É fato que a maioria dos jogadores de Call of Duty acompanham a franquia pelo multiplayer. Já eu sempre gostei das campanhas, encarando a experiência solo como um esquenta pra depois cair na loucura das partidas online. Foi assim com o excelente Call of Duty: Black Ops Cold War e depois com Call of Duty: Modern Warfare 3, que me decepcionou um bocado. Call of Duty: Black Ops 6 recuperou meu hype com os testes beta, me deixando ainda mais empolgado com a campanha divulgada pelos trailers.
Produzido pela Treyarch e Raven Software, com o apoio de vários outros estúdios, Call of Duty: Black Ops 6 chegou com a promessa de trazer uma campanha ainda maior, que mistura ação com espionagem assim como fizeram em Cold War. E nessa fórmula ainda adicionam exploração de mundo aberto em uma das 11 missões do game. Tudo isso seria lindo se não fosse por um detalhe: a campanha começa bem, mas termina fraca demais.
Campanha que começa bem, mas…
Não vou dar spoilers, mas diria que a primeira metade da campanha de Call of Duty: Black Ops 6 tem os pés bem firmes no chão. Há segmentos de ação e espionagem equilibrados na medida certa, com uma ótima história rolando por trás. Ambientado nos anos 90 após a Guerra Fria e durante a Guerra do Golfo, uma força-tarefa clandestina se infiltra na CIA colocando a agência em risco. Woods se junta a Troy Marshall, seu novo protegido, e ambos trabalham para a agente Jane Harrow. As coisas não seguem como planejado e Woods e sua equipe se vêm forçados a rebelar.
Tal equipe é formada por Felix Neumann, um gênio da tecnologia; Sevati Dumas, uma assassina cheia de segredos; o veterano Russel Adler, que retorna novamente causando desconfiança; e o jogador (William “Case” Calderon). Vocês precisam concluir uma série de missões para descobrir quem está liderando esse complô contra a CIA.
A história tem um ritmo muito bom, conectando as missões através de uma hub chamada A Torre, onde sua equipe se esconde temporariamente. Lá você gasta o dinheiro coletado nas missões para destravar melhorias (que se estendem pro multiplayer), além de conversar com as personagens aprofundando o diálogo através de opções de perguntas. Melhor ainda é lidar com NPCs em missões de espionagem, observando pistas para não dar respostas erradas e ter seu acesso barrado em uma área proibida, por exemplo. A Torre também esconde uma série de segredos, convidando o jogador a resolver quebra-cabeças com luz negra para obter recompensas valiosas, além de descobrir mais sobre a lore do jogo.
Eu estava tendo uma excelente experiência até chegar na missão Pleno Devaneio. Fica claro a insistência dos desenvolvedores em conectar o Projeto MKULTRA à plot, usando como desculpa pra colocar zumbis e outras criaturas no meio da campanha. Pra mim, essa decisão quebrou totalmente a imersão. Por sorte ainda rolam três missões incríveis na sequência, em especial a Cartada de Mestre. Depois é ladeira abaixo, com decisões de narrativa desconectadas da realidade e um final nada apoteótico. Dura cerca de 8 horas, com altos e baixos.
Call of Duty: Black Ops 6 e o seu onimovimento
A maior novidade no gameplay de Call of Duty: Black Ops 6 é o tal do onimovimento, que permite uma movimentação mais fluída ao rotacionar seu personagem de acordo com a mira, seja durante a corrida, ao saltar, ao escorregar e enquanto se arrasta pelo chão. Vendo outro jogador fazendo isso, é como se a contorção do corpo dele fizesse sentido, deixando tudo mais fluído. Mas, por outro lado, tem muitos jogadores abusando do onimovimento pra escapar de tiros enquanto pulam e escorregam. Ver isso rolando em Killcam chega a ser hilário.
O multiplayer vem carregado de novidades, incluindo 16 novos mapas. São 12 mapas 6×6 e mais 4 mapas que podem ser jogados 2×2 ou 6×6. Os mais populares no momento certamente são Skyline, Derelict, Rewind e Babylon. Fora o retorno do Nuketown original, lançado no dia 1º de novembro, que continua sendo o queridinho dos jogadores. Todos os novos mapas são de tamanho pequeno e médio e utilizam a estrutura clássica de três rotas. Mas nem tudo é perfeito: há falhas de design em alguns destes mapas que estão permitindo trapacear, especialmente nos pontos de respawn. E tem mapa que simplesmente não deveria existir, como Payback (a casa chamada de A Torre, na campanha), um verdadeiro formigueiro.
