inicial via Kickstarter, em 2015, e desde aquela época, Yooka-Replaylee com toda certeza consegue entregar melhorias gráficas notáveis, com texturas em alta resolução, animações mais fluidas e uma paleta de cores mais vibrante, que faz jus ao charme visual que o jogo sempre prometeu. Os modelos dos personagens também foram completamente refeitos e a direção de arte ganhou um polimento que torna cada ambiente mais atrativo e coeso, aumentando ainda mais a vontade de explorarmos esse mundinho autoral e carismático.

Se resgatarmos o jogo original, vamos relembrar que a principal crítica ao Yooka-Laylee estava em sua câmera problemática, controles poucos responsivos e level design criativo até demais, que causava uma sensação de estarmos perdidos a cada ambiente descoberto. A Playtonic fez o trabalho de ouvir todo feedback da comunidade e trouxe melhorias que realmente fazem a diferença, com uma câmera completamente redesenhada e que oferece controle total ao jogador, eliminando aquelas quebras na fluidez do jogo e complicando demais o fator plataforma do jogo.
Yooka-Replaylee também ganhou novos controles, com uma responsividade muito superior e a possibilidade de encadear movimentos, tornando a exploração ainda mais fluida. Agora, atravessar grandes porções dos ambientes gigantescos é realmente fácil e agradável, por eliminarem a latência entre apertar um botão de ação e ver Yooka pular, sem contar que todos os movimentos dos personagens estão disponíveis desde o início, eliminando a progressão artificial que forçava os jogadores a revisitar áreas constantemente.

E já que estamos falando de progressão, os desenvolvedores conseguiram repensar as escolhas que desagradavam a exploração livre com backtracking excessivo, agora encontramos uma estrutura que respeita o tempo do jogador. O novo mapa mundial conta com rastreador de desafios e elimina aquela sensação de estar perdido em níveis gigantescos sem direcionamento claro, sabendo o que precisamos procurar e qual etapa das buscas pelos colecionáveis nós estamos.
Do colecionável ao personalizável
Para aqueles que buscam por novidades, Yooka-Replaylee expande e aumenta o conteúdo do jogo original, introduzindo novos desafios de Rextro, com perspectiva isométrica, chefes reformulados que exigem novas táticas, e uma variedade de novas missões para preencher a sensação de vazio pelos estágios, que já começam em suas versões expandidas. Com isso, os níveis receberam uma nova camada de interatividade antes inexistente e novos inimigos, que garantem boas surpresas para quem jogou o original e revisita áreas conhecidas.

A introdução das moedas de Coinelius, o porquinho-cofre, adiciona uma nova camada de coleta que funciona como desafios mais breves espalhados estrategicamente pelos níveis, que incentiva a exploração sem sobrecarregar com objetivos confusos. Os tônicos também retornam com novidades, permitindo a personalização do estilo de jogo através de aprimoramentos simultâneos, enquanto a máquina Vendi foi expandida com novas mercadorias, oferecendo novidades para quem busca customização da dupla protagonista.
Revivendo a era de ouro dos collectathon
Um dos pontos que sempre me chamaram atenção na franquia era o estilo visual de Yooka-Laylee, principalmente para quem viveu a era de ouro da Rare. Replaylee corrige essa deficiência com um upgrade impressionante e que faz os mundos parecerem verdadeiramente vivos, com cores mais vibrantes, texturas mais nítidas, e um nível de detalhamento que faz justiça ao design colorido e carismático dos personagens. Enfim cada mundo possui uma identidade visual, com elementos únicos e fazendo com que as Quills coloridas específicas de cada ambiente conectem visualmente os coletáveis ao tema de cada área.

Na trilha sonora, Yooka-Replaylee brilha ainda mais, contando com a colaboração entre Grant Kirkhope (Banjo-Kazooie) e David Wise (Donkey Kong Country), retomando a trilha sonora memorável do original numa nova versão orquestrada e gravada com a Orquestra Filarmônica da Cidade de Praga. A música ressoa com uma riqueza e profundidade que complementa perfeitamente o visual aprimorado, justificando ainda mais toda a remasterização.
Deixei as críticas para o fim, pois acredito que elas não diminuem em nada a experiência em Yooka-Replaylee, pois ainda temos alguns pequenos problemas de performance, com ligeiras quedas de taxa de quadros e pequenos bugs causados pela livre exploração ao tentarmos algo não previsto num canto mais afastado e vazio de uma fase.

Yooka-Replaylee representa um esforço genuíno e bem-sucedido de corrigir os problemas de um jogo com grande potencial desde sua proposta. As melhorias técnicas são essenciais, a apresentação visual é impressionante, e a trilha sonora orquestral é excelente. Para quem nunca jogou o original, esta é definitivamente a versão a se experimentar, enquanto que para os fãs do gênero e nostálgicos dos clássicos da Rare, Yooka-Replaylee oferece uma experiência sólida que finalmente honra suas influências.
Prós:
🔺Remaster com gráficos realmente aprimorados
🔺Retrabalho com a câmera
🔺Controles responsivos e movimentos fluidos
🔺Novidades de conteúdo e melhorias implementadas
🔺Trilha sonora orquestrada de alta qualidade
🔺Ainda é um dos melhores Collectathon
Contras:
🔻Pequenos problemas de performance
🔻Level design ainda pode parecer excessivamente grande
🔻Baixo desafio pode ser desanimador para os mais exigentes
Ficha Técnica:
Lançamento: 09/10/25
Desenvolvedora: Playtonic Games
Distribuidora: PM Studios
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series, Switch 2
Testado no: PS5