Fiz questão de soltar esse review depois do lançamento pra ter tempo de jogar o multiplayer e conferir todos os mapas e variações com os modos. Os mapas Vorkuta e Vault eu joguei apenas uma vez, de tanto que a comunidade os ignora nas votações. Além de eu detestar a interface do jogo, toda blocada e que exige muitos passos pra coisas simples – especialmente na personalização dos loudouts – eu senti falta de filtros mais completos, como marcar mapas que desejo ou não jogar em um determinado modo. Por fim, no dia 14 de Novembro serão lançados mais três mapas inéditos da Season 1: Hideout, Extraction e Heirloom, com modos 2×2 e 6×6.
Escapando do Terminus
O modo Zumbis retorna em sua melhor forma, com uma boa história ambientada em uma ilha nas Filipinas. O Projeto Janus assumiu o controle dessa ilha, construindo um laboratório secreto nas cavernas que antes eram utilizadas para mineração de carvão. Os jogadores escolhem entre as personagens Grigori Weaver, Elizabeth Grey, Mackenzie “Mac” Carver e Maya Aguinaldo, enquanto exploram e lutam para escapar dessa instalação de biopesquisa repleta de mortos-vivos. A partida ocorre por rodadas, com hordas de inimigos cada vez mais fortes. O objetivo é coletar Essência e Sucata, as moedas do jogo, para desbloquear rotas, vantagens e armamento melhorados.
Esse grande mapa, chamado Terminus, oferece informações de história para descobrir e muitas rotas diferentes para explorar. Isso garante um replay imenso, já que é fácil morrer se sua equipe bobear. Mesmo que você faça parte de um quarteto experiente, o desafio seguirá bem alto. Inclusive para levantar amigos caídos quando há criaturas maiores para te impedir. Por conta disso, o modo Zumbis de Call of Duty: Black Ops 6 oferece mais tensão do que nas partidas tradicionais do multiplayer. Especialmente quando a curiosidade for maior do que correr pro ponto de extração.
Infelizmente, enfrentei muitos bugs em minha experiência na versão de PC. Teve instabilidade de servidores (causando muitas quedas), erro em update que já foi feito (mas o jogo não identificava), e o skill-based matchmaking (SBMM) segue falhando miseravelmente. Como exemplo, quando estava por volta do level 30, joguei contra jogadores de Prestige elevado. Ou seja, eles tinham armas com setup completo e os melhores perks enquanto eu tinha meio pingado de opções pra escolher. Fora a disparidade nas habilidades envolvidas, claro. Embora eu jogue com teclado e mouse, quem está jogando nos consoles via crossplay sempre contará com a ajudinha da assistência de mira no controle. Eu acho injusto, mas também não vejo outra forma de equilibrar as coisas.
É preciso aguardar mais patches pra ver o quanto Call of Duty: Black Ops 6 irá melhorar daqui pra frente. Tem muitos cheaters povoando os servidores neste momento, frustrando principalmente os jogadores casuais. A progressão de level também parece bem mais lenta, mesmo quando rola o dobro de XP. Na campanha, se não fossem as doideras surreais rolando na trama, eu teria me divertido bem mais. A sensação que fica é de que não alcançaram o mesmo nível de Cold War. Mas no multiplayer, pelo menos, a evolução é mais do que clara.
Prós:
🔺 A primeira metade da campanha é muito boa
🔺 Visual caprichado e bem otimizado no PC
🔺 Gameplay mais ágil com o onimovimento
🔺 Modo Zumbis tá divertidíssimo
Contras:
🔻 A segunda metade da campanha não presta
🔻 SBMM com problemas, custando a equilibrar as partidas
🔻 Progressão muito lenta no multiplayer, mesmo com o dobro de XP
🔻 Muitos bugs e cheaters fazendo a festa
Ficha Técnica:
Lançamento: 25/10/2024
Desenvolvedora: Treyarch, Infinity Ward, Raven Software e mais
Distribuidora: Activision Blizzard
Plataformas: PC, PS5, PS4, Xbox Series, Xbox One
Testado no: PC